quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Número 21 - página 6

DOUTRINA

No banquete espiritual
Francisco Muniz

Ainda nos dias de hoje é possível ver muitas pessoas preferindo cuidar de seus interesses pessoais – ganhar dinheiro, alcançar posições de relevo social, conquistar o poder, “curtir” a vida... – em vez de zelarem pelo bem mais precioso, a própria alma, entregando-se de bom grado à participação no banquete espiritual a que o Cristo se reporta ao tratar da parábola do festim das bodas. Essa necessidade diz respeito à transitoriedade da vida física, que todo mundo observa mas bem poucos levam em consideração, por não se lembrarem de que a vida é contínua e, portanto, haverá um depois. Reparamos, portanto que, a exemplo do Espírito André Luiz, conforme seu relato no livro “Nosso Lar”, pela psicografia do médium Francisco (Chico) Cândido Xavier, a experiência religiosa aparece como atitude de fachada, como mera formalidade social...
É nesse ponto que a mediunidade, trazendo-nos com intensidade, pela riqueza de detalhes informativos, a notícia dos que partiram para o “outro lado”, ganha importância, fazendo-nos refletir quanto à necessidade de vivermos a vida atual com a responsabilidade que ela exige de cada um, compreendendo-se a condição de espírito imortal. Se, como canta Gilberto Gil, “viver é simplesmente um grande balão”, quer dizer que estamos em processo de elevação, mas desde que saibamos ajudar o vento, através da criação e aproveitamento das circunstâncias favoráveis, a começar da aceitação do convite à renovação interior.
A mediunidade é uma das muitas ferramentas para esse processo, verdadeiro instrumento para a conquista da paz interior que simboliza o domínio sobre si mesmo, condicionando o ser a posições bem mais relevantes na hierarquia espiritual, graças ao intercâmbio com os orientadores invisíveis. Os exemplos são muitos a esse respeito, mas basta que citemos três dos mais conhecidos, os médiuns Francisco Cândido Xavier, lembrado anteriormente, Yvonne do Amaral Pereira e Divaldo Franco – este último ainda encarnado entre nós.
Todos eles tiveram desde cedo que aprender a lidar com a faculdade mediúnica, chamados que foram, na condição de missionários do bem, ao testemunho da Verdade acerca da imortalidade, razão mesma da vinda do Cristo à Terra: “Eu vim para que todos tenham vida, e vida em abundância”, disse Jesus, chamando-nos ao banquete que propicia a construção do Reino dos Céus, primeiro no ambiente de nossa intimidade e depois espraiando-se por todo o planeta. Essa mesa ainda está posta e só espera que os convidados tomem seus lugares.
No entanto, para essa participação no banquete, o Cristo observa-nos alguns requisitos, quais os de renunciarmos a nós mesmos, abraçarmos nossa cruz e fazermos toda caridade possível aos “pequeninos de meu Pai”. Sobretudo, importa aprendermos a amar a Deus sobre todas as coisas, para termos a capacidade de amar ao próximo como a nós mesmos. Tudo isto quer dizer, em suma, que é imprescindível viver as lições do Evangelho, para que, impregnados pelas suaves vibrações da proximidade dos amigos espirituais, sintamo-nos realmente trajando a túnica nupcial, experimentando na alma as alegrias advindas da certeza do dever retamente cumprido...
Ser médium, assim, é ser remédio para si mesmo, enquanto se trabalha junto ao próximo para que este encontre, por parte do auxílio da Espiritualidade, o lenitivo para as próprias dores. A satisfação íntima que nasce da abnegação é o prêmio da dedicação a atividade tão nobre, pela observância da recomendação evangélica: “Quando derdes um banquete não convideis aqueles que vos podem retribuir, mas convideis os pobres e os estropiados”.
Eis, então, a essência da mensagem evangélica, ela mesma o banquete para o qual somos convidados desde há muito e de há muito desprezado pelo orgulho humano. No entanto, seguidamente os emissários do Cristo, quais os servos do Senhor da parábola, vêm chamar os que se encontram nos caminhos, porquanto “são muitos os chamados e poucos os escolhidos”, embora devamos estar atentos para a importância de trajarmos a “veste nupcial”, na forma da pureza das intenções no trato com as coisas da alma, a fim de concretizarmos em nós mesmos e em torno de nós a excelsitude do Reino dos Céus...

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