quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Número 17 - Capa

Editorial


O egoísmo
Angélica Santos


Originário do orgulho, o egoísmo, no nosso entendimento, é o amor demasiado que temos a nós mesmos, desejando tudo para nosso bem estar sem ter a devida compreensão de nosso convívio com os outros.
Originário de nossas mazelas e interesses pessoais, fruto talvez do antagonismo social que ainda norteia nosso presente. São problemas talvez advindos de nosso passado enquanto espíritos e que precisamos combater no presente.
Esse sentimento nos impede de conviver bem em nosso ambiente ou onde quer que estejamos, provindo daí o conviver mal em qualquer relacionamento que façamos e que nasce natural e instintivamente em nós, chegando às raias do absurdo.
Nossa sociedade é hoje como foi sempre, extremamente orgulhosa e, por que não dizer?, insensata, fazendo com que nossa ignorância nos leve a toda sorte de práticas abusivas.
Para que possamos destruir, aniquilar em nós tal sentimento (o egoísmo) é necessário que busquemos outros sentimentos puros, como a fraternidade, a solidariedade, o senso de igualdade e caridade, opções contidas no Evangelho de Jesus, seguindo a orientação da Doutrina Espírita, que com certeza nos levará a transformar nossos atos em outros bem mais solidários, preconizados pelo Espiritismo.
Não esqueçamos, pois, queridos leitores, que os ensinos de Kardec servem de base para o conhecimento filosófico e científico que nos leva às mudanças de que necessitamos para melhor convivência com todos.

Número 17 - Página 2

Movimento


Curso da AME-Bahia na FEEB ensina a envelhecer



A sede da Federação Espírita do Estado da Bahia (FEEB) no Iguatemi abrida de maio a novembro deste ano as aulas do curso A Arte de Envelhecer, ministrado pela médica Eleonora Peixinho Guimarães e colaboradores.
O curso, promovido pela Associação de Medicina e Espiritismo da Bahia (AME-Bahia) tem caráter espiritualista e é aberto ao público em geral, especialmente às pessoas com idade superior a 50 anos interessadas no tema.
As aula acontecem sempre no segundo sábado de cada mês, das 14h30 às 17h.
As inscrições são feitas na secretaria da AME-Bahia com Alexandre (3451-4386) ou Regina (8797-0891), às segundas, quartas e quintas-feiras à tarde.
Informações poder ser solicitadas a um dos dois funcionários e também pelos e-mails amebahia@yahoo.com.br e sociedadeholon@gmail.com.
A FEEB e a Sociedade Holon são parceiras da AME-Bahia nessa realização.  

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ULE promove aula inaugural do segundo semestre

No dia 16 de julho, às 10h, acontece a aula inaugural do segundo semestre letivo da Universidade Livre do Espírito (ULE), no Auditório Francisco Cândido Xavier. A ULE, idealizada por Adenáuer Novaes, é mantida pelo Centro Espírita Harmonia e pela Fundação Lar Harmonia. A instituição, que lançou recentemente seu veículo informativo - o Informa ULE -, vai aos poucos definindo sua nova formatação, investindo cada vez mais em qualidade. “A regra de ouro é promover a autoconsciência de que somos Espíritos”, informam os coordenadores.

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Curtas


A pedagoga paulista Dora Incontri conduz no dia 10 de julho, um domingo, o seminário “A Pedagogia Espírita e a autonomia do educando”. As atividades serão ministradas das 14 às 18h30, na sede da FEEB. A compra de um livro promocional na livraria da FEEB dá direito a um ingresso ao seminário, cujas vagas são limitadas. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 3359-3323.

A FEEB começa a inscrever a partir do dia 1 de julho para o XIV Congresso Espírita do Estado da Bahia, que nesta edição se realizará durante os dias 3 a 6 de novembro, no Centro de Convenções, com o tema “O primado do espírito”. Por falar na FEEB, ela está com novo site e em novo endereço, agora em www.feeeb.org.br.

O Centro Espírita Deus, Luz e Verdade promove, no período de 22 a 24 de julho, o VI Seminário de Estudos Espíritas (VI SEMESP), com o tema “Espiritismo e Ciência”. Está confirmada a participação de expositores como André Luiz Peixinho, que fará a conferência de abertura, Eleonora Peixinho Guimarães, Marcos Queiroz, Celeste Carneiro, Adilton Pugliese, Ricardo Carvalho e Cláudio Emanuel Abdala.

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Expediente


Centro Espírita Lar João Batista
Rua Prediliano Pita, 58 - Fazenda Garcia - Salvador (BA) - Tel.: 3332-3733

Diretoria
Presidente – Angélica Souza Santos; Vice-Presidente – Erotildes de Jesus Silva; 1º. Secretário – Vera Myrtes de Oliveira Vargas; 2º. Secretário – Carolina Edith Santos Monteiro Lopes; 1ª. Tesoureira – Lindinalva Socorro de Souza; 2ª. Tesoureira – Jorsé Hermínio Araújo Pereira; Conselho Fiscal – Celina Pires Gomes, Auri Magalhães do Nascimento e Izabel Maria Teles Tavares; Departamento Assistencial e Promoção Social – Jane Selma Néri dos Reis; Departamento Comunicação Social – Jéssica Néri dos Reis Neves; Departamento Doutrinário – Ivan Cezar Pimentel do Nascimento; Departamento Infanto-Juvenil – Nadja Apóstolo; Departamento Mediúnico – Clélia Catay Medrado;
Departamento Patrimonial – Jurandir Sena.

Tribuna Espírita de Salvador
Jornalista responsável - Angélica S. Santos - MTb 1013; Editores - Angélica Santos e Francisco Muniz;
Revisão - Euclésia Costa e Lindinalva Souza; Tiragem - 1.000 exemplares; Periodicidade - trimestral;
Contatos - tesalvador@gmail.com ou angel.santos29@yahoo.com.br / telefax: 3332-3733.


Número 17 - Página 3

Memória


Batuíra, o divulgador incansável do Espiritismo

Nascido a 19 de março de 1839, em Portugal, na Freguesia de Águas Santas, hoje integrada no Conselho da Maia, e desencarnado em São Paulo, no dia 22 de janeiro de 1909.

Completada sua instrução primária, veio para o Brasil, com apenas 11 anos de idade, aportando no Rio de Janeiro a 3 de janeiro de 1850. Seu nome de origem era Antônio Gonçalves da Silva, entretanto, devido a ser um moço muito ativo, correndo daqui para acolá, a gente da rua o apelidara “o batuíra”, nome que se dava à narceja, ave pernalta, muito ligeira, de voo rápido, que frequentava os charcos na várzea formada no atual Parque D. Pedro II, em S. Paulo, pelos transbordamentos do rio Tamanduateí. Desde então o cognome “Batuíra” foi incorporado ao seu nome.
Batuíra desempenhou uma série de atividades que não cabe registrar nesta concisa biografia, entretanto, podemos afirmar que defendeu calorosamente a ideia da abolição da escravatura no Brasil, quer seja abrigando escravos em sua casa e conseguindo-lhes a carta de alforria, ou fundando um jornalzinho a fim de colaborar na campanha encetada pelos grandes abolicionistas Luiz Gama, José do Patrocínio, Raul Pompéia, Paulo Ney, Antônio Bento, Rui Barbosa e tantos outros grandes paladinos das ideias liberais.
Homem de costumes simples, alimentando-se apenas de hortaliças, legumes e frutas, plantava no quintal de sua casa tudo aquilo de que necessitava para o seu sustento. Com as economias, adquiriu os então desvalorizados terrenos do Lavapés, em S. Paulo, edificando ali boa casa de residência e, ao lado dela, uma rua particular com pequenas casas que alugava a pessoas necessitadas. O tempo contribuiu para que tudo ali se valorizasse, propiciando a Batuíra apreciáveis recursos financeiros. A rua particular deveria ser mais tarde a Rua Espírita, que ainda lá está.
Tomando conhecimento das altamente consoladoras verdades do Espiritismo, integrou-se resolutamente nessa causa, procurando pautar seus atos nos moldes dos preceitos evangélicos. Identificou-se de tal maneira com os postulados espíritas e evangélicos que, ao contrário do “moço rico” da narrativa evangélica, como que procurando dar uma demonstração eloquente da sua comunhão com os preceitos legados por Jesus Cristo, desprendeu- se de tudo quanto tinha e pôs-se a seguir as suas pegadas. Distribuiu o seu tesouro na Terra, para entrar de posse daquele outro tesouro do Céu. Tornou-se um dos pioneiros do Espiritismo no Brasil. Fundou o “Grupo Espírita Verdade e Luz”, onde, no dia 6 de abril de 1890, diante de enorme assembleia, dava início a uma série de explanações sobre “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.
Nessa oportunidade deixara de circular a única publicação espírita da época, intitulada “Espiritualismo Experimental” redigida desde setembro de 1886, por Santos Cruz Junior. Sentindo a lacuna deixada por essa interrupção, Batuíra adquiriu uma pequena tipografia, a que denominou “Tipografia Espírita”, iniciando a 20 de maio de 1890 a publicação de um quinzenário de quatro páginas com o nome “Verdade e Luz”, posteriormente transformado em revista e do qual foi o diretor- responsável até a data de sua desencarnação. A tiragem desse periódico era das mais elevadas, pois de dois ou três mil exemplares, conseguiu chegar até 15 mil, cifra fabulosa naquela época, quando nem os jornais diários ultrapassavam a casa dos três mil exemplares. Nessa tarefa gloriosa e ingente Batuíra despendeu sua velhice. Era de vê-lo, trôpego, de grandes óculos, debruçado nos cavaletes da pequena tipografia, catando, com os dedos trêmulos, letras no fundo dos caixotins.
Para a manutenção dessa publicação, Batuíra despendeu somas respeitáveis, já que as assinaturas somavam quantia irrisória. Por volta de 1902 foi levado a vender uma série de casas situadas na Rua Espírita e na Rua dos Lavapés, a fim de equilibrar suas finanças.
Não era apenas esse periódico que pesava nas finanças de Batuíra. Espírito animado de grande bondade, coração aberto a todas as desventuras, dividia também com os necessitados o fruto de suas economias. Na sua casa a caridade se manifestava em tudo: jamais o socorro foi negado a alguém, jamais uma pessoa saiu dali sem ser devidamente amparada, havendo mesmo muitas afirmativas de que “um bando de aleijados vivia com ele”. Quem ali chegasse, tinha cama, mesa e um cobertor.
Certa vez, um desses homens que viviam sob seu amparo furtou- lhe um relógio de ouro e corrente do mesmo metal. Houve uma denúncia e ameaças de prisão. A esposa de Batuíra lamentou-se, dizendo: “É o único objeto bom que lhe resta”. Batuíra, porém, impediu que se tomasse qualquer medida, afirmando: “Deixai-o, quem sabe, precisa mais do que eu”.




Número 17 - Página 4

Entrevista

Ildefonso do Espírito Santo:
“Falta entusiasmo ao movimento espírita”
Médico sanitarista, Ildefonso é fundador da Associação de Medicina e Espiritismo da Bahia e já ocupou a presidência da Federação Espírita do Estado da Bahia, num processo natural, como disse, em consequência de sua atuação. Em sua casa, no bairro da Lapinha, possui um rico acervo bibliográfico e documental a que pretende dar uma finalidade útil, para preservar boa parte da memória do movimento espírita da Bahia.



Como se deu sua participação no movimento espírita da Bahia?
Eu vivi um movimento espírita que não existe mais. O tempo da USEB, para mim, foi a melhor época do movimento espírita na Bahia.

Qual a diferença em relação a hoje?
Hoje tem uma rotina, mas naquele tempo era um grupo de jovens interessados, que viajavam daqui para ali, para acolá, então, na minha visão, tinha muito mais entusiasmo pra todo mundo: para quem estava dentro e quem estava fora.

O movimento era mais vigoroso.
Mais vigoroso! Tinha um grupo de jovens... Eu me apaixonei pelo Espiritismo na União Espírita Baiana. Quando fui fazer vestibular, eu já conhecia o Espiritismo, meus pais eram espíritas, não de carteirinha, mas eram. E eu encontrei na União aquele ambiente com uma porção de jovens entrando – Francisco Bispo, Jayme Batista, que veio depois, Virgílio Sobrinho... Naquela época fizemos um curso de jornalismo espírita. Então, foi aquele movimento, de viajar e tal, por isso me entusiasmei muito pelo Espiritismo.

E quando é que surge a USEB?
A União Social Espírita da Bahia foi um órgão criado em consequência do Pacto Áureo, que prescrevia uma porção de coisas e os jovens se entusiasmaram com aquilo e começamos a trabalhar muito a partir daí. Hoje é que o movimento está devagar, enquanto o mundo está fervendo. Mas tudo tem sua razão de ser.

O que representou o Pacto Áureo para a vivência do Espiritismo?
O Pacto Áureo foi um momento de grande importância para o movimento espírita no Brasil, mas logo depois as pessoas foram se inspirando cada vez mais no Catolicismo e nas outras religiões. E o próprio Kardec disse que o Espiritismo não era religião – é uma ciência filosófica de consequências morais, mas que iria a qualquer lugar onde qualquer religião fosse. Então, eu vejo no Espiritismo um processo educativo de primeira grandeza, em que você começa a conhecer cada vez mais a Natureza e entender a administração de Deus e a delegação que Ele deu a Jesus, para poder fazer como se fosse Ele. E como toda terça-feira, em meu lar, eu faço o culto do Evangelho segundo o Espiritismo, eu fico encantado em ver como as coisas se explicam, porque se tudo isso for mentira, vale a pena você seguir, até que apareça coisa melhor.

O espírito científico da Doutrina se perdeu, nos dias atuais?
Não, eu acho que não se perdeu, mas não está sendo utilizado como eu acho que precisaria. O mundo ferve... o Brasil, hoje, é uma das economias mais esperançosas do globo – tudo isso faz com que o movimento espírita desponte como um movimento másculo, que estivesse aí mostrando sua face construtiva. Mas eu fico satisfeito em ver que ele não está parado, não é?

O que fará com que o movimento recobre a pujança de antes?
- Eu não sei, mas é preciso que isso seja discutido entre as lideranças.

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Notícias



Seminário sobre mediunidade comemora aniversário da AME-Bahia
André Luiz Peixinho, presidente da FEEB e membro da AME-Bahia, é um dos palestrantes. 


A Associação de Medicina e Espiritismo da Bahia (AME-Bahia) realiza no dia 6 de agosto deste ano o Seminário Medicina e Saúde, em comemoração pelos 17 anos de sua fundação. O evento, que tem apoio da Federação Espírita do Estado da Bahia (FEEB), da Associação Bahiana de Medicina (ABM) e do Sindicato dos Médicos do Estado da Bahia (Sindimed), está previsto para acontecer na sede da ABM (Rua Baependi, 162 – Ondina), onde a AME-Bahia promove suas reuniões.
O seminário vai discutir principalmente “a contribuição da mediunidade no processo evolutivo da Humanidade”, tema central da mesa-redonda que terá a participação do psiquiatra Fábio Pires, da psicóloga Nádia Matos e do médico Fernando Santos. Eles vão enfocar, respectivamente, estes assuntos: “A mediunidade e a importância dos tratamentos espirituais na abordagem das doenças psiquiátricas”; “A mediunidade como elemento do perceber-se espírito, repercutindo nas questões psicológicas do ser”; e “A mediunidade como elemento de estruturação do construto religioso humano”.
Além deles, também o médico e psicólogo André Luiz Peixinho (“Mediunidade e saúde”), a psicóloga Ruth Brasil Mesquita (“Psicologia e mediunidade”) fazem palestras no encontro, que terá ainda um “relato de experiências diferenciando o fenômeno mediúnico dos processos místicos ou patológicos”, conduzido por Fábio Pires e pela psicóloga Carolina Azevedo. Antes do encerramento, a também médica Eleonora Peixinho, presidente da AME-Bahia, conduzirá uma “vivência”.
A realização da AME-Bahia também ressalta as comemorações pelos 150 anos de lançamento, em 1861, de O Livro dos Médiuns, obra na qual Allan Kardec insere uma descrição sistematizada sobre a mediunidade, dentro de um olhar científico, descrevendo múltiplos tipo de manifestações mediúnicas, suas nuances, riscos e os cuidados necessários para exercê-la em prol do crescimento da humanidade.
Informações sobre inscrição no evento são prestadas pela secretaria do Seminário instalada na sala 10 da sede da FEEB - Rua General Jayme Rolemberg, 110, Brotas. Os contatos devem ser feitos com Regina, pelo telefone 8797-0891 ou através do e-mail amebahiamed@yahoo.com.br.

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Poesia


Alma das andorinhas
João Cabete


Eu não sei dizer para onde vão
as almas das andorinhas
eu não sei, eu não sei...

Eu não sei dizer para onde vão
saudades e desencontros
eu não sei, eu não sei...

Eu só sei dizer que dentro da minh’alma
sinto a Natureza cantando e chorando
eu só sei dizer que sinto Deus sorrindo para mim.

Eu não sei dizer para onde vão
perfume de tantas flores
eu não sei, eu não sei...

Eu não sei dizer para onde vão
tristezas e desencantos
eu não sei, eu não sei...

Eu só sei dizer que dentro da minh’alma
sinto a Natureza cantando e chorando
eu só sei dizer que sinto Deus sorrindo para mim.

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Aniversariantes do trimestre


Abril
11 – Carol;
19 – Euclésia;
23 – Norma e Jorge Luiz;
25 – José Hermínio;
27 – Vera Mirtes;

Maio 
14 – Maria das Graças Castro;
25 – Maria da Glória;

Junho
1 – Marco Antônio;
3 – Izabel Tavares;
8 – Jane Selma;
9 – Lindinalva;
19 – Ana Cláudia;
29 – Angélica Santos.




Número 17 - Página 6

Doutrina



Chico Xavier e a educação de crianças birrentas


A psicologia aplicada à educação tem exercido grande influência, nas últimas décadas, nos métodos de orientação e educação da infância, algumas das escolas chegando ao ponto de recomendarem a total eliminação dos castigos às crianças, por mais moderados que sejam, sob o argumento de que inibem o completo desenvolvimento físico e mental delas.
Marlene Rossi Severino Nobre, em seu livro Lições de Sabedoria, retransmite-nos fato muito interessante que lera ou ouvira de Fernando Worm:

“Ao final da sessão em que o médium Luiz Antonio Gasparetto, em transe, pintou telas com assinaturas de Picasso, Manet, Modigliani, Tissot, Delacroix, Van Gogh e vários outros, Chico Xavier submeteu-se a uma espécie de sabatina acessível às centenas de pessoas presentes à reunião do Grupo Espírita da Prece.
“Por exemplo, discutia-se o problema de meninos integrantes de lares bem postos que cedo se mostram ineducáveis, seduzidos por viciações e estilos de vida que por vezes os levam ao suicídio entre a idade de 12 a 14 anos. Uma educadora participante fazia colocações do problema, abrangendo desde Freud até as modernas conquistas pedagógicas nesse campo. Depois de ouvi-la, Chico Xavier fez o seguinte comentário:
“Vocês, de certo, conhecem a lenda indu do marajá que não permitia fossem contrariados os desejos de seu filho de seis anos? Não conhecem? Então vamos lá! Certo dia, esse menino manifestou desejo de montar num elefante, no que foi prontamente atendido pelos servos do poderoso marajá. Sucedeu que uma vez montado, não quis descer do lombo do animal. Os servos lhe serviram ali mesmo o café e as demais refeições e, à noite, como se negasse a descer da montaria, arranjaram uma cama para que dormisse como melhor lhe apetecesse. No dia seguinte, preocupado com a permanência do filho naquela situação, mandou chamar um médico, um psicólogo e um professor, mas estes não conseguiram que a criança arredasse pé dali. Finalmente, já aflito, o marajá mandou buscar às pressas um velho tibetano que vivia na montanha e tinha fama de muito sábio. Ali chegando, o ancião, inicialmente, pediu uma escada, no que foi atendido. Tendo subido, cochichou meia dúzia de palavras ao ouvido da criança. Foi o bastante para que esta de pronto descesse do animal. Encantado com o notável feito, perguntou o marajá: ‘Mas, afinal, o que é que o senhor disse ao meu filho que fez com que ele descesse tão depressa?’
“’Disse-lhe’ – retrucou o sábio montanhês – ‘que se não descesse dali imediatamente, iria lhe aplicar uma boa surra de vara’.”

Livro:  O Apóstolo do Século XX – Chico Xavier. Weimar Muniz de Oliveira. FEEGO - Federação Espírita do Estado de Goiás.

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Programação de Atividades do C. E. Lar João Batista


Doutrinárias – Domingo, 10 horas; segunda-feira, 20 horas; quinta-feira, 16 horas.

Passes - Segunda-feira, 16 às 18 horas; terça, 16h30 às 18h; quarta, 10 às 11 e 16 às 18h; quinta, 17 às 18 e 19 às 20h; sexta, 16 às 18h; sábado, 15h30 às 16h30.

Entrevistas - Quarta-feira, 10 às 11 horas; sexta-feira, 15h30 às 17h30.

Escola mediúnica - Quinta-feira, 20 às 21 horas; sábado, 15 às 16h30.

Curso básico - Quinta-feira, 20 às 21h30; sábado, 15 às 16h30; domingo, 9h30 às 11 horas.

Grupos de estudo - Terça-feira, 20 às 21h30; quarta-feira, 9 às 10h; quinta-feira, 20 às 21h30; sexta-feira, 15 às 16h.

Evangelização – sábado, 8h30 às 10 horas.

Pré-requisito para acesso a grupos de estudo: ter o curso básico.

“O amor que compreende o erro é êmulo do amor que educa, da mesma forma que o amor que perdoa promove o amor que salva.” 
(Joanna de Angelis)




Número 17 - Página 7

Humor


Importância do sorriso na casa espírita


Outro dia um amigo me confidenciou que estava muito preocupado com a ausência de sorrisos e calor humano no interior das instituições espíritas. E que se nossa Doutrina é otimista, trazendo nova luz para a vida, por que é que há tanta gente carrancuda dentro das instituições?
Não pude deixar de concordar com ele.
De fato, tenho percebido que muitas instituições, através de seus dirigentes e trabalhadores, à guisa de manter a seriedade doutrinária comprometem o seu bom humor, a simpatia, o calor humano, como se o mundo se resumisse às suas carrancas, ao sofrimento e ao pessimismo.
Não podemos esquecer que normalmente quem procura o centro espírita está com dificuldades, está desanimado, está sofrendo. Se mantemos uma postura sisuda, com humor fechado, e sem a luz de um sorriso, devemos saber que temos a chance de estarmos contribuindo para influenciar negativamente aqueles que nos procuram, piorando a sua situação.
Talvez por um atavismo judaico-cristão associado com a idéia equivocada de que o sofrimento é enobrecedor e é sinal de evolução (o que está errado, evidentemente) é que esses irmãos e irmãs que preferem a carranca ao sorriso estejam agindo assim.
Que jamais faltem sorrisos nos centros espíritas, pois nada mais animador do que ser recebido com um sorriso e com calor humano. Pois nós não somos máquinas. Somos seres humanos, seres espirituais, tendo o compromisso de transformar o mundo para melhor. Para que sombras em nosso rosto?
Não podemos esquecer que o abismo atrai o abismo e que sorrir sempre é a garantia de espalhar a paz e a alegria a contagiar aqueles que estão ao nosso redor, onde quer que seja.
E a casa espírita detém um papel de fundamental importância como irradiadora da luz, sendo nossa postura a lâmpada a propagar essa boa energia. Se fechamos o nosso rosto, estaremos impedindo o fluxo dessa luz. Pois “cara” fechada não é sinal de evolução.

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Charge




Curiosidades


O túmulo de Allan Kardec é um dos mais visitados do cemitério Père Lachaise, em Paris. O Père Lachaise é famoso pela quantidade de celebridades ali sepultadas: Fredéric Chopin, Maria Callas, Edith Piaf, Marcel Proust, Amedeo Modigliani, Sarah Bernhardt, Oscar Wilde, Honoré de Balzac, Jim Morrison… A maior parte dos turistas que visita o túmulo de Kardec é brasileira.

O Espiritismo nega o dogma da divindade de Jesus e aceita o seu caráter humano, o que tem provocado uma longa rejeição da parte de muitos cristãos e um severo atrito com a igreja católica. Livros espíritas chegaram a ser queimados em praça pública.

O Espiritismo chegou no Brasil em 1860 sofrendo, desde já, grande preconceito. Só para se ter uma ideia, o Código Penal de 1890 classificava-o como crime. Os primeiros centros espíritas surgiram apenas em 1865.

Existe no Brasil uma cidade fundada exclusivamente por espíritas (ela cresceu a partir de um centro espírita). É a cidade de Palmelo, no estado de Goiás, a 58 Km de Goiânia e com população atual de 2.500 habitantes.

Apesar da pátria-mãe do Espiritismo ser a França, é no Brasil que a doutrina tem o maior número de adeptos. São 2,5 milhões de seguidores e outros milhões de simpatizantes.


Número 17 - Página 8

Opinião


Atualizar para progredir!

Ivan Cezar - Expositor e administrador de empresas, diretor doutrinário do C. E. Lar João Batista



Apesar de parecer existir uma espécie de movimentação onde alguns de nós - poucos, é verdade - que nos autodenominamos “estudiosos”, clamam por uma atualização literária das obras básicas do Espiritismo, coisa que acreditamos ser desnecessária pelo fato de a maior parte dos espíritas ainda não ter conseguido esgotar os estudos dessas obras, e ainda que o título do artigo possa induzir o leitor mais apressado a uma interpretação errônea, não trataremos aqui desse assunto polêmico. A intenção é discutir uma necessária atualização na comunicação, na forma de transmitir os ensinamentos da Doutrina.
Através de uma verificação mais apurada ou mesmo numa lembrança um pouco mais aguçada das obras da codificação kardequiana, teremos a oportunidade de relembrar uma questão importante trazida pelo professor Rivail quando nos orienta sobre o caráter progressista da Doutrina Espírita afirmando, inclusive, em “A Gênese”(1), que “Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto”. Razão mais do que suficiente para que possamos, de tempos em tempos revisar, cuidadosamente, o que estamos falando, escrevendo ou divulgando, em nome da Doutrina, nas nossas atividades diárias, seja na casa espírita ou na sociedade de modo geral.
Alguns de nós, dirigentes, palestrantes, oradores, doutrinadores parecemos estar aprisionados num passado que já não é mais condizente com os dias atuais, fazendo com que sejam repetidos, de forma sistemática, quase antiquada, os conteúdos que aprendemos nas obras basilares, mas que devem passar por uma releitura do conteúdo e principalmente, para os que têm a responsabilidade de divulgação do Espiritismo através da apresentação de trabalhos orais ou escritos, da linguagem.
A administração moderna, através da gestão de pessoas, vem estudando o conflito de gerações que caracteriza os ambientes profissionais de hoje, demonstrando como essas diferenças podem trazer entraves à compreensão das mensagens e das atitudes que precisam ser tomadas em cada situação. Parece que essa “epidemia” vem tomando conta dos discursos espíritas.
Verificamos trabalhos com uma linguagem predominantemente voltada aos tempos passados, ao século XIX, quando foram lançadas as obras do Pentateuco espírita. Vocabulário pouco atraente e com uma rigidez flagrante da linguagem oral, deixando patente uma maior preocupação com a forma. A questão principal não é o conteúdo, mas a maneira de apresentação deste.
Já nos perguntamos os motivos que levam as casas espíritas a ter dificuldades com a formação e a manutenção dos grupos de jovens? Aquelas que conseguem, por que conseguem? Será que isso não passa pela maneira de dirigir o discurso ao jovem? Será que não estamos tentando disfarçar o nosso egoísmo em não aceitar as atualizações que se fazem necessárias na caminhada rumo ao progresso? “Eu sou ótimo no que faço e não preciso de atualização.” Será que não estamos pensando dessa forma por pura vaidade, criando gargalos na progressão do pensamento espírita?
Utilizamos o “Vossa Mercê” ou o “você”? Não seria isso uma atualização? Como podemos reter a atenção das pessoas se continuamos com aquela velha forma de discurso onde o “eu falo, você escuta” é predominante? Como podemos permitir que uma pessoa que trabalha o dia inteiro e vai ao Centro assistir uma doutrinária noturna caia, literalmente, no sono durante uma apresentação e dizer que o “obsessor” não quer que ela escute? Será que não está na hora de encontrarmos uma didática diferente daquela que temos utilizado?
Povo de Deus, por favor, vamos adentrar de uma vez por todas o século XXI! Já viram os trabalhos de Divaldo Franco? Mantendo as suas convicções, fruto de um período grande de estudos e aprendizado através das suas vivências, tem trazido o lúdico às suas palestras, interagindo com as pessoas através dos seus “causos” e fazendo com que estejamos atentos o tempo todo ao que se fala. E olhe que Divaldo já passou dos 30 há algum tempo! É somente um exemplo de vários outros que poderíamos citar para embasar o título deste artigo.
Parece que, com o passar do tempo, há uma tendência a nos fecharmos no nosso mundo, restrito ao nosso pequeno aprendizado, deixando de vivenciar as novidades que surgem bem debaixo do nosso nariz.
Em “O Livro dos Médiuns” não nos recordamos de citação alguma aos fenômenos de Transcomunicação Instrumental (TCI), apesar de constar em “O Livro dos Espíritos” que “no futuro teríamos acesso a meios mais diretos e mais acessíveis à comunicação com os Espíritos”(2). Sabemos disso. Não poderia ser diferente, já que tal fenomenologia só surgiu no meado do século seguinte. Nem por isso deixamos de estudar o fato nos dias de hoje. Quem tem olhos que enxergue!
Acreditem ou não, nenhum de nós ficará para semente. Se tivermos a intenção de fazer com que as ideias espíritas sigam através dos tempos, vamos auxiliar a Espiritualidade nesse sentido. Buscar uma comunicação de forma mais clara, objetiva, interativa, didática, lúdica. Esta parece ser uma estratégia bastante interessante e condizente com o caráter de progresso e evolução citado pelo ilustre Allan Kardec.
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(1) Capítulo “Caráter da Revelação Espírita”. Item 55
(2) Resposta dada a Kardec na questão 934 de “O Livro dos Espíritos”