domingo, 25 de dezembro de 2011

Número 7 - Capa

Ano II - Outubro - Novembro - Dezembro.2008

EDITORIAL

Opção pela fraternidade
Angélica Santos

Aos poucos, mais um ano deste século vai-se esvaindo, sem que no Planeta, nossa morada, seja percebida, pela grande maioria, a necessidade de buscar e vivenciar os ensinamentos éticos e morais preconizados por Jesus e de que tanto carece a humanidade no momento caótico em que vivemos.
As calamidades provocadas pelo homem - quer contra a Natureza ou acontecimentos vividos no dia-a-dia da vida social - nos distanciam cada vez mais da convivência fraterna de que tanto necessitamos, para encontrar a paz, da qual tanto falamos e discutimos em encontros e movimentos, sem contudo alcançá-la, por não termos notado que ela se encontra em nós.
O ideal seria que nós, os espíritas, tentássemos, no ano que se aproxima, uma convivência maior entre as nossas Casas, fazendo com que o nosso movimento se tornasse mais fraterno, mais humanizado, levando em consideração o que preceitua o Pacto Áureo, vigorando entre nós desde 1949 se, no entanto, conseguir seu intento.
Por que não buscarmos, em 2009, instaurar uma campanha visando a um novo tempo de vivência amorosa e laboriosa entre nós, de modo que juntos possamos entender melhor a Nova Era que vive nossa Doutrina, seguindo os passos de Jesus através dos ensinamentos salutares de Allan Kardec?
Que tal se instituir nas células menores do movimento - as sociedades e centros espíritas - a educação como meta, junto às demais atividades, levando seus frequentadores a melhor entenderem o verdadeiro significado da Doutrina, provando que ela não é uma seita mirabolante capaz de realizar milagres?
Que possamos, no Ano Novo, confraternizar com nossa comunidade, com outros núcleos religiosos e com a sociedade como um todo, permutando conhecimentos sadios em busca da prática real do Evangelho.
O que acabamos de expor é a visão da equipe que faz a Tribuna Espírita de Salvador, levando nestas linhas o convite para que o próximo ano seja realmente de paz, compreensão e amor, sentimentos que são capazes de unir a todos em um melhor processo de interação social.

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Leia nesta edição:

Um Natal com dois Jesus? Escolha o seu. Saiba como lendo artigo na página 6.

Houve uma vez em que Chico Xavier tomou uma surra de Bíblia. Leia na página 7.

Sabia que o baiano José Petitinga é o "apóstolo da unificação" espírita? Leia na página 3.

Presidente da Casa de Oração Bezerra de Menezes fala dos planos para os próximos 40 anos na página 4.

A Federação Espírita do Estado da Bahia faz aniversário no dia de Natal. Página 2.

Para as crianças, o Papai Noel é o mito que preserva a magia do Natal, ainda hoje. Página 5.

As palavras de vida eterna do Cristo Jesus no comentário de Adilton Pugliese. Página 8.

Número 7 - página 2

MOVIMENTO

FEEB chega aos 93 anos

A Federação Espírita do Estado da Bahia (FEEB) é órgão federativo de âmbito estadual, fundado por José Petitinga em 25 de dezembro de 1915 com o nome de União Espírita Bahiana. Tem por finalidade "congregar as sociedades espíritas do Estado, legalmente constituídas, além de promover e incentivar a difusão e prática do Espiritismo, codificado por Allan Kardec".
A estrutura administrativa da FEEB é composta por um Conselho Deliberativo formado por 20 membros efetivos e 10 suplentes. Entre os efetivos são escolhidos os integrantes da Diretoria Executiva.
A FEEB integra o Conselho Federativo Nacional, do qual fazem parte todas as federações espíritas brasileiras mais as entidades especializadas de âmbito nacional (Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo [Abrade]; Cruzada dos Militares Espíritas [CME]; Instituto de Cultura Espírita do Brasil [ICEB]; e Associação Brasileira dos Magistrados Espíritas [Abrame]).
No Estado da Bahia, a FEEB leva a mensagem da união e da unificação através de 10 Conselhos Distritais, em Salvador, e de Conselhos Regionais, no interior.

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XI Encomluz foi sucesso

O Encontro com os Cavaleiros da Luz (Encomluz) realizado nos dias 28 e 29 de novembro na Cidade da Luz, com o tema "Melhore sua vida", foi coroado de êxito deste sua abertura. Quem presenciou não vai esquecer o show "Celebrando a vida", com Paula Zamp e Allan Vilches, cantor lírico apresentado ao público
por José Medrado. O dirigente da Cidade da Luz, no decorrer de sua exposição, prestou homenagens Às autoridades presentes, incluindo entre os homenageados a companheira Angélica Santos, editora desta Tribuna e presidente do Lar João Batista.
Com apenas cinco expositores, o encontro agradou a quem teve a oportunidade de ouvir os temas discutidos com a plateia, que escutou atentamente as palestras do próprio Medrado, de Adenáuer Novaes, Djalma Argollo, Kau Mascrenhas e Patrícia Bonito. A animação própria da Cidade da Luz veio com a apresentação do "Revelando talentos", nos intervalos dos dois turnos de atividades.

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CURTAS

A Coordenadoria Estadual do ESDE/FEEB convida a todos os estudantes do ESDE da Federação Espírita, parceiros e amigos para participarem da confraternização de fim de ano e encerramento das atividades, no dia 13 de dezembro, na FEEB, a partir das 9 horas. Cada participante deverá levar uma iguaria a gosto (pãezinhos, bolo, quibe, sanduíche, etc.) e refrigerantes.

Com o tema "Há muitas moradas na casa de meu Pai" foi realizada de 24 a 30 de novembro a 36.ª Semana Espírita de Alagoinhas, promoção dos centros espíritas locais.

Uma reunião doutrinária especial realizada no dia 5 de agosto deste ano marcou a comemoração dos 30 anos do Centro Espírita Cavaleiros da Luz. Na ocasião, homenageou-se o Espírito Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, um dos mentores da instituição.

No dia 30 de novembro o Centro Espírita Rosa Maria promoveu seminário com o tema "Valorização da vida", tendo como expositor Valentim Fidalgo. O evento teve lugar nas instalações do Lar João Batista, no Garcia.

Número 7 - página 3

MEMÓRIA

José Petitinga, o apóstolo da unificação espírita

José Florentino de Sena nasceu na Fazenda Sítio da Pedra, margem direita do rio Paraguaçu, termo de Monte Cruzeiro, comarca de Amargosa, no Estado da Bahia, em 2 de dezembro de 1866. Era filho de Manoel Antônio de Sena e de D. Maria Florentina de Sena. Muito moço ainda, aos 11 anos, em 21 de agosto de 1877, mal terminara seus primeiros estudos, abraçava a carreira comercial, em um estabelecimento de drogas e ferragens, onde, pela revelação de seu grande talento e esforço, foi logo escolhido para o serviço de escrita.
Em 29 de novembro de 1895, contraía seu primeiro matrimônio, com D. Francisca Laura de Jesus Petitinga, falecida em 28 de agosto de 1903, tendo deste enlace sete filhos. Em 11 de fevereiro de 1906 contraiu segundas núpcias, com D. Maria Luísa Petitinga, de cujo consórcio não teve filhos. No ano de 1877, quando iniciava sua carreira comercial, deu também expansão á veia poética, escrevendo seus primeiros versos, que pouco a pouco se foram aperfeiçoando na forma e no fundo, até que aos vinte anos de idade dava ao público seu primeiro livro de poesias.
O nome Petitinga foi usado como pseudônimo, nos primeiros artigos que escreveu, para fugir à censura paterna e de seus patrões. Sua estreia na imprensa foi no jornal "7 de Janeiro", que se editava na heroica e legendária cidade de Itaparica. Em face da popularidade do pseudônimo, pelo qual passou a ser conhecido por todo mundo, resolveu adotá-lo como sobrenome, em substituição ao Florentino de Sena, fazendo, para tanto, declaração pública e em cartório.
Em 1887 abraçara as ideias de Allan Kardec, semeando-as e defendendo-as abnegadamente. Mais tarde, fundou a União Espírita Bahiana, da qual foi sempre presidente, por aclamação nos últimos anos de vida, tendo conquistado a simpatia e a admiração de quantos se lhe agregaram na tarefa indefessa da restauração do Cristianismo em Cristo.
José Petitinga, exemplo de verdadeiro espírita, tudo deu se si, material e espiritualmente, para o engrandecimento da referida Sociedade, desempenhando honrosamente sua missão. No dia 25 de março de 1939 desencarnava José Petitinga, jornalista, historiador, humorista e polemista, orador fluente, poeta de estilo, filólogo, matemático, mestre em contabilidade e, sobretudo, um dos principais esteios da Doutrina Espírita no Estado da Bahia.

(Extraído do livro "Grandes espírita do Brasil", de Zêus Wantuil - editora FEB.)


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POESIA

A busca
Angélica Santos

As expectativas da vida
É que nos levam a prosseguir
Buscando a cada momento
Novos caminhos a seguir.

Nem sempre são caminhos suaves,
O que nos faz vacilar.
Olhemos nos céus as aves,
Imitando-as no seu voar.

Mesmo que o voar seja raso,
Nunca do buscar nos furtemos.
O tempo nos dá um prazo
Para que nos ajustemos.

Seguindo as vozes que chamam,
E não nos permitem fugir,
Sigamos com aqueles que sonham
Novos caminhos construir.

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"Há o suficiente no mundo para todas as necessidades humana; não há o suficiente para a cobiça humana."
Mahatma Gandhi, líder espiritual

Número 7 - página 4

ENTREVISTA

Luís Freire, presidente da Casa de Oração Bezerra de Menezes
Mais 40 anos felizes para a Cobem


Em comemoração pelo transcurso de seu 40.° aniversário, a Casa de Oração Bezerra de Menezes narra em livro, na primeira pessoa, a história de sua construção, a partir de uma visão que a médium Noélia Duarte teve na cozinha de sua residência. Localizada na Rua Bezerra de Menezes, em Brotas, a Casa é um dos baluartes da Doutrina Espírita em Salvador e se credencia tanto pelo estudo e difusão do Espiritismo quanto pela formação qualificada de quadros que atuam ativamente no Movimento Espírita da Capital e do Estado da Bahia.

1. O que é administrar uma casa como a Cobem?
É uma responsabilidade enorme, pois é preciso lidar com com questões espirituais trazidas pelos frequentadores, que nos trazem seus problemas específicos para os quais devemos apontar as soluções mais condizentes. E tem também as questão financeira da Casa, que não é fácil. Não mantemos qualquer tipo de convênio com nenhuma entidade governamental - federal, estadual ou municipal - e assim assegurar o pagamento dos salários de 15 funcionários fixos. Contamos unicamente com os companheiros comprometidos com a manutenção das atividade da Casa e garantir seu funcionamento. Mas também é um grande prazer, por outro lado, pela experiência que se adquire e pela possibilidade de efetuar algumas mudanças necessárias à modernização da Cobem, sintonizando nossa instituição com os novos tempos, sem perder de vista o foco doutrinário.

2. Há quanto tempo você milita no Espiritismo?
Estou na Cobem há 17 anos. Minha trajetória no conhecimento e vivência da Doutrina Espírita contempla muitas mudanças internas, outras vêm se fazendo no dia-a-dia, a fim de me fazer, um dia, melhor.

3. A Cobem acaba de completar 40 anos de fundação. Que tipo de avaliação se pode fazer desse tempo?
Nos últimos quatro anos trabalhamos com grande afinco  na produção de um livro que conta essa história. O sonho de Noélia e Heliano Duarte foi construir um pronto-socorro de almas e as pessoas que fazem a Cobem hoje continuam mantendo esse sonho. Atualmente, cuidamos da assistência de 70 idosos, tanto material quanto espiritualmente, além de 40 crianças na Creche André Luiz, conseguindo fazem um bom trabalho. Do ponto de vista doutrinário, a Casa tem atuado de domingo a domingo, encarregando-se de esclarecer as pessoas, além de prestar um bom atendimento, conseguindo mantar as portas abertas a todos os necessitados do corpo e do espírito.

4. Com quantos trabalhadores a Cobem conta para a realização de seus trabalhos?
Na Diretoria contamos com 12 membros, todos os departamentos estão ocupados, exceto o de Eventos, mas ainda assim temos conseguido realizar as atividades programadas nessa área. Os conselheiros são 30, além do presidente e das duas secretárias da Assembleia. Há quatro anos, quando assumimos a direção executiva da Casa, somávamos 650 trabalhadores cadastrados, mas hoje o total deve ser de aproximadamente 800.

5. Quais as propostas da Cobem para os próximos 40 anos?
O principal é trabalharmos a questão humanitária junto àqueles que fazem a Cobem, a despeito dos tempos difíceis observados atualmente. Para isso, nossa Casa, que serve de farol aos náufragos na escuridão, precisa estar bem equipada, com almas felizes e capacitadas, em vista da responsabilidade de oferecer bons serviços a quem a procura. Assim, esperamos ter mais 40 anos bastante felizes.

Número 7 - página 5

NATAL

Reconstruindo a fantasia
Jéssica Néri
Nesta época do ano, muitas pessoas evocam seus princípios e valores para criticar o modo com o uma data tão importante quanto o Natal foi reduzida ao consumismo de publicidades e ofertas em shopping centers. De fato, fala-se muito mais dos famosos presentes de Natal do que em seu aniversariante ilustre, Jesus. Porém, ao invés de criticar, por que não aproveitar os símbolos do capitalismo pra transformar consumo em fantasia? Ou alienação em esperança?
No encerramento das atividades da evangelização infanto-juvenil do Lar João Batista, no dia 6 de dezembro, a figura que se destacou na festa foi exatamente Papai Noel, este ano incorporado com muito amor pelo companheiro Nilton Marinho. Da mais nova (de três anos) à mais velha (de quinze), as crianças estavam em polvorosa: todas vibraram e se encantaram no momento em que o bom velhinho chamou-as para receber seus presentes. Nesse instante, porém, o presente em si era o que menos importava. O que contava era a fantasia, o simbolismo de ser agraciado pelo chamado de um mito que, para o bem ou para o mal, mora no imaginário infantil de todos nós e está sempre pronto para fazer nossos problemas desaparecerem como num passe de mágica.
Muitos podem questionar que, ao invés de reforçarmos a figura consumista do bom velhinho e sua sacola cheia de presentes, deveríamos ajudar exatamente a desmitificá-la. Mas como privar as crianças da alegria de suas fantasias natalinas? A fantasia não está apenas no que Papai Noel irá ou não trazer, mas na esperança renovada ao final de cada ano de que o inusitado e a mágica ainda são possíveis. Sim, vivemos num mundo capitalista, onde o consumo, na grande maioria das vezes, nos consume. Mas ao invés de sairmos por aí bradando aos quatro ventos que habitamos o mais cruel dos mundo, por que não podemos tentar re-significar nossos ídolos duvidosos, transformando-os em símbolos de esperança e alegria renovada?
Esperamos que, neste ano, Papai Noel traga em sua enorme sacola esperança para aqueles que já desistiram de acreditar nas mudanças, que deixaram a magia morrer. Afinal de contas, sabemos que nosso mundo não é perfeito (e está longe disso), mas ele pode ser muito melhor e mais interessante se procurarmos extrair o que há de mais belo em nós mesmos, para que assim possamos enxergar o que há de belo e precioso em nosso mundo cruel.

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Agradecimentos

A diretoria do Lar João Batista e a Tribuna Espírita de Salvador agradecem o recebimento dos informativos das seguintes instituições:
- Lar Harmonia;
- Cidade da Luz; e
- Grêmio Espírita Deus, Cristo e Caridade (GEDCC) - a este parabenizamos pelo lançamento de seu primeiro jornal, desejando sucesso e perseverança para a continuidade do trabalho.

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Ecos do XIII Congresso

"O melhor remédio para a resolução de quaisquer problemas, sem sombra de dúvidas, será sempre o amor", disse o orador espírita Divaldo Pereira Franco, em Salvador, por ocasião da realização do XIII Congresso Espírita da Bahia, que reuniu de 7 a 9 de novembro 1.500 pessoas no Centro de Convenções, oriundas de cidades baianas, da Capital e de 11 outros estados da Federação. Para Creuza Lage, presidente da Federação Espírita do Estado da Bahia (FEEB), órgão promotor do evento, "o amor é uma essência e devemos manifestar essa potencialidade dentro de nós". O próximo Congresso, o XIV, será realizado em abril de 2011.

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Aniversariantes do trimestre

Outubro
5 - Celeste; 15 - Dalva; 19 - Terezinha; 21 - Celina; 26 - Juçara; 27 - Clélia; 28 - Maria Emília; 30 - Nalva.

Novembro
10 - André Luiz; 11 - Conceição; 15 - Erotildes; 18 - Ivan.

Dezembro
3 - Francisco Muniz; 19 - Carmelita; 25 - Jersonias; 30 - Auri.

Cabelos brancos são sinônimo
De alegria ou tristeza.
Envelhecer é uma arte
Que dá prazer e beleza.

Número 7 - página 6

REFLEXÃO

Natal com Jesus. Qual Jesus?
Francisco Muniz

Soou estranho esse título? Há mais de um Jesus? A julgar pelo modo como o Natal é comemorado atualmente, poderíamos dizer que sim, há outro Jesus diferente daquele apregoado pelos evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João, um Jesus que enche os olhos e parece estar distante dos corações. Há um Jesus que se confunde nas luzes e vitrines coloridas das lojas, um Jesus vendido a prestações e a peso de muito ouro. E há o Jesus submerso nas consciências, lutando por se fazer presente numa festa que se faz em nome dele e da qual ele raramente participa, pois não é sequer convidado.
E no entanto Ele está constantemente convidando os homens de boa vontade para uma festa inigualavelmente melhor. Uma festa sem troca de presentinhos, mas de incessante doação; sem mesas fartas de apetitosas iguarias, mas plena de pães espirituais para as alma famintas e sedentas de afeto; sem enfeites em árvores artificiais, mas rica de significado para as mentes que se deixam esclarecer pelas luzes da Verdade. Uma festa, enfim, que não se faz apenas uma vez por ano, mas sempre, porque tal é o sentido do Natal: o nascimento e a vivência cotidiana do Cristo na vida de cada um de nós.
Há um Natal lá fora, mas nesse o Cristo não nasce, pois não há coração onde ele possa nascer e viver. O Cristo está afastado das relações comerciais onde prepondera o desejo do lucro e nega as necessidades dos carentes do pão material. Não há Jesus onde as consciências passam ao largo dos problemas sociais e dos dramas individuais vigentes tanto nos casebres miseráveis quanto nos palácios suntuosos. Só haverá Jesus onde a semente da cristandade, plantada há mais de dois mil anos, já germina, produzindo frutos de fraternidade e amorosa convivência entre todos, sejam ricos ou pobres, doentes ou sãos, felizes ou tristes.
"Estou por demais tocado de compaixão pelas vossas misérias, por vossa imensa fraqueza, para não estender mão segura aos infelizes que, vendo o Céus, teimam em cair no abismo do erro", diz-nos o Cristo, ou o Espírito de Verdade, no capítulo VI de O Evangelho Segundo o Espiritismo. É caso de nos fazer pensar, a nós, que nos dizemos espíritas e, por consequência, verdadeiros cristãos e ainda teimamos em observar tradições que de há muito já não deveriam fazer parte de nosso comportamento. Mas vemo-nos, anos após ano, ensinando a nossos filhos e netos a fantasia de um "Papai Noel" e, assim, ainda negando, como Pedro, o Cristo em nós...

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A Tribuna Espírita de Salvador agradece a todos os seus leitores e colaboradores que partilharam as alegrias deste ano, desejando que 2009 traga ainda mais desafios, com a força e a coragem necessárias para superá-los. Boas festas!

Número 7 - página 7

HUMOR

A surra de Bíblia

Lutando no tratamento de quatro irmãs obsidiadas, José e Chico Xavier gastaram alguns meses até que surgisse a cura completa. No princípio, porém, da tarefa assistencial houve uma noite em que José foi obrigado a viajar em serviço da sua profissão de seleiro.
Mudara-se pra Pedro Leopoldo um homem bom e rústico, de nome Manuel, que o povo dizia muito experimentado em doutrinar espíritos das trevas. O irmão do Chico não hesitou e resolveu visitá-lo, pedindo cooperação. Necessitava ausentar-se, mas o socorro às doentes não deveria ser interrompido. "Seu" Manuel aceitou o convite  e, na hora aprazada, compareceu ao Centro Espírita Luiz Gonzaga, com uma Bíblia antiga sob o braço direito. A sessão começou eficiente e pacífica.
Como de outras vezes, depois das preces e instruções de abertura, o Chico seria o médium para a doutrinação dos obsessores. Um dos espíritos amigos incorporou-se, por intermédio dele, fornecendo a precisa orientação e disse a "seu" Manuel, entre outras coisas:
- Meu amigo, quando o perseguidor infeliz apossar-se do médium, aplique o Evangelho com veemência.
- Pois não - respondeu o diretor, muito calmo. A vossa ordem será obedecida.
E quando a primeira das entidades perturbadas assenhoreou o aparelho mediúnico, exigindo assistência evangelizante, "seu" Manuel tomou a Bíblia de grande formato e bateu, com ela, muitas vezes, sobre o crânio do Chico, exclamando, irritadiço:
- Tome Evangelho! Tome Evangelho!...
O obsessor, sob a influência de benfeitores espirituais da Casa, afastou-se, de imediato, e a sessão foi encerrada. Mas o Chico sofreu intensa torção no pescoço e esteve seis dias de cama para curar o torcicolo doloroso. E afirmava, satisfeito, que fosse talvez das poucas pessoas do mundo que terão tomado "uma surra de Bíblia"...

Trovas daqui e do Além

A falta de Adão e Eva,
Pensem comigo um momento,
Foi não esperar com calma
O dia do casamento.
(Lulu Parola)

Não fales de tuas mágoas...
Há quem ouça em derredor;
Chorar à frente dos outros
Faz a dor muito maior.
(Jovino Guedes)

Sofres muito, coração,
Enquanto estás a bater.
Pior é quando parado
Pode aumentar teu sofrer...
(A. Santos)

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CURIOSIDADES

Em 1844, Mariano José Pereira Fonseca (1773-1848), o Marquês de Maricá, publicou no Rio de Janeiro um livro no qual se encontram os primeiros ensinamentos de fundo espírita divulgados no Brasil (Reformador, 1944).

Apesar de ter falecido em 1848, no mesmo ano dos fenômenos de Hydesville, o Marquês de Maricá, nove anos antes de Allan Kardec publicar O Livro dos Espíritos, já havia escrito sobre o perispírito, reencarnação e emancipação da alma, o progresso dos espíritos, o céu e as moradas do Pai, entre outros muitos assuntos de conteúdo espírita. Que visionário foi o Marquês de Maricá! E que personagem marcante para a história do Espiritismo no Brasil!

Em 14 de junho de 1853 o Jornal do Commércio, do Rio de Janeiro, publica pela primeira vez matéria enviada pelo Dr. José de Gama e Castro, seu correspondente em Berlim, comentando o fenômeno das mesas girantes...

O ano de 1882 marca, em realidade, o início do apostolado de Léon Denis.

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Número 7 - página 8

OPINIÃO

Jesus: somente Tu tens as palavras da vida eterna
Adilton Pugliese
Narram os evangelistas Mateus (26:6-13) e Marcos (14:3-9) que, dias antes do episódio dramático do julgamento e da crucificação, estava Jesus em Betânia, cidade que ficava a uma hora de Jerusalém, e era cercada por imensos campos de cevada e pequenos bosques de olivedos e figueiras, que sombreavam a estrada de Jericó. Estava ele em casa de Simão, o leproso, quando se aproximou uma mulher, trazendo um frasco de alabastro de perfume precioso e pôs-se a derramá-lo sobre a cabeça de Jesus, enquanto Ele estava à mesa.
Ao verem isso, os discípulos ficaram indignados e diziam: qual o motivo deste desperdício? Pois isso poderia ser vendido caro e distribuído aos pobres. Mas Jesus, ao perceber essas palavras, disse-lhes: por que aborreceis a mulher? Ela, de fato, praticou uma boa ação para comigo. Na verdade, sempre tereis os pobres convosco, mas a mim, nem sempre tereis. Derramando esse perfume sobre meu corpo, ela o fez para me sepultar. Em verdade vos digo que, onde quer que venha a ser proclamado o evangelho, em todo o mundo, este momento jamais será esquecido. Fazendo-se uma analogia com essas lembranças da vida do nazareno, podemos declarar, dois mil e oito anos depois do Seu nascimento, que Sua vida continua sendo proclamada em todo o mundo, como dias gloriosos que jamais serão esquecidos.
O escritor Paul Johnson, em reportagem publicada na revista Seleções do Reader's Digest, em dezembro de 1999, considera e reflete que se Jesus voltasse às vésperas do terceiro milênio "encontraria vários fenômenos estranhos, uma Terra totalmente modificada, comparando-se com a época que Ele aqui esteve. Entretanto, Ele encontraria em várias partes do mundo fenômenos familiares: os ecos precisos de Suas próprias palavras. Ele observaria que Suas apalavras não perderam a importância, e que em diversos templos religiosos do mundo continuam sendo pregadas": perdoa setenta vezes sete cada dia; esquece todo mal; serve sem recompensa; onde estiver o teu tesouro, aí esteja o teu coração; procura a verdade para que a verdade te encontre; se teu irmão exige caminhada de mil passos, avança dois mil; a quem te pedir a capa, cede igualmente a túnica; ora pelos que te perseguem; bem-aventurados os que choram, porque serão consolados; Eu sou o caminho, a verdade e a vida; não se turbe o vosso coração, crede em Deus, crede em Mim; vinde a Mim todos vós que sofreis.
O historiador confirma, assim, que as palavras de Jesus constituem o Seu sucesso póstumo e é o único pensamento mundial que tem permanecido inabalável por mais de dois mil anos, caminhando para se transformar no grande ideal transformador do atual terceiro milênio.
Em singular diálogo com mo Cristo, em momento decisivo de Sua missão, Pedro identificou a importância dos ditos do Senhor. Alguns ouvintes do Mestre achavam rigoroso o Seu discurso. Os discípulos murmuravam a respeito. Alguns voltaram atrás e O abandonaram. Jesus indaga aso doze: Não quereis vós também retirar-vos? E Pedro responde: "A quem iremos nós? Somente Tu tens as palavras de vida eterna" (João, 6:60-68).
Os discursos do Cristo permanecem em caminho de perenidade e emergenciais porque, segundo o Espírito Amélia Rodrigues, no livro Dias Venturosos, psicografado pelo médium Divaldo Franco, "rasgam as carnes da alma, como lâminas aguçadas, que cicatrizam logo com o bálsamo da esperança", afirmando que "o que Jesus pregava era uma revolução, não de morte, mas de vida; não para a espada, mas para a paz".
Allan Kardec (1804-1869), o inesquecível Codificador da Doutrina Espírita, teve a exata percepção da importância dos ensinos de Jesus, ao destacar, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, que eles representam um código divino, que "constitui uma regra de proceder que abrange todas as circunstâncias da vida privada e da vida pública, o princípio básico de todas as relações sociais que se fundam na mais rigorosa justiça".
Que neste Natal possamos, portanto, meditar em torno das palavras eternas do Cristo e refletir, com a Venerável Educadora baiana, que hoje, tanto quanto ontem, todos necessitamos de Jesus descrucificado, do homem incomparável que arrostou todas as consequências pela coragem de amar, a ponto de dar a própria vida, para que todos tivéssemos vida em abundância.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Número 18 - Capa

EDITORIAL

O orgulho
Angélica Santos


Sentimento que nos faz ser pretensiosos, vivendo em relação a nós mesmos, o que nos leva a crer sermos os melhores e mais importantes que os nossos semelhantes, vivendo assim cheios de soberba que muitas vezes não possuímos, tornando-nos prepotentes e antipáticos na nossa convivência normal em família ou na sociedade, fazendo-nos um ser que não é bem visto e até muitas vezes rejeitados, pois este sentimento nos torna inseguros, a pensar o porque da rejeição, porque na realidade este sentir nos leva a enxergar um argueiro no olho dos outros e não nos damos conta da trave que existe no nosso.
Os orgulhosos são os cegos de ontem e de hoje, que às luzes dos esclarecimentos sobre o assunto, não conseguem remover a venda que lhes oculta a verdade que liberta, fazendo com que vida afora continue vivendo no âmbito da prepotência que nos impede de ver a luz da humildade, que funciona como um farol contra o véu da ignorância que deixa o orgulhoso cego e surdo a qualquer argumento.
Nós, os espíritas, devemos meditar sobre o que nos ensina Jesus sobre tal assunto, porque, embora possa parecer que não, o nosso Movimento, infelizmente, vive cheio de portadores de tal sentimento, que pode ser canalizado por diversos ângulos.
Na minha opinião, devemos procurar extirpar essa chaga de nossa vivência enquanto espíritas, a fim de que possamos fazer jus à condição de verdadeiros conhecedores da Doutrina que abraçamos, para que possamos retificar os erros e as ações baseadas nesse sentimento tão desagregador.

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Leia nesta edição:


Leovigildo Santana, dirigente do C. E. Luz e Caridade, instituição que funciona há 55 ano no Barbalho, é nosso entrevistado.
Página 4

A proliferação de cursos de Espiritismo em nível universitário é o foco do artigo de Gledson Barretto.
Página 8

O trabalho de proclamação do Evangelho e da cultura de paz da Juventude Nina Arueira, da Mansão do Caminho, extrapola os limites de Salvador.
Página 5

O expositor espírita baiano Cláudio Emanuel Abdala é também escritor e acaba de lançar seu primeiro livro em âmbito nacional.
Página 2

Você sabia que o Emmanuel, mentor de Chico Xavier tinha um burrinho?
Página 7


Número 18 - página 2

MOVIMENTO

Escritor baiano lança livro em escala nacional


O expositor e escritor baiano Cláudio Emanuel Abdala acaba de (re)publicar seu livro “Contos da vida” para lançamento nacional, através da Editora EME, de São Paulo. Originalmene, o livro chegou ao público de Salvador em 2009, ganhando, agora, alcance nacional.
Em edição aumentada, o livro apresenta histórias inspiradas que conduzem para a elevação espiritual, conforme anúncio da editora: “Estes contos da vida conseguem surpreender e atingir com grande emoção o leitor, despertando a sensibilidade para sentir o drama em ‘a adoção’, chegar às lágrimas em ‘respostas da vida’, entender o valor da gratidão em ‘visita aos esquecidos’, entender a força da fé em ‘acreditando na Providência Divina’, e muitas outras histórias.
Abordando temas como racismo, eutanásia, adoção, ingratidão de filhos que abandonam os pais em asilos, reencarnação e experiência durante o coma, o autor oferece uma maravilhosa viagem pela grande e envolvente aventura chamada VIDA”.
Atualmente, Cláudio é dirigente da Sociedade Espírita Campos da Paz, localizada no bairro de Jardim Nova Esperança, onde desenvolve trabalho social junto a crianças desassistidas, com possibilidade de atender, no futuro, também a idosos. Parte dos recursos obtidos com a venda dos livros será revertida para essa obra meritória.

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CURTAS


O Centro Espírita Deus, Luz e Verdade realiza no dia 11 de dezembro mais um seminário com o médium José Medrado. Desta vez, o tema é Família: Desafios e Amor. As atividades acontecem das 9 às 12h e após a exposição haverá uma sessão de pintura mediúnica seguida de leilão das telas. O CEDLV fica na Rua Laura Costa, na Vila Laura, ao lado da Clínica da Família.

A Casa de Oração Bezerra de Menezes completa seus 43 anos de funcionamento no dia 15 de novembro e estenderá as comemorações até o fim deste ano. No dia 9 de dezembro, por exemplo, a Cobem realiza seminário sobre o tema “Jesus no seu dia-a-dia”, com o expositor e escritor espírita Arnaldo Paviani, de São Paulo. Na ocasião ele estará autografando seus livros, à venda na Livraria Humberto de Campos. O endereço é Rua Bezerra de Menezes, entrada de Daniel Lisboa, em Brotas.

Pedro Santiago, médium e escritor baiano, teve lançado pela editora EME seu mais novo romance, Quanto o Amor é o Remédio, de autoria do Espírito Dizzi Akibar. O livro já está à venda nas grandes livrarias da praça e nas de algumas casas espíritas.

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EXPEDIENTE


Centro Espírita Lar João Batista
Rua Prediliano Pita, 58 - Fazenda Garcia - Salvador (BA) - Tel.: 3332-3733

Diretoria
Presidente – Angélica Souza Santos; Vice-Presidente – Erotildes de Jesus Silva; 1º. Secretário – Vera Myrtes de Oliveira Vargas; 2º. Secretário – Carolina Edith Santos Monteiro Lopes; 1ª. Tesoureira – Lindinalva Socorro de Souza; 2ª. Tesoureira – Jorsé Hermínio Araújo Pereira; Conselho Fiscal – Celina Pires Gomes, Auri Magalhães do Nascimento e Izabel Maria Teles Tavares; Departamento Assistencial e Promoção Social – Jane Selma Néri dos Reis; Departamento Comunicação Social – Jéssica Néri dos Reis Neves; Departamento Doutrinário – Ivan Cezar Pimentel do Nascimento; Departamento Infanto-Juvenil – Nadja Apóstolo; Departamento Mediúnico – Clélia Catay Medrado;
Departamento Patrimonial – Jurandir Sena.

Tribuna Espírita de Salvador
Jornalista responsável - Angélica S. Santos - MTb 1013; Editores - Angélica Santos e Francisco Muniz;
Revisão - Euclésia Costa e Lindinalva Souza; Tiragem - 1.000 exemplares; Periodicidade - trimestral;
Contatos - tesalvador@gmail.com ou angel.santos29@yahoo.com.br / telefax: 3332-3733.


Número 18 - página 3

MEMÓRIA

Amélia Rodrigues:
Educação nas pegadas de Jesus



Amélia Augusta do Sacramento Rodrigues foi, quando encarnada, notável poetisa, professora emérita, escritora consagrada, teatróloga, legítimo expoente cultural das Letras da Bahia. Nasceu na Fazenda Campos, Freguesia de Oliveira dos Campinhos, Município de Santo Amaro da Purificação, Estado da Bahia em 26 de maio de 1861.
Qualquer de seus conterrâneos, por mais jovem que seja, conhece a vida dessa extraordinária mulher e seu esforço a fim de atingir os seus ideais. Estudou com o cônego Alexandrino do Prado, em seguida foi aluna dos professores Antônio de Araújo Gomes de Sá e Manuel Rodrigues M. de Almeida. Sua vocação para o magistério era inata. A par disso, matriculou-se no colégio mantido pela professora Cândida Álvares dos Santos e começou a lecionar no Arraial da Lapa. Posteriormente lecionou em Santo Amaro da Purificação por oito anos consecutivos.
Em 1891, graças à sua capacidade para lecionar e ao seu amor à causa do ensino, foi transferida para Salvador e lotada na Escola Central do Bairro Santo Antônio. Um de seus alunos, adolescente ainda, em 1905, foi selecionado para lecionar inglês pelo sistema do filósofo Spencer. Amélia Rodrigues não só o ajudou a compreender o pensamento daquele filósofo, como complementou o seu aprendizado. Disse a ele: "O jovem precisa de educação moral, que é o princípio fundamental da disciplina social; sem apelar para o coração, educar é formar no homem as mais duradouras forças da ordem social."
O pensamento de Amélia Rodrigues se identifica com o pensamento de Fénelon, contido em "O Evangelho Segundo o Espiritismo": "Educar é formar homens de Bem, e não apenas instruí-los". Aposentada, não abdicou de seu ideal de ensinar. Retornou ao magistério de forma ainda mais marcante. Fundou o Instituto Maternal Maria Auxiliadora, que mais tarde transformou-se na "Ação dos Expostos." Dedicou-se ao jornalismo como colaboradora das publicações religiosas "O Mensageiro da Fé", "A Paladina" e "A Voz". Escreveu algumas peças teatrais, entre as quais "Fausta" e "A Natividade". É autora dos poemas "Religiosa Clarisse" e "Bem me queres". Produziu ainda obras didáticas, literatura infantil e romances. Desencarnou em Salvador em 22 de agosto de 1926.
No Plano Espiritual, continuou seu trabalho esclarecedor e educativo, baseado principalmente no Evangelho de Jesus, fonte inspiradora de suas obras quando encarnada. Encontrou na Espiritualidade - seara infinita da imortalidade - maior expansão para seu espírito sequioso de conhecimento e faminto de amor, dando vazão aos anseios mais nobres. Aprofundou-se na mensagem de Jesus e, na atualidade, participa da falange de Joanna de Ângelis, mentora de Divaldo Pereira Franco. Pela psicografia do abnegado medianeiro, vem trazendo páginas de beleza intraduzível, que abordam os mais variados assuntos sobre o Evangelho, seu tema predileto, de onde extrai lições edificantes para aqueles que estão cansados e sobrecarregados, necessitados de orientação e de consolo. O livro “Primícias do Reino” é uma dessas páginas imortais.

Número 18 - página 4

ENTREVISTA


Leovigildo Santana
Um batalhador da luz e da caridade


Com quase 60 anos de história, o Centro Espírita Luz e Caridade, no Barbalho, conserva o mesmo endereço, mas as instalações são outras. Isto é, com a reforma empreendida por seu presidente, Leovigildo Santana, a casa já não guarda nenhuma lembrança da antiga construção. Esse fato é, em verdade, a segunda marca da presença de “Seu” Leo, como é carinhosamente tratado, na instituição. A primeira data de sua chegada a Salvador, vindo de Vitória da Conquista, nos anos 50, para tratar-se de uma pertinaz  enfermidade orgânica, encontrando, para curar-se efetivamente, a oportunidade de atuar numa casa espírita. Convidado para trabalhar no Luz e Caridade, deparou-se com um terreiro de Umbanda que aos poucos foi se transformando até adotar em definitivo as recomendações de Kardec. E hoje a Casa é uma das referências na Bahia no tocante ao tratamento espiritual...  


Como começa sua história no Espiritismo?
Vim de Conquista desenganado pelos médicos, e tive a felicidade de aqui encontrar alguém maravilhoso que, com seu magnetismo - na época, eu não entendia, mas agora entendo um pouquinho -, consegui a recuperação da saúde física e a oportunidade de, alguns meses depois, estabelecendo-me em Salvador, começar a trabalhar na antiga União Espírita Baiana.

Como chegou ao C. E. Luz e Caridade?
Posteriormente, a convite de Abel Mendonça, que foi um daqueles que participaram da inauguração da Casa de Emmanuel, permanecemos  trabalhando lá durante algum tempo, até que, convidado por um amigo que na época presidia ao Luz e Caridade, nos primórdios da instituição, por uns dois ou três anos assumimos a presidência, na qual estamos até hoje, nessa tarefa muito conehcida do Luz e Caridade, que já soma 55 anos de existência.
Nosso maior desafio foi a derrubada do prédio velho e a construção deste novo, mas sempre dizendo que nosso objetivo não é ter uma casa bonita, mas que tivesse mais espaço, a fim de proclamarmos, em vários pontos, o Evangelho que o nosso Jesus legou à Humanidade. Esta é, sinteticamente, nossa lembrança carinhosa da caminhada, da presença e do futuro do Luz e Caridade.

O que a Casa oferece a seus frequentadores?
Sempre dizemos que o trabalho que aqui se executa, com novas conqusitas, possa, nesta Casa, se assemelhar, no futuro, à Casa do Caminho, onde o amor e a caridade foram o exemplo mais brilhando deixado para a Humanidade pelo Mestre Jesus. Este é o objetivo maior, tanto assim que estão sendo criados vários grupos de estudo; temos cinco reuniões doutrinárias por semana, atendimentos de energia durante três dias na semana... Estamos, agora, instalando no subsolo, numa área bem confortável, o novo trabalho a ser executado, de “relax” para que cheguem cansadas, abatidas, problemáticas, depressivas... e através do “relax” nós entendemos que os Espíritos estarão ali e durante sua permanência trarão os benefícios maiores da Espiritualidade. Esse sonho, ora realizado, também consideramos um grande objetivo a ser atingido nesta Casa.

E quem é o dirigente espírita Leovigildo Santana?
É um irmão muito conhecido que tem tido esta oportunidade de ser amigo de todos que aqui chegam, buscando este pensamento que acabamos de falar; e nosso sonho já começa a se transformar em realidade, de que esta Casa seja realmente, em sua plenitude, a Casa do Caminho, onde o amor e o entendimento, a confiança e a fraternidade sejam os pilares indestrutíveis desta - como ser os de todas as Casas que militam com Jesus.


Número 18 - página 5

NOTÍCIAS


Juventude Nina Arueira realiza atividade em Irará

No dia 31 de Julho, a Juventude Espírita Nina Arueira (JENA), do C. E. Caminho da Redenção, extrapolou as fronteiras soteropolitanas e realizou sua atividade de evangelização no município de Irará, no Sertão baiano.  O encontro, que ocorre anualmente, foi no C. E. A Caminho da Luz e, como sempre, foi muito dinâmico, enchendo os corações de genuína alegria cristã. Estiveram presentes mais de 120 jovens de Salvador, de Irará, de Riachão do Jacuípe e Simões Filho, que puderam trocar experiências, refletir o Espiritismo e confraternizar.
O tema do evento foi “Os construtores da Nova Era”. E dentro desse tema foram abordados subtemas como “A inserção do jovem na mudança do planeta”, “Problemas atuais” e “A paz no mundo”.
No primeiro momento, logo pela manhã, todos se reuniram em sala para a conversação dos problemas atuais, buscando meios de como resolvê-los. Em especial, enfatizou-se o preconceito e suas diversas facetas: ao idoso, aos deficientes físicos, à condição social e assim por diante. Logo depois, os jovens saíram pelas ruas fazendo um manifesto público pela não-violência, mostrando que a juventude hasteia a bandeira da paz e quer trabalhar por um mundo melhor, mais fraterno e solidário. Foi um momento marcante do dia, em que pese a leve chuva. Estavam todos nas ruas, proclamando em voz alta os nobres pensamentos dos mártires da paz como Gandhi, Martin Luther King e Irmã Dulce.
Após o almoço, que já é típico do encontro, houve uma gincana espírita que propiciou num clima saudável de aprendizado e alegria. Para finalizar, aconteceram apresentações que os jovens da JENA organizaram para Irará, com muito teatro, poesia e as músicas do grupo Bandeid, sempre intercaladas pelos sábios comentários de alguns palestrantes da Mansão do Caminho: Solange Seixas, José Ferraz, Luís Sales, Fernanda Cardeal e Kléber.

***


Programação de Atividades do C. E. Lar João Batista:


Doutrinárias – Domingo, 10 horas; segunda-feira, 20 horas; quinta-feira, 16 horas.

Passes - Segunda-feira, 16 às 18 horas; terça, 16h30 às 18h; quarta, 10 às 11 e 16 às 18h; quinta, 17 às 18 e 19 às 20h; sexta, 16 às 18h; sábado, 15h30 às 16h30.

Entrevistas - Quarta-feira, 10 às 11 horas; sexta-feira, 15h30 às 17h30.

Escola mediúnica - Quinta-feira, 20 às 21 horas; sábado, 15 às 16h30.

Curso básico - Quinta-feira, 20 às 21h30; sábado, 15 às 16h30; domingo, 9h30 às 11 horas.

Grupos de estudo - Terça-feira, 20 às 21h30; quarta-feira, 9 às 10h; quinta-feira, 20 às 21h30; sexta-feira, 15 às 16h.

Evangelização – sábado, 8h30 às 10 horas.

Pré-requisito para acesso a grupos de estudo: ter o curso básico.

“O amor que compreende o erro é êmulo do amor que educa, da mesma forma que o amor que perdoa promove o amor que salva.”
(Joanna de Angelis)

***

POESIA


As obras de Deus
Tião


Bendita seja a maravilha das obras de Deus
Que brotam da planta uma linda flor.
Que de seu perfume inebria de amor
Os corações que palpitam no peito dos filhos seus.

Deus ama a todos: - ricos e plebeus,
O seu amor é a perfeita justiça.
Criou a Terra, e os seres que nela habitam
E nela criou condições de vida conforme o desejo seu.

As obras divinas são de equilíbrio perfeito
Cada ser criado se ordena do mesmo jeito,
Formando assim uma engrenagem perfeita e harmoniosa.

Assim são as obras da Suprema Divindade.
Nada acontece sem os desígnios da sua vontade,
São os segredos que regem a lei divina misteriosa.

***

Aniversariantes do trimestre:


Julho
10 - Nilben
27 – Alzira

Setembro
7 – Maria Helena
11 – Érico
12 – Francisco
13 – Izabel Costa
23 – Lindaura Pereira
29 – Valmira







Número 18 - página 6

DOUTRINA

O médium cristão consciente
Francisco Muniz


“É impossível ser feliz sozinho.” A frase é verso de música de um conceituado compositor brasileiro e mostra uma verdade que não se resume à relação de um casal apaixonado. Pelo contrário, esse conceito é observável em todos os aspectos da atividade humana, pelo fato de um homem só se realizar através de seus semelhantes, em suas necessidades evolutivas, considerando que todos somos espíritos em crescimento. Por isso nascemos em família, vivemos em grupo, convivemos em sociedade e nos encontramos na Humanidade. Só assim é possível experimentarmos o que se chama felicidade.
Nesse aspecto, a experiência como cristãos exige de nós uma responsabilidade considerável, porque se trata de irmos bem além do rótulo. Ser cristão implica bem mais que adotarmos esta ou aquela religião pautada nos ensinamentos do Cristo. Significa, em verdade, cumprirmos em nós mesmos as determinações de Jesus quanto à convivência em grupo, já que não vivemos sozinhos e precisamos uns dos outros para, nesse processo de interdependência, identificarmo-nos com a essência divina e assim termos sucesso nos relacionamentos todos que fazemos pela vida a fora.
Convém-nos, primordialmente, focalizar nestas reflexões o cristão-espírita, chamado mais diretamente a considerar e vivenciar sua condição de trabalhador consciente de sua posição nas esferas de atividade em que se vê convidado a colaborar, nas lides do Cristianismo Redivivo. A esse respeito, importa avaliarmos profunda e convenientemente nosso papel de médiuns, seja na Casa Espírita, seja nos vários setores da vida prática, a fim de construirmos e manifestarmos a necessária condição de seres conscientes da realidade que nos é própria.
Recordemos, a propósito, que a faculdade mediúnica, mercê da misericórdia divina, decorre de um compromisso em prol da auto iluminação, razão pela qual o estudioso da Doutrina Espírita, principalmente, não deve malbaratar os esforços da Espiritualidade em seu benefício, desprezando as ocasiões de serviço caritativo. Segundo o benfeitor espiritual Emmanuel, a mediunidade é “oportunidade de progresso e de redenção” para quantos recebam seus influxos, posto que os médiuns são os “filhos misérrimos” de Deus. Daí se entende por que é preciso aceitar a tarefa e desempenhá-la com responsabilidade.
É preciso entender, também, que essa conscientização guindará o médium à condição de mediunato, posto que, como trabalhador, ele tem uma missão da realizar no mundo, como instrumento dos Espíritos. É necessário, portanto que ele se aprimore sabendo que sua vida de devotamento será o mais das vezes um calvário, pelas lutas que será chamado a enfrentar. “Quando o médium atinge a plenitude de seu desenvolvimento mediúnico, começam as verdadeiras dificuldades”, avisa o Espírito Vianna de Carvalho, colaborando para a consciência dos sensitivos em atuação na esfera do Consolador: “Esse é o momento em que ele, mais do que nunca, precisa de conselhos, de prudência e experiência, se não quiser cair nas mil armadilhas que lhe vão ser preparadas”.
Eis porque não dá para sermos felizes sozinhos. É necessário recorrermos uns aos outros, os mais incipientes apelando para os mais experientes e estes reciclando continuamente seus conhecimentos e aprimorando suas habilidades, a fim de que todos colaborem para a grande obra de regeneração da Humanidade, consoante os propósitos do Evangelho e da Doutrina dos Espíritos. Nesse sentido, o benfeitor Vianna de Carvalho alerta aos médiuns, especialmente àqueles que estão iniciando sua jornada de trabalho: “Se o médium pretender muito cedo voar com suas próprias asas, não tardará em ser vítima de espíritos mentirosos, que não se descuidarão de lhe explorar a presunção”. É imperioso, portanto, refrear os ímpetos e, amparados na prudência, buscarmos uma postura mais humilde e fazermo-nos instrumentos seguros e dóceis dos Espíritos do Senhor, recordando o convite do Cristo: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”.

Número 18 - página 7

HUMOR

Causos de Chico Xavier


Um litro de amor

Um belo dia, chegou um espírita amigo de Chico, adentrou por sua casa e disparou quando encontrou Chico na Cozinha:
- Chico, você tem que se posicionar. Estão lhe caluniando, você tem que se defender. Isso é um absurdo. A Verdade tem que ser dita “doa a quem doer”.
O “amigo” ia falando e Chico, com sua humildade, a cada frase ficava encolhido.
Chico sentou. Baixou a cabeça e psicografou um sublime verso sobre o uso da verdade:
“No mundo, a fórmula para encontrar a felicidade com esplendor é uma gota de verdade dentro de um litro de amor.”


Beijou o burrinho

De São Paulo, chegou a Pedro Leopoldo um conhecido e estimado confrade. Ao entrar, às 20 horas, no Centro Espírita Luiz Gonzaga, esbarra com o Chico e, demonstrando saudade e apreço pelo grande médium, declara:
- Vim de S. Paulo, para lhe dar um beijo.
E conclui:
- Beijando-o, tenho a impressão de que beijei seu querido guia Emmanuel...
E o Chico, com toda candidez e humildade:
- Não, meu caro irmão, você não beijou Emmanuel, mas, sim, o seu burrinho, que sou eu.


***

CURIOSIDADES

Era uma  agradável tarde de sábado e estávamos na ecumênica área da casa do Chico, quando alguém lhe disse: “Chico, fale-nos sobre Meimei”. Sua fala mansa e agradável começou a penetrar-nos os ouvidos: “É um Espírito que tem trabalhado muito. Lembro-me quando ela precisou encaminhar seu ex-esposo, que andava muito triste, para o segundo  matrimônio. Quando a data do casamento estava próxima, ela começou a sentir um pouco de ciúmes e desejou voltar para junto dele. “Como esposa, não dá mais tempo. Mas, como filha, ainda posso”, pensou ela. Fez a solicitação, mas por sorte ou azar dela, seu requerimento foi parar nas mãos de nosso caro Emmanuel. Ele a chamou e disse: “Suas horas de trabalho falam alto a seu favor. A senhora tem méritos suficientes para nascer como filha de seu ex-esposo, mas por que, então, a senhora sensibilizou tantos corações com suas mensagens, levantando creches e lares para crianças? Deseja deixar o trabalho sobre os ombros dos companheiros e voltar à Terra por uma simples questão de ciúmes? Posso encaminhar seu requerimento às Autoridades Superiores, mas quero que a senhora fique bem certa de que ele vai sair daqui com o primeiro não, que é o meu.” Desde então Meimei desistiu da idéia e continua no Mundo Espiritual, graças a Deus.

***

Tira de J. Mendes reproduzida do site Bahia Espírita (http://www.bahiaespirita.com.br):

Número 18 - página 8

OPINIÃO

“Canudo” espiritual?
Gledson Barretto


Fala-se muito em Universidade Espírita, em curso superior de Espiritismo, curso superior de Teologia Espírita no Brasil, quiçá fora dele, com direito a diploma, beca e tudo o que é de direito em graduação universitária... Nossa! Será que este é o caminho para a popularização do Espiritismo? Será que nós, espíritas, só estudaríamos a Doutrina se pagássemos por aulas? Estranho isso, não? E como ficaria o capitalismo das empresas educacionais? Seria mais uma oportunidade, um filão? Seria o Espiritismo uma ciência que deve ser estudada nas instituições não-espíritas?
Por outro lado, se a idéia for transdisciplinar, no sentido de ser uma proposta de ampliação do cabedal cultural, isto é, ter no Espiritismo a ser estudado nas universidades como grade integrante dos programas ditos transversais, objetivando uma complementação dos cursos, como se fora uma espécie de Filosofia Espírita para os cursos em geral, observando-a como uma opção filosófica de mundivisão (visão global) do conhecimento como a Filosofia Ocidental (ainda que nascida no oriente) se propõe... Ou uma espécie de Ciência Espírita, ou uma Epistemologia Espírita visando ao conjunto de conhecimentos que têm por objeto o conhecimento científico, no sentido de explicar os seus condicionamentos (sejam eles técnicos, históricos, ou sociais, sejam lógicos, matemáticos ou linguísticos, aí, sim, o espírito como ser presente em toda parte do saber humano como diria León Denis), sistematizando as suas relações, esclarecendo os seus vínculos, e avaliando seus resultados e aplicações no mundo material por influência do mundo causal... Quem sabe assim teríamos o Espiritismo podendo e devendo ser estudado nas universidades! Porém, nunca como matéria avaliativa, curricularmente falando, em termos de promover o educando ao próximo nível escolar. Antes, sim, ser o Espiritismo um promotor humano e de humanidades...
Vejamos, a este respeito, a palavra de um Espírito-espírita, Vianna de Carvalho, em sua obra monumental Atualidade do Pensamento Espírita: “Pergunta: O meio universitário estaria preparado para receber o conhecimento do Espiritismo em seu currículo? É válida a proposta?
Resposta: Não nos parece próprio apresentar o Espiritismo como uma Doutrina que deve ser estudada nas universidades, fazendo parte do seu currículo pedagógico. Seria repetir o equívoco experimentado por outras doutrinas que, no passado, tentaram impor os seus postulados, terminando pelo delírio da intolerância e do fanatismo.
O Espiritismo é uma ciência que deve ser estudada na Entidade Espírita, onde se encontram presentes os instrumentos de aferição de valores que demonstram a excelência dos seus postulados. Examinado em profundidade, abrem-se-lhe as belas facetas filosófica e religiosa, facultando a cada qual insculpir no íntimo as lições hauridas e transformando-o para melhor, de forma que a sociedade experimente a sua renovação moral.
As experiências mediúnicas podem ser realizadas em qualquer lugar onde predominem os valores nobres da investigação e da análise, conforme ocorreu no passado e ainda sucede no presente.
Sob esse aspecto, o meio universitário está preparado para receber as informações do Espiritismo.
O Espiritismo poderá e deverá ser estudado nas universidades como parte dos programas transversais, que objetivam complementar os cursos, aumentando a capacidade de discernimento dos alunos e abrindo-lhes mais amplos espaços culturais para o entendimento da vida e das suas finalidades. Não, porém, como disciplina sujeita à avaliação curricular e à promoção dos educandos.
Em nossa forma de análise, somos de parecer que o ensino deve ser sempre leigo, dando liberdade a cada estudante de examinar o que lhe aprouver e escolher o que lhe seja melhor, conforme ensinava o apóstolo Paulo (I Tess, 5:21) com outras palavras”.
Estudemos, pois, e meditemos sobre isso, antes de divulgarmos artigos como ”Brasil terá primeiro curso superior de Espiritismo” e outros do gênero. Se, como livres pensadores, compreendermos que essa é uma verdade, divulguemos com todo respeito que mereça o artigo. Antes, porém, façamos um exame pormenorizado e em profundidade. Para que ao abrirem-se “as belas facetas”, tais quais as superfícies cristalinas da pedra preciosa chamada Espiritismo, em seu tríplice aspecto (filosofia, ciência e religião), que nos faculta esta generosa e prometida Doutrina Consoladora, não façamos dela o que fizemos do cristianismo no passado, não tão distante. Ao contrário, posicionemo-nos como espíritas atuantes.
Lembremo-nos que o Espiritismo é Doutrina dos Espíritos que se apresenta de forma perfeita e proporções harmônicas. Que ao insculpir, em nosso eu mais profundo, as lições luminíferas hauridas dos imortais, deverá proporcionar a nossa transformação individual para melhor, de forma que a sociedade experimente a sua renovação moral através de nossa mudança.
Não vimos ao mundo para transformar ninguém, a não ser a nós mesmos. Precisamos aprender o real sentido do verbo Amar para melhor nos respeitarmos uns aos outros. Na medida em que o homem se transformar em uma pedra límpida e preciosa teremos Instituições que retratem o seu íntimo, teremos Instituições melhores, conforme o “Credo espírita” apresentado pelo ínclito Codificador em Obras Póstumas: “Quando os homens forem bons, organizarão boas instituições, que serão duráveis, porque todos terão interesse em conservá-las. O progresso geral é a resultante de todos os progressos individuais” (KARDEC, Allan).
Consequentemente, teremos um mundo melhor. E essa idéia não precisa ser levada aos currículos do meio universitário para ter efeito. Pelo menos, não no sentido de um curso superior de Teologia Espírita. Mas, quem sabe, se a idéia for transversal: “[...] O Espiritismo poderá e deverá ser estudado nas universidades como parte dos programas transversais, que objetivam complementar os cursos, aumentando a capacidade de discernimento dos alunos e abrindo-lhes mais amplos espaços culturais para o entendimento da vida e das suas finalidades. Não, porém, como disciplina sujeita à avaliação curricular e à promoção dos educandos”. [...]

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Número 17 - Capa

Editorial


O egoísmo
Angélica Santos


Originário do orgulho, o egoísmo, no nosso entendimento, é o amor demasiado que temos a nós mesmos, desejando tudo para nosso bem estar sem ter a devida compreensão de nosso convívio com os outros.
Originário de nossas mazelas e interesses pessoais, fruto talvez do antagonismo social que ainda norteia nosso presente. São problemas talvez advindos de nosso passado enquanto espíritos e que precisamos combater no presente.
Esse sentimento nos impede de conviver bem em nosso ambiente ou onde quer que estejamos, provindo daí o conviver mal em qualquer relacionamento que façamos e que nasce natural e instintivamente em nós, chegando às raias do absurdo.
Nossa sociedade é hoje como foi sempre, extremamente orgulhosa e, por que não dizer?, insensata, fazendo com que nossa ignorância nos leve a toda sorte de práticas abusivas.
Para que possamos destruir, aniquilar em nós tal sentimento (o egoísmo) é necessário que busquemos outros sentimentos puros, como a fraternidade, a solidariedade, o senso de igualdade e caridade, opções contidas no Evangelho de Jesus, seguindo a orientação da Doutrina Espírita, que com certeza nos levará a transformar nossos atos em outros bem mais solidários, preconizados pelo Espiritismo.
Não esqueçamos, pois, queridos leitores, que os ensinos de Kardec servem de base para o conhecimento filosófico e científico que nos leva às mudanças de que necessitamos para melhor convivência com todos.

Número 17 - Página 2

Movimento


Curso da AME-Bahia na FEEB ensina a envelhecer



A sede da Federação Espírita do Estado da Bahia (FEEB) no Iguatemi abrida de maio a novembro deste ano as aulas do curso A Arte de Envelhecer, ministrado pela médica Eleonora Peixinho Guimarães e colaboradores.
O curso, promovido pela Associação de Medicina e Espiritismo da Bahia (AME-Bahia) tem caráter espiritualista e é aberto ao público em geral, especialmente às pessoas com idade superior a 50 anos interessadas no tema.
As aula acontecem sempre no segundo sábado de cada mês, das 14h30 às 17h.
As inscrições são feitas na secretaria da AME-Bahia com Alexandre (3451-4386) ou Regina (8797-0891), às segundas, quartas e quintas-feiras à tarde.
Informações poder ser solicitadas a um dos dois funcionários e também pelos e-mails amebahia@yahoo.com.br e sociedadeholon@gmail.com.
A FEEB e a Sociedade Holon são parceiras da AME-Bahia nessa realização.  

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ULE promove aula inaugural do segundo semestre

No dia 16 de julho, às 10h, acontece a aula inaugural do segundo semestre letivo da Universidade Livre do Espírito (ULE), no Auditório Francisco Cândido Xavier. A ULE, idealizada por Adenáuer Novaes, é mantida pelo Centro Espírita Harmonia e pela Fundação Lar Harmonia. A instituição, que lançou recentemente seu veículo informativo - o Informa ULE -, vai aos poucos definindo sua nova formatação, investindo cada vez mais em qualidade. “A regra de ouro é promover a autoconsciência de que somos Espíritos”, informam os coordenadores.

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Curtas


A pedagoga paulista Dora Incontri conduz no dia 10 de julho, um domingo, o seminário “A Pedagogia Espírita e a autonomia do educando”. As atividades serão ministradas das 14 às 18h30, na sede da FEEB. A compra de um livro promocional na livraria da FEEB dá direito a um ingresso ao seminário, cujas vagas são limitadas. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 3359-3323.

A FEEB começa a inscrever a partir do dia 1 de julho para o XIV Congresso Espírita do Estado da Bahia, que nesta edição se realizará durante os dias 3 a 6 de novembro, no Centro de Convenções, com o tema “O primado do espírito”. Por falar na FEEB, ela está com novo site e em novo endereço, agora em www.feeeb.org.br.

O Centro Espírita Deus, Luz e Verdade promove, no período de 22 a 24 de julho, o VI Seminário de Estudos Espíritas (VI SEMESP), com o tema “Espiritismo e Ciência”. Está confirmada a participação de expositores como André Luiz Peixinho, que fará a conferência de abertura, Eleonora Peixinho Guimarães, Marcos Queiroz, Celeste Carneiro, Adilton Pugliese, Ricardo Carvalho e Cláudio Emanuel Abdala.

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Expediente


Centro Espírita Lar João Batista
Rua Prediliano Pita, 58 - Fazenda Garcia - Salvador (BA) - Tel.: 3332-3733

Diretoria
Presidente – Angélica Souza Santos; Vice-Presidente – Erotildes de Jesus Silva; 1º. Secretário – Vera Myrtes de Oliveira Vargas; 2º. Secretário – Carolina Edith Santos Monteiro Lopes; 1ª. Tesoureira – Lindinalva Socorro de Souza; 2ª. Tesoureira – Jorsé Hermínio Araújo Pereira; Conselho Fiscal – Celina Pires Gomes, Auri Magalhães do Nascimento e Izabel Maria Teles Tavares; Departamento Assistencial e Promoção Social – Jane Selma Néri dos Reis; Departamento Comunicação Social – Jéssica Néri dos Reis Neves; Departamento Doutrinário – Ivan Cezar Pimentel do Nascimento; Departamento Infanto-Juvenil – Nadja Apóstolo; Departamento Mediúnico – Clélia Catay Medrado;
Departamento Patrimonial – Jurandir Sena.

Tribuna Espírita de Salvador
Jornalista responsável - Angélica S. Santos - MTb 1013; Editores - Angélica Santos e Francisco Muniz;
Revisão - Euclésia Costa e Lindinalva Souza; Tiragem - 1.000 exemplares; Periodicidade - trimestral;
Contatos - tesalvador@gmail.com ou angel.santos29@yahoo.com.br / telefax: 3332-3733.


Número 17 - Página 3

Memória


Batuíra, o divulgador incansável do Espiritismo

Nascido a 19 de março de 1839, em Portugal, na Freguesia de Águas Santas, hoje integrada no Conselho da Maia, e desencarnado em São Paulo, no dia 22 de janeiro de 1909.

Completada sua instrução primária, veio para o Brasil, com apenas 11 anos de idade, aportando no Rio de Janeiro a 3 de janeiro de 1850. Seu nome de origem era Antônio Gonçalves da Silva, entretanto, devido a ser um moço muito ativo, correndo daqui para acolá, a gente da rua o apelidara “o batuíra”, nome que se dava à narceja, ave pernalta, muito ligeira, de voo rápido, que frequentava os charcos na várzea formada no atual Parque D. Pedro II, em S. Paulo, pelos transbordamentos do rio Tamanduateí. Desde então o cognome “Batuíra” foi incorporado ao seu nome.
Batuíra desempenhou uma série de atividades que não cabe registrar nesta concisa biografia, entretanto, podemos afirmar que defendeu calorosamente a ideia da abolição da escravatura no Brasil, quer seja abrigando escravos em sua casa e conseguindo-lhes a carta de alforria, ou fundando um jornalzinho a fim de colaborar na campanha encetada pelos grandes abolicionistas Luiz Gama, José do Patrocínio, Raul Pompéia, Paulo Ney, Antônio Bento, Rui Barbosa e tantos outros grandes paladinos das ideias liberais.
Homem de costumes simples, alimentando-se apenas de hortaliças, legumes e frutas, plantava no quintal de sua casa tudo aquilo de que necessitava para o seu sustento. Com as economias, adquiriu os então desvalorizados terrenos do Lavapés, em S. Paulo, edificando ali boa casa de residência e, ao lado dela, uma rua particular com pequenas casas que alugava a pessoas necessitadas. O tempo contribuiu para que tudo ali se valorizasse, propiciando a Batuíra apreciáveis recursos financeiros. A rua particular deveria ser mais tarde a Rua Espírita, que ainda lá está.
Tomando conhecimento das altamente consoladoras verdades do Espiritismo, integrou-se resolutamente nessa causa, procurando pautar seus atos nos moldes dos preceitos evangélicos. Identificou-se de tal maneira com os postulados espíritas e evangélicos que, ao contrário do “moço rico” da narrativa evangélica, como que procurando dar uma demonstração eloquente da sua comunhão com os preceitos legados por Jesus Cristo, desprendeu- se de tudo quanto tinha e pôs-se a seguir as suas pegadas. Distribuiu o seu tesouro na Terra, para entrar de posse daquele outro tesouro do Céu. Tornou-se um dos pioneiros do Espiritismo no Brasil. Fundou o “Grupo Espírita Verdade e Luz”, onde, no dia 6 de abril de 1890, diante de enorme assembleia, dava início a uma série de explanações sobre “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.
Nessa oportunidade deixara de circular a única publicação espírita da época, intitulada “Espiritualismo Experimental” redigida desde setembro de 1886, por Santos Cruz Junior. Sentindo a lacuna deixada por essa interrupção, Batuíra adquiriu uma pequena tipografia, a que denominou “Tipografia Espírita”, iniciando a 20 de maio de 1890 a publicação de um quinzenário de quatro páginas com o nome “Verdade e Luz”, posteriormente transformado em revista e do qual foi o diretor- responsável até a data de sua desencarnação. A tiragem desse periódico era das mais elevadas, pois de dois ou três mil exemplares, conseguiu chegar até 15 mil, cifra fabulosa naquela época, quando nem os jornais diários ultrapassavam a casa dos três mil exemplares. Nessa tarefa gloriosa e ingente Batuíra despendeu sua velhice. Era de vê-lo, trôpego, de grandes óculos, debruçado nos cavaletes da pequena tipografia, catando, com os dedos trêmulos, letras no fundo dos caixotins.
Para a manutenção dessa publicação, Batuíra despendeu somas respeitáveis, já que as assinaturas somavam quantia irrisória. Por volta de 1902 foi levado a vender uma série de casas situadas na Rua Espírita e na Rua dos Lavapés, a fim de equilibrar suas finanças.
Não era apenas esse periódico que pesava nas finanças de Batuíra. Espírito animado de grande bondade, coração aberto a todas as desventuras, dividia também com os necessitados o fruto de suas economias. Na sua casa a caridade se manifestava em tudo: jamais o socorro foi negado a alguém, jamais uma pessoa saiu dali sem ser devidamente amparada, havendo mesmo muitas afirmativas de que “um bando de aleijados vivia com ele”. Quem ali chegasse, tinha cama, mesa e um cobertor.
Certa vez, um desses homens que viviam sob seu amparo furtou- lhe um relógio de ouro e corrente do mesmo metal. Houve uma denúncia e ameaças de prisão. A esposa de Batuíra lamentou-se, dizendo: “É o único objeto bom que lhe resta”. Batuíra, porém, impediu que se tomasse qualquer medida, afirmando: “Deixai-o, quem sabe, precisa mais do que eu”.




Número 17 - Página 4

Entrevista

Ildefonso do Espírito Santo:
“Falta entusiasmo ao movimento espírita”
Médico sanitarista, Ildefonso é fundador da Associação de Medicina e Espiritismo da Bahia e já ocupou a presidência da Federação Espírita do Estado da Bahia, num processo natural, como disse, em consequência de sua atuação. Em sua casa, no bairro da Lapinha, possui um rico acervo bibliográfico e documental a que pretende dar uma finalidade útil, para preservar boa parte da memória do movimento espírita da Bahia.



Como se deu sua participação no movimento espírita da Bahia?
Eu vivi um movimento espírita que não existe mais. O tempo da USEB, para mim, foi a melhor época do movimento espírita na Bahia.

Qual a diferença em relação a hoje?
Hoje tem uma rotina, mas naquele tempo era um grupo de jovens interessados, que viajavam daqui para ali, para acolá, então, na minha visão, tinha muito mais entusiasmo pra todo mundo: para quem estava dentro e quem estava fora.

O movimento era mais vigoroso.
Mais vigoroso! Tinha um grupo de jovens... Eu me apaixonei pelo Espiritismo na União Espírita Baiana. Quando fui fazer vestibular, eu já conhecia o Espiritismo, meus pais eram espíritas, não de carteirinha, mas eram. E eu encontrei na União aquele ambiente com uma porção de jovens entrando – Francisco Bispo, Jayme Batista, que veio depois, Virgílio Sobrinho... Naquela época fizemos um curso de jornalismo espírita. Então, foi aquele movimento, de viajar e tal, por isso me entusiasmei muito pelo Espiritismo.

E quando é que surge a USEB?
A União Social Espírita da Bahia foi um órgão criado em consequência do Pacto Áureo, que prescrevia uma porção de coisas e os jovens se entusiasmaram com aquilo e começamos a trabalhar muito a partir daí. Hoje é que o movimento está devagar, enquanto o mundo está fervendo. Mas tudo tem sua razão de ser.

O que representou o Pacto Áureo para a vivência do Espiritismo?
O Pacto Áureo foi um momento de grande importância para o movimento espírita no Brasil, mas logo depois as pessoas foram se inspirando cada vez mais no Catolicismo e nas outras religiões. E o próprio Kardec disse que o Espiritismo não era religião – é uma ciência filosófica de consequências morais, mas que iria a qualquer lugar onde qualquer religião fosse. Então, eu vejo no Espiritismo um processo educativo de primeira grandeza, em que você começa a conhecer cada vez mais a Natureza e entender a administração de Deus e a delegação que Ele deu a Jesus, para poder fazer como se fosse Ele. E como toda terça-feira, em meu lar, eu faço o culto do Evangelho segundo o Espiritismo, eu fico encantado em ver como as coisas se explicam, porque se tudo isso for mentira, vale a pena você seguir, até que apareça coisa melhor.

O espírito científico da Doutrina se perdeu, nos dias atuais?
Não, eu acho que não se perdeu, mas não está sendo utilizado como eu acho que precisaria. O mundo ferve... o Brasil, hoje, é uma das economias mais esperançosas do globo – tudo isso faz com que o movimento espírita desponte como um movimento másculo, que estivesse aí mostrando sua face construtiva. Mas eu fico satisfeito em ver que ele não está parado, não é?

O que fará com que o movimento recobre a pujança de antes?
- Eu não sei, mas é preciso que isso seja discutido entre as lideranças.

Número 17 - Página 5

Notícias



Seminário sobre mediunidade comemora aniversário da AME-Bahia
André Luiz Peixinho, presidente da FEEB e membro da AME-Bahia, é um dos palestrantes. 


A Associação de Medicina e Espiritismo da Bahia (AME-Bahia) realiza no dia 6 de agosto deste ano o Seminário Medicina e Saúde, em comemoração pelos 17 anos de sua fundação. O evento, que tem apoio da Federação Espírita do Estado da Bahia (FEEB), da Associação Bahiana de Medicina (ABM) e do Sindicato dos Médicos do Estado da Bahia (Sindimed), está previsto para acontecer na sede da ABM (Rua Baependi, 162 – Ondina), onde a AME-Bahia promove suas reuniões.
O seminário vai discutir principalmente “a contribuição da mediunidade no processo evolutivo da Humanidade”, tema central da mesa-redonda que terá a participação do psiquiatra Fábio Pires, da psicóloga Nádia Matos e do médico Fernando Santos. Eles vão enfocar, respectivamente, estes assuntos: “A mediunidade e a importância dos tratamentos espirituais na abordagem das doenças psiquiátricas”; “A mediunidade como elemento do perceber-se espírito, repercutindo nas questões psicológicas do ser”; e “A mediunidade como elemento de estruturação do construto religioso humano”.
Além deles, também o médico e psicólogo André Luiz Peixinho (“Mediunidade e saúde”), a psicóloga Ruth Brasil Mesquita (“Psicologia e mediunidade”) fazem palestras no encontro, que terá ainda um “relato de experiências diferenciando o fenômeno mediúnico dos processos místicos ou patológicos”, conduzido por Fábio Pires e pela psicóloga Carolina Azevedo. Antes do encerramento, a também médica Eleonora Peixinho, presidente da AME-Bahia, conduzirá uma “vivência”.
A realização da AME-Bahia também ressalta as comemorações pelos 150 anos de lançamento, em 1861, de O Livro dos Médiuns, obra na qual Allan Kardec insere uma descrição sistematizada sobre a mediunidade, dentro de um olhar científico, descrevendo múltiplos tipo de manifestações mediúnicas, suas nuances, riscos e os cuidados necessários para exercê-la em prol do crescimento da humanidade.
Informações sobre inscrição no evento são prestadas pela secretaria do Seminário instalada na sala 10 da sede da FEEB - Rua General Jayme Rolemberg, 110, Brotas. Os contatos devem ser feitos com Regina, pelo telefone 8797-0891 ou através do e-mail amebahiamed@yahoo.com.br.

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Poesia


Alma das andorinhas
João Cabete


Eu não sei dizer para onde vão
as almas das andorinhas
eu não sei, eu não sei...

Eu não sei dizer para onde vão
saudades e desencontros
eu não sei, eu não sei...

Eu só sei dizer que dentro da minh’alma
sinto a Natureza cantando e chorando
eu só sei dizer que sinto Deus sorrindo para mim.

Eu não sei dizer para onde vão
perfume de tantas flores
eu não sei, eu não sei...

Eu não sei dizer para onde vão
tristezas e desencantos
eu não sei, eu não sei...

Eu só sei dizer que dentro da minh’alma
sinto a Natureza cantando e chorando
eu só sei dizer que sinto Deus sorrindo para mim.

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Aniversariantes do trimestre


Abril
11 – Carol;
19 – Euclésia;
23 – Norma e Jorge Luiz;
25 – José Hermínio;
27 – Vera Mirtes;

Maio 
14 – Maria das Graças Castro;
25 – Maria da Glória;

Junho
1 – Marco Antônio;
3 – Izabel Tavares;
8 – Jane Selma;
9 – Lindinalva;
19 – Ana Cláudia;
29 – Angélica Santos.




Número 17 - Página 6

Doutrina



Chico Xavier e a educação de crianças birrentas


A psicologia aplicada à educação tem exercido grande influência, nas últimas décadas, nos métodos de orientação e educação da infância, algumas das escolas chegando ao ponto de recomendarem a total eliminação dos castigos às crianças, por mais moderados que sejam, sob o argumento de que inibem o completo desenvolvimento físico e mental delas.
Marlene Rossi Severino Nobre, em seu livro Lições de Sabedoria, retransmite-nos fato muito interessante que lera ou ouvira de Fernando Worm:

“Ao final da sessão em que o médium Luiz Antonio Gasparetto, em transe, pintou telas com assinaturas de Picasso, Manet, Modigliani, Tissot, Delacroix, Van Gogh e vários outros, Chico Xavier submeteu-se a uma espécie de sabatina acessível às centenas de pessoas presentes à reunião do Grupo Espírita da Prece.
“Por exemplo, discutia-se o problema de meninos integrantes de lares bem postos que cedo se mostram ineducáveis, seduzidos por viciações e estilos de vida que por vezes os levam ao suicídio entre a idade de 12 a 14 anos. Uma educadora participante fazia colocações do problema, abrangendo desde Freud até as modernas conquistas pedagógicas nesse campo. Depois de ouvi-la, Chico Xavier fez o seguinte comentário:
“Vocês, de certo, conhecem a lenda indu do marajá que não permitia fossem contrariados os desejos de seu filho de seis anos? Não conhecem? Então vamos lá! Certo dia, esse menino manifestou desejo de montar num elefante, no que foi prontamente atendido pelos servos do poderoso marajá. Sucedeu que uma vez montado, não quis descer do lombo do animal. Os servos lhe serviram ali mesmo o café e as demais refeições e, à noite, como se negasse a descer da montaria, arranjaram uma cama para que dormisse como melhor lhe apetecesse. No dia seguinte, preocupado com a permanência do filho naquela situação, mandou chamar um médico, um psicólogo e um professor, mas estes não conseguiram que a criança arredasse pé dali. Finalmente, já aflito, o marajá mandou buscar às pressas um velho tibetano que vivia na montanha e tinha fama de muito sábio. Ali chegando, o ancião, inicialmente, pediu uma escada, no que foi atendido. Tendo subido, cochichou meia dúzia de palavras ao ouvido da criança. Foi o bastante para que esta de pronto descesse do animal. Encantado com o notável feito, perguntou o marajá: ‘Mas, afinal, o que é que o senhor disse ao meu filho que fez com que ele descesse tão depressa?’
“’Disse-lhe’ – retrucou o sábio montanhês – ‘que se não descesse dali imediatamente, iria lhe aplicar uma boa surra de vara’.”

Livro:  O Apóstolo do Século XX – Chico Xavier. Weimar Muniz de Oliveira. FEEGO - Federação Espírita do Estado de Goiás.

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Programação de Atividades do C. E. Lar João Batista


Doutrinárias – Domingo, 10 horas; segunda-feira, 20 horas; quinta-feira, 16 horas.

Passes - Segunda-feira, 16 às 18 horas; terça, 16h30 às 18h; quarta, 10 às 11 e 16 às 18h; quinta, 17 às 18 e 19 às 20h; sexta, 16 às 18h; sábado, 15h30 às 16h30.

Entrevistas - Quarta-feira, 10 às 11 horas; sexta-feira, 15h30 às 17h30.

Escola mediúnica - Quinta-feira, 20 às 21 horas; sábado, 15 às 16h30.

Curso básico - Quinta-feira, 20 às 21h30; sábado, 15 às 16h30; domingo, 9h30 às 11 horas.

Grupos de estudo - Terça-feira, 20 às 21h30; quarta-feira, 9 às 10h; quinta-feira, 20 às 21h30; sexta-feira, 15 às 16h.

Evangelização – sábado, 8h30 às 10 horas.

Pré-requisito para acesso a grupos de estudo: ter o curso básico.

“O amor que compreende o erro é êmulo do amor que educa, da mesma forma que o amor que perdoa promove o amor que salva.” 
(Joanna de Angelis)




Número 17 - Página 7

Humor


Importância do sorriso na casa espírita


Outro dia um amigo me confidenciou que estava muito preocupado com a ausência de sorrisos e calor humano no interior das instituições espíritas. E que se nossa Doutrina é otimista, trazendo nova luz para a vida, por que é que há tanta gente carrancuda dentro das instituições?
Não pude deixar de concordar com ele.
De fato, tenho percebido que muitas instituições, através de seus dirigentes e trabalhadores, à guisa de manter a seriedade doutrinária comprometem o seu bom humor, a simpatia, o calor humano, como se o mundo se resumisse às suas carrancas, ao sofrimento e ao pessimismo.
Não podemos esquecer que normalmente quem procura o centro espírita está com dificuldades, está desanimado, está sofrendo. Se mantemos uma postura sisuda, com humor fechado, e sem a luz de um sorriso, devemos saber que temos a chance de estarmos contribuindo para influenciar negativamente aqueles que nos procuram, piorando a sua situação.
Talvez por um atavismo judaico-cristão associado com a idéia equivocada de que o sofrimento é enobrecedor e é sinal de evolução (o que está errado, evidentemente) é que esses irmãos e irmãs que preferem a carranca ao sorriso estejam agindo assim.
Que jamais faltem sorrisos nos centros espíritas, pois nada mais animador do que ser recebido com um sorriso e com calor humano. Pois nós não somos máquinas. Somos seres humanos, seres espirituais, tendo o compromisso de transformar o mundo para melhor. Para que sombras em nosso rosto?
Não podemos esquecer que o abismo atrai o abismo e que sorrir sempre é a garantia de espalhar a paz e a alegria a contagiar aqueles que estão ao nosso redor, onde quer que seja.
E a casa espírita detém um papel de fundamental importância como irradiadora da luz, sendo nossa postura a lâmpada a propagar essa boa energia. Se fechamos o nosso rosto, estaremos impedindo o fluxo dessa luz. Pois “cara” fechada não é sinal de evolução.

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Charge




Curiosidades


O túmulo de Allan Kardec é um dos mais visitados do cemitério Père Lachaise, em Paris. O Père Lachaise é famoso pela quantidade de celebridades ali sepultadas: Fredéric Chopin, Maria Callas, Edith Piaf, Marcel Proust, Amedeo Modigliani, Sarah Bernhardt, Oscar Wilde, Honoré de Balzac, Jim Morrison… A maior parte dos turistas que visita o túmulo de Kardec é brasileira.

O Espiritismo nega o dogma da divindade de Jesus e aceita o seu caráter humano, o que tem provocado uma longa rejeição da parte de muitos cristãos e um severo atrito com a igreja católica. Livros espíritas chegaram a ser queimados em praça pública.

O Espiritismo chegou no Brasil em 1860 sofrendo, desde já, grande preconceito. Só para se ter uma ideia, o Código Penal de 1890 classificava-o como crime. Os primeiros centros espíritas surgiram apenas em 1865.

Existe no Brasil uma cidade fundada exclusivamente por espíritas (ela cresceu a partir de um centro espírita). É a cidade de Palmelo, no estado de Goiás, a 58 Km de Goiânia e com população atual de 2.500 habitantes.

Apesar da pátria-mãe do Espiritismo ser a França, é no Brasil que a doutrina tem o maior número de adeptos. São 2,5 milhões de seguidores e outros milhões de simpatizantes.


Número 17 - Página 8

Opinião


Atualizar para progredir!

Ivan Cezar - Expositor e administrador de empresas, diretor doutrinário do C. E. Lar João Batista



Apesar de parecer existir uma espécie de movimentação onde alguns de nós - poucos, é verdade - que nos autodenominamos “estudiosos”, clamam por uma atualização literária das obras básicas do Espiritismo, coisa que acreditamos ser desnecessária pelo fato de a maior parte dos espíritas ainda não ter conseguido esgotar os estudos dessas obras, e ainda que o título do artigo possa induzir o leitor mais apressado a uma interpretação errônea, não trataremos aqui desse assunto polêmico. A intenção é discutir uma necessária atualização na comunicação, na forma de transmitir os ensinamentos da Doutrina.
Através de uma verificação mais apurada ou mesmo numa lembrança um pouco mais aguçada das obras da codificação kardequiana, teremos a oportunidade de relembrar uma questão importante trazida pelo professor Rivail quando nos orienta sobre o caráter progressista da Doutrina Espírita afirmando, inclusive, em “A Gênese”(1), que “Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto”. Razão mais do que suficiente para que possamos, de tempos em tempos revisar, cuidadosamente, o que estamos falando, escrevendo ou divulgando, em nome da Doutrina, nas nossas atividades diárias, seja na casa espírita ou na sociedade de modo geral.
Alguns de nós, dirigentes, palestrantes, oradores, doutrinadores parecemos estar aprisionados num passado que já não é mais condizente com os dias atuais, fazendo com que sejam repetidos, de forma sistemática, quase antiquada, os conteúdos que aprendemos nas obras basilares, mas que devem passar por uma releitura do conteúdo e principalmente, para os que têm a responsabilidade de divulgação do Espiritismo através da apresentação de trabalhos orais ou escritos, da linguagem.
A administração moderna, através da gestão de pessoas, vem estudando o conflito de gerações que caracteriza os ambientes profissionais de hoje, demonstrando como essas diferenças podem trazer entraves à compreensão das mensagens e das atitudes que precisam ser tomadas em cada situação. Parece que essa “epidemia” vem tomando conta dos discursos espíritas.
Verificamos trabalhos com uma linguagem predominantemente voltada aos tempos passados, ao século XIX, quando foram lançadas as obras do Pentateuco espírita. Vocabulário pouco atraente e com uma rigidez flagrante da linguagem oral, deixando patente uma maior preocupação com a forma. A questão principal não é o conteúdo, mas a maneira de apresentação deste.
Já nos perguntamos os motivos que levam as casas espíritas a ter dificuldades com a formação e a manutenção dos grupos de jovens? Aquelas que conseguem, por que conseguem? Será que isso não passa pela maneira de dirigir o discurso ao jovem? Será que não estamos tentando disfarçar o nosso egoísmo em não aceitar as atualizações que se fazem necessárias na caminhada rumo ao progresso? “Eu sou ótimo no que faço e não preciso de atualização.” Será que não estamos pensando dessa forma por pura vaidade, criando gargalos na progressão do pensamento espírita?
Utilizamos o “Vossa Mercê” ou o “você”? Não seria isso uma atualização? Como podemos reter a atenção das pessoas se continuamos com aquela velha forma de discurso onde o “eu falo, você escuta” é predominante? Como podemos permitir que uma pessoa que trabalha o dia inteiro e vai ao Centro assistir uma doutrinária noturna caia, literalmente, no sono durante uma apresentação e dizer que o “obsessor” não quer que ela escute? Será que não está na hora de encontrarmos uma didática diferente daquela que temos utilizado?
Povo de Deus, por favor, vamos adentrar de uma vez por todas o século XXI! Já viram os trabalhos de Divaldo Franco? Mantendo as suas convicções, fruto de um período grande de estudos e aprendizado através das suas vivências, tem trazido o lúdico às suas palestras, interagindo com as pessoas através dos seus “causos” e fazendo com que estejamos atentos o tempo todo ao que se fala. E olhe que Divaldo já passou dos 30 há algum tempo! É somente um exemplo de vários outros que poderíamos citar para embasar o título deste artigo.
Parece que, com o passar do tempo, há uma tendência a nos fecharmos no nosso mundo, restrito ao nosso pequeno aprendizado, deixando de vivenciar as novidades que surgem bem debaixo do nosso nariz.
Em “O Livro dos Médiuns” não nos recordamos de citação alguma aos fenômenos de Transcomunicação Instrumental (TCI), apesar de constar em “O Livro dos Espíritos” que “no futuro teríamos acesso a meios mais diretos e mais acessíveis à comunicação com os Espíritos”(2). Sabemos disso. Não poderia ser diferente, já que tal fenomenologia só surgiu no meado do século seguinte. Nem por isso deixamos de estudar o fato nos dias de hoje. Quem tem olhos que enxergue!
Acreditem ou não, nenhum de nós ficará para semente. Se tivermos a intenção de fazer com que as ideias espíritas sigam através dos tempos, vamos auxiliar a Espiritualidade nesse sentido. Buscar uma comunicação de forma mais clara, objetiva, interativa, didática, lúdica. Esta parece ser uma estratégia bastante interessante e condizente com o caráter de progresso e evolução citado pelo ilustre Allan Kardec.
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(1) Capítulo “Caráter da Revelação Espírita”. Item 55
(2) Resposta dada a Kardec na questão 934 de “O Livro dos Espíritos”