sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Número 22 - Capa

EDITORIAL

Os ventos de 2013
Angélica Santos


Que o Novo Ano que se aproxima nos traga novas ideias para que possamos alcançar novas metas, não só na Casa em que estamos inseridos, como também vontade de buscarmos cada vez mais nos aprofundarmos no conhecimento dos postulados da Doutrina que abraçamos, para que, de alguma forma, nos sejam dadas possibilidades de repassar essas informações àqueles que, em nosso ambiente de trabalho, queiram crescer no dia a dia ao nosso lado. Do mesmo modo devemos proceder junto aos que adentram nossas fileiras em busca do amor e da tolerância.
Para o Lar João Batista 2012 foi um ano de muita produtividade, embora alguns momentos de pequenos problemas. Graças aos laços de amor e compreensão que nos unem conseguimos vencer esses empeços com tranquilidade, fortalecendo nossa amizade. Não podemos deixar de relembrar os instantes de paz e serenidade, tendo a Casa, graças ao fermento do amor entre nós, terminado o ano acrescentando a seu currículo de ações muito proveito em todas a áreas.
Assim, esperamos que em 2013 possamos continuar, tranquilamente, tudo que planejamos. Desejamos que o Movimento Espírita cumpra com o seu papel de trazer para todos nós, como sempre fez, momentos de entrosamento e harmonia, para que, de certo modo, possamos juntos levar à sociedade os valores e vivências contidos no bojo de nossa Doutrina libertadora.

***

LEIA NESTA EDIÇÃO:


Existe no Brasil uma cidade fundada e habitada só por espíritas, no estado de Goiás. Esta e outras curiosidades referentes à Doutrina você vê na Página 7.

Jurista, poeta, médium de cura e divulgador do Espiritismo através da criação de muitos centros, Bittencourt Sampaio é o vulto espírita destacado nesta edição. Página 3

A Juventude Espírita Nina Arueira, do C. E. Caminho da Redenção, promove encontro de jovens de todo o Brasil durante o Carnaval, com a participação de Divaldo Franco. Página 5

Em artigo, a jornalista Liliana Peixinho indaga sobre “como recomeçar o resgate do equilíbrio, do respeito ao outro?”... Página 8

Numa reunião mediúnica os participantes não devem ter nenhum interesse moral ou material. Página 6




Número 22 - página 2

MOVIMENTO

Mednesp leva pesquisadores e médicos espíritas a Maceió


Estão abertas as inscrições para o Congresso Nacional da Associação Médico-Espírita do Brasil (Mednesp), que acontecerá em Maceió (AL) no feriadão de Corpus Christi - período de 29 a 31 de maio e 1 de junho deste ano. Entre os palestrantes já confirmados estão Alberto Almeida, Décio Iandoli, Haroldo Dutra, Marlene Rossi, Sérgio Lopes, Irvênia Prada e Roberto Lúcio Vieira.
As palestras serão divididas em três auditórios. No primeiro se discutirá o tema “Médicos, psicológicos, éticos e educacionais”, o segundo auditório terá como tema “Os dois Willians”, dedicado a William Crookes (foto) e William James e destinado àqueles que já têm um conhecimento mais científico do assunto; e, por fim, o último é voltado às discussões específicas como “Assistência e orientação ao dependente químico, assistência ao doente ambulatorial através dos institutos de saúde e ao doente hospitalizado”.
O congresso será realizado no Centro de Convenções de Jaraguá, em Maceió, numa promoção da AME-Brasil e AME-Alagoas. Mais informações estão disponíveis no site http://mednesp2013.amealagoas.com.br/


***

Evento no interior do Paraná

O médium e tribuno baiano Divaldo Pereira Franco mais os expositores Sandra Borba Pereira (RN), Alberto Almeida (PA), Sandra Dellla Pola, Haroldo Dutra Dias e Suely Caldas Schubert (MG) são os nomes elencados para desenvolverem as atividades da XV Conferência Estadual Espírita - Amanhecer de uma Nova Era. O evento vai acontecer no Expotrade, em Pinhais, interior do Paraná, no período de 8 a 10 de março deste ano.

***

CURTAS


De periodicidade trimestral, já está circulando a segunda edição do jornal Jovem Semeador, publicado pelos integrantes da Juventude Espírita Semeador, da Sociedade Espírita O Semeador, localizado no Campo da Pólvora. O informativo também tem sua versão online, na rede social Facebook, e pode ser acessado pelo endereço http://www.facebook.com/JovemSemeador.

Os expositores Nahon Castro, Adenáuer Novaes, Marcel Mariano, Márcia de Aguiar, Pedro Camilo, Luciano Menezes, Isabel Guimarães e Djalma Argollo foram convocados pelos dirigentes da Casa de Oração Joanna de Ângelis para desenvolverem a programação de sua XVI Semana Espírita, que acontece de 19 a 26 de janeiro, abaordando o tema “Mediunidade - uma possibilidade de todos”.

Como acontece nos meses de janeiro e fevereiro, nos últimos anos, a Casa de Oração Bezerra de Menezes realiza seu Projeto Verão todas as quartas-feiras, das 19h30 às 21 horas. Os encontros têm o tema “Sentimento: a força do espírito”, baseado no livro homônimo de Alzira Bessa França Amui e Luciano Sivieri Varanda.



Número 22 - página 3

HOMENAGEM


Bittencourt Sampaio:
O protetor da Federação Espírita Brasileira

Francisco Leite de Bittencourt Sampaio, filho de um negociante português do mesmo nome e de D. Maria de Santa Ana Leite Sampaio, nasceu em Laranjeiras, localidade da então Província de Sergipe, no dia 1o. de Fevereiro de 1834, e desencarnou no Rio de Janeiro a 10 de Outubro de 1895. Foi jurisconsulto, magistrado, político, alto funcionário público, jornalista, literato, renomado poeta lírico e excelente médium espírita.
Tendo principiado seus estudos de Direito na Faculdade do Recife, continuou-os na Academia de São Paulo (atual Faculdade de Direito). Interrompeu, em 1856, o seu curso acadêmico para acudir os conterrâneos enfermos, por ocasião da epidemia de cólera. Por esses serviços, a que se entregou desinteressadamente, foi condecorado pelo Governo Imperial com a Ordem da Rosa, que não aceitou por incompatível com suas idéias políticas.
Bastante querido pelos seus colegas, colaborou na revista “O Guaianá” (1856), dos estudantes de Direito, e em outras publicações literárias de São Paulo, como em “A Legenda”, nos “Ensinos Literários” do Ateneu Paulistano, na “Revista Mensal do Ensaio Filosófico Paulistano”, no “Correio Paulistano”, etc... O ilustre jornalista, político e historiador professor Dr. Almeida Nogueira, que o conheceu de perto, deixou-nos, em rápidas pinceladas, esta descrição de sua figura: “Alto, louro, pálido, olhos azuis, encovados e muito expressivos, cabelos crescidos e atirados para trás, descobrindo-lhe a fronte iluminada pelo talento e pela inspiração. Fisionomia romântica e extremamente simpática.”
Bacharelando-se em 1859, Bittencourt Sampaio exerceu a promotoria publica em Itabaiana e Laranjeiras, em 1860-1861, trabalhando ainda como inspetor do distrito literário na primeira dessas comarcas. Em março de 1861, retirou-se da Província de Sergipe, vindo para a antiga Corte do Rio de Janeiro, onde abriu banca de advogado, que freqüentou por muitos anos.
Militando na política, filiou-se ao Partido Liberal. Eleito, pela sua Província, deputado à Assembléia Geral Legislativa, nas legislaturas de 1864-1866 e 1867-1870, foi, nesse último período, presidente do Espírito Santo, nomeado por carta imperial de 29 de setembro de 1867, cargo que exerceu até 26 de abril de 1868, para voltar ao desempenho do mandato legislativo na Corte.
Em 1870, abraçando as idéias republicanas, desligou-se do partido a que pertencia e fez-se ardoroso propagandista da República. Nessa qualidade, assinou, ao lado de Saldanha da Gama, Quintino Bocayuva e outros, o célebre Manifesto de 3 de Dezembro de 1870, que tão larga repercussão teve, tornando-se importantíssimo documento histórico. Jornalista, não só era deputado pelo brilho de seus artigos, mas também grandemente respeitado pela elevação, sinceridade e firmeza com que sustentava e defendia seus ideais políticos.
Proclamada a Republica, foi comissionado para inventariar todos os papéis existentes na Câmara dos Deputados, cargo que deixou para exercer o de redator dos debates na Assembléia Constituinte, em 1890. Foi o primeiro administrador da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro a gozar do titulo oficial de Diretor, já que até ao fim do Império os titulares a dirigiam como “bibliotecários”. Nomeado a 12 de Dezembro de 1889, empossou-se dois dias depois, tendo exercido o cargo até 15 de Outubro de 1892.
Não se sabe quando ele entrou para o Espiritismo, mas em 2 de agosto de 1873 já fazia parte da Diretoria do “Grupo Confúcio”, primeira sociedade espírita surgida em terras cariocas. Lá desenvolveu sua mediunidade receitista, curando muitos doentes com remédios homeopatas. Assinala Almeida Nogueira que Bittencourt Sampaio foi atraído pelo Espiritismo pelos fenômenos, assunto este que ele estudou profundamente, mas foi a parte moral que mais impressionou o poeta-filósofo.
Funda, em 1876, a “Sociedade de Estudos Espíritas Deus, Cristo e Caridade”, presidindo-lhe os trabalhos, nos quais era parte importante o estudo dos Evangelhos à luz do Espiritismo. Fundado, em 1880, o “Grupo Espírita Fraternidade”, a ele Bittencourt Sampaio também empresta sua valiosa colaboração. O respeitável vulto do Espiritismo Cristão no Brasil, Dr. Antônio Luís Saião, que se convertera graças à mediunidade curadora de Bittencourt Sampaio, reúne então os médiuns da referida sociedade no “Grupo Ismael”, por ele criado e até hoje existente, e ali Bittencourt Sampaio se constituiu num dos intermediários de belas e instrutivas mensagens de Espíritos Superiores.
Declara o “Reformador” de 15 de Outubro de 1895, que Bittencourt “se preparava para escrever a Divina Tragédia do Gólgota, quando, fruto maduro, foi colhido pela mão do celeste jardineiro”. Depois de sua desencarnação, o Espírito de Bittencourt Sampaio escreveu, pelo médium Frederico Junior, as seguintes obras: “Jesus Perante a Cristandade”, “De Jesus para as Crianças”, e “Do Calvário ao Apocalipse”.
Tais, em ligeiro e imperfeito escorço, a personalidade humana e a individualidade espiritual daquele que se chamou, entre nós, Francisco Leite de Bittencourt Sampaio e que, desde quando volveu à vida de Espírito livre, se constituiu, entre os eleitos do Senhor, guia indefeso, protetor caridoso e clarividente orientador da Federação Espírita Brasileira.

Número 22 - página 4

ENTREVISTA

Maurício Bastos: "Eu era ateu..."
Maurício Bastos (E), cumprimenta um amigo durante um evento espírita.


1 Como se deu seu envolvimento com o Espiritismo?
Minha esposa, Inês, foi o agente condutor para meu encontro com a Doutrina Espírita. É verdade que quando eu era ateu e fazia faculdade, vinha flertando esporadicamente com a transcendência da matéria. Já havia lido alguns livros como “Viagem de uma alma”, lido livros de Krishnamurti, comprado O Livro dos Médiuns, mas com muitas reservas e dúvidas a respeito da existência do Espírito.

2 O que o fez "escolher" o Deus, Cristo e Caridade como sua Casa de trabalho?
Foi uma cadeia afetiva. Inês namorava um frequentador do GEDCC que a levou para lá. Quando eu a conheci, liguei para a casa dela para convidá-la para sair e me disseram que ela estava no centro. Pensei: o que uma jovem está fazendo às nove horas no centro da cidade? Depois foi a minha vez de ser levado para o GEDCC e não sair mais. No entanto, segundo João de Matos, nosso coordenador espiritual, cada um de nós foi conduzido por ele até o Grupo.

3 O que esta Casa tem podido oferecer à comunidade que busca pelos serviços espirituais?
Todos os serviços prestados pelo GEDCC têm como principal objetivo a espiritualização do Ser. Da recepção, da manutenção, fiscalização, lanchonete e outros serviços de cunho material, mesmo nestes, o crescimento espiritual é a meta mais importante.
Podemos citar ainda: reuniões doutrinárias (a palavra que cura); reuniões desobsessivas (acolhimento aos espíritos sofredores); polarização (fluidoterapia direcionada a determinadas partes do corpo físico e perispiritual); normalização perceptiva (tratamento para obsessões comandadas por legiões de espíritos); Apometria (tratamento de obsessões graves ou subjugações); Atendimento a enfermos (aplicação energética destinada a enfermos).
E mais:
Atendimento médico, dentário e farmacêutico gratuito; Evangelização de jovens; atendimento a famílias de baixa renda com capacitação para geração de renda; Atendimento fraterno (entrevista e encaminhamento para o atendimento adequado); APSI (atendimento psicoterapêutico); Grupo de estudo da Doutrina Espírita.

4 A participação de trabalhadores tem conseguido fazer frente à demanda?
Sempre existe a queixa que a maioria dos trabalhos sempre recaem sobre os mesmos, mas tenho uma percepção diferente. Para mim, o trabalho é o maior prêmio do servidor, sua maior recompensa e no GEDCC são muitos os que querem servir, alguns com mais boa vontade, outros ainda com ranços da exploração sofrida, mas todos aprendizes do Mestre.

5 Quais são as maiores dificuldades enfrentadas por um presidente de casa espírita - e quais as vantagens desse encargo, sob os dois pontos de vista?
A maior dificuldade é o próprio presidente, nosso despreparo para servir sem esperar recompensa, sem se melindrar com as cobranças. É o maior desafio que enfrentei. É preciso estar sempre motivado e ser motivador. É acreditar em si, nos companheiros, nos amigos espirituais e no Mestre.
São muitas as vantagens, mas posso dizer que a que mais me emociona é me sentir amparado, confiante. É saber que mesmo quando erro o Pai está sempre presente. Hoje começo a perceber o que é verdadeiramente a Fé.
O Grupo Espírita Deus, Cristo e Caridade (GEDCC) está localizado na Ladeira dos Tupis, no Matatu.

Número 22 - página 5

NOTÍCIAS

Nina Arueira promove encontro no Carnaval


Jovens espírita na faixa etária de 13 a 21 anos podem participar do V Encontro Fraternal da Juventude Espírita Nina Arueira (JENA), evento promovido no período do Carnaval deste ano na Mansão do Caminho. Divaldo Franco abre o encontro, que vai tratar sobre Reencarnação, Mediunidade e Caridade à luz do Espiritismo. "Uma expressiva e útil opção para o jovem interessado em crescer intelectual e moralmente num período em que a inversão de valores parece predominar", diz Edilton Costa, coordenador da JENA. “É um alvorecer para a juventude espírita na Mansão do Caminho, e no Centro Espírita Caminho da Redenção (CECR - foto), na cidade do Salvador”. A partir das 6h do sábado de carnaval (dia 9 de fevereiro), começará o V Encontro Fraternal JENA, com a temática “Encontro com Jesus, vivendo Yvonne do Amaral Pereira”, até 12 de fevereiro.
Na noite de abertura, após inédito momento artístico, às 19h30, Divaldo Franco, médium espírita e fundador da Obra Social Mansão do Caminho, realiza palestra com tema livre, porém dentro do contexto do encontro, no Cenáculo do CECR, especialmente para os jovens espíritas, de 13 a 21 anos de idade - faixa etária exigida para vivenciar o evento de forma integral -, além de evangelizadores e voluntários, presentes para as atividades. Para participar é necessário efetuar a contribuição de R$65, mais um quilo de alimento não perecível. As inscrições têm prazo de encerramento em 31 de janeiro de 2013.
Promovido pela JENA, do CECR, sob a luz do Evangelho e da Doutrina Espírita, temas como Reencarnação Libertadora (Justiça), Mediunidade: Da Provação à Missão (Amor), e Missão Redentora (Caridade) serão abordados, vivenciados e debatidos entre todos, especialmente por integrantes de Juventudes Espíritas. Da cidade de Aracaju (SE), cerca de 40 adolescentes e oito adultos já confirmaram presença. Também mais de 10 jovens virão da cidade de Campinas (SP).
Entre as principais atividades da programação estão momentos de arte, ceia, dinâmicas pedagógicas e motivações temáticas: “Breve ensaio biográfico”, por Pedro Camilo, “Mediunidade com Yvonne”, com o Projeto Manoel Philomeno de Miranda, e depoimentos dos colaboradores da Caravana Auta de Souza, tudo depois do alvorecer, o despertar do sono, o Evangelho, e posteriormente com um café, de domingo (10) a terça-feira (12) de carnaval.

***

POESIA

Prece da criança boa
(autor desconhecido)


— Senhor, Tu me dás tudo:
Vida, saúde, força e
inteligência!

Eu não Te dou, contudo,
Nada ainda, Senhor,
Porém, tenho esperança
De dar-Te muita coisa,
Enquanto sou criança!

Eu Te prometo dar
A vontade de ser obediente
A meus pais, a meus mestres, no meu lar,
E boazinha para toda gente.

E a vontade também
De trabalhar, Senhor, de trabalhar
Na prática do Bem,
Sem cometer jamais
Nada que fira, que maltrate e doa
Nem aos pequenos, nem aos animais:
Eu quero ser uma criança boa.

***

ANIVERSARIANTES DO TRIMESTRE


Outubro
5 - Celeste;
15 - Dalva;
19 - Terezinha;
21 - Celina;
26 - Juçara;
27 - Clélia;
28 - Maria Emília;
30 - Nalva.


Novembro
10 - André Luiz;
11 - Conceição;
15 - Erotildes;
18 - Ivan.


Dezembro
3 - Francisco Muniz;
19 - Carmelita;
25 - Jersonias;
30 - Auri.


Não digo que envelheci
A cada aniversário
Só sei que há muito deixei
De ser meu adversário...



Número 22 - página 6

DOUTRINA

Desinteresse moral e material
Francisco Muniz - jornalista e expositor espírita


No capítulo XXVI de O Evangelho Segundo o Espiritismo, sob o título "Dai de graça o que de graça recebestes", Allan Kardec chama a atenção para a prática do intercâmbio espiritual dizendo que "as principais condições para harmonizar a benevolência dos Espíritos são: a humildade, o devotamento, o mais absoluto desinteresse moral e material". O Codificador ainda grifa as duas expressões, reforçando o pensamento segundo o qual os médiuns espíritas devem ter a mente e o coração livres de todo empeço ao pleno exercício da faculdade mediúnica.
Cá para nós, é perfeitamente compreensível o alerta quanto ao desinteresse material, uma vez que é desnecessário, absurdo mesmo, ir a uma sala mediúnica em busca de ganhos materiais, ainda que no início a maioria dos médiuns tenha chegado à casa espírita motivados por circunstâncias de ordem material, quais os comprometimentos físicos, mesmo que gerados por problemas espirituais inconscientes. Mas o aviso sobre o desinteresse moral merece ser analisado mais detidamente, porque quando queremos servir na obra divina com amor estamos imbuídos dos mais sinceros propósitos e dizemos querer fazer o bem os espíritos encarnados ou desencarnados, principalmente. Mas será assim mesmo?
De acordo com o pensamento de Kardec, nem mesmo esse desejo deve ser abrigado no íntimo do médium - o de querer fazer o bem -, e ele, o Codificador, informa a razão disso, no tópico sobre a mediunidade gratuita (itens 7 a 10, fechando o citado capítulo XXVI), afirmando que o próprio médium não é senhor de sua faculdade e que a mediunidade é neutra, não sendo o médium que dela se serve, mas os Espíritos.
Não é por acaso, então, que muitas vezes ouvimos dirigentes espirituais de nossas reuniões mediúnicas dizerem que não vamos à sala fazer, como pensamos, mas receber caridade. Por isso devemos pensar melhor a respeito de nosso labor mediúnico, porquanto nos diz Allan Kardec que "a mediunidade é uma faculdade santa e deve ser praticada santamente, religiosamente".
Assim, a postura do médium, especialmente daquele que está iniciando no exercício de sua faculdade, deverá ser a da neutralidade a mais completa possível, a fim de obter o sucesso que se espera. Porque é muito comum, nesses momentos, o médium, em vez de se entregar com confiança, ao labor junto aos Espíritos, ficar imaginando situações, duvidar da presença das entidades espirituais ou simplesmente dar vazão a sua fé e se postar em oração enquanto aguarda uma possível comunicação...
Conforme se depreende do comentário do Codificador, o médium deve ser mesmo um instrumento para a ação dos Espíritos. Nesse sentido, precisa ser um instrumento o mais afinado possível. Deve, também, ser o canal através do qual as águas da Espiritualidade se derramem sobre as necessidades alheias, suavizando dores e consolando aflições. Para tanto, esse canal deverá ser o mais limpo possível, para que essas águas alcancem seu objetivo a contento.

Número 22 - página 7

HUMOR

Humor dos espíritos


O médium Chico Xavier passava por uma crise de labirintite, que muito o afligia.
Em oração, viu a Dr. Bezerra de Menezes, o generoso Benfeitor espiritual. Logo apelou:
-  Dr. Bezerra, rogo-lhe que me auxilie.  Estou passando muito mal. Não lhe peço como gente, mas na condição de besta. Façamos de conta que eu estou fazendo parte de uma carroça de trabalho, para mim preciosa, que é a mediunidade. Preciso voltar para a minha carroça, doutor. Tenha dó desta besta! Como pessoa eu não mereço, mas como besta, quero trabalhar!
E ele, sorrindo:
-  Você, besta, Chico? E eu, quem sou?
-  O senhor é o veterinário de Deus.

*

Chico contou este episódio num programa de televisão, quando lhe perguntaram se os espíritos também apreciam momentos de humor. O médium mineiro destacou que sim, informando que o Dr. Bezerra recebeu com uma gostosa gargalhada sua observação.

***

CURIOSIDADES


O Espiritismo chegou no Brasil em 1860, sofrendo, desde já, grande preconceito. Só para se ter uma idéia, o Código Penal de 1890 classificava-o como crime. Os primeiros centros espíritas surgiram apenas em 1865.

Existe no Brasil uma cidade fundada exclusivamente por espíritas (ela cresceu a partir de um centro espírita). É a cidade de Palmelo, no estado de Goiás, a 58 Km de Goiânia e com população atual de 2.500 habitantes.

Apesar da pátria-mãe do Espiritismo ser a França, é no Brasil que a doutrina tem o maior número de adeptos. São 2,5 milhões de seguidores e outros milhões de simpatizantes.

Um dos maiores divulgadores da doutrina espírita no Brasil foi o médico, militar, escritor, jornalista e político Bezerra de Menezes, que começou a divulgar o Espiritismo pouco tempo depois da publicação da obra de Allan Kardec em português.

***

CHARGE



Número 22 - página 8

OPINIÃO

As vozes e a escuta

Liliana Peixinho - jornalista e ativista ambiental


Em meio a crises de desemprego, desarmonias familiares, relações de faz de conta, fanatismos religiosos e tantos outros ruídos sociais, o ser humano se mostra fragilizado, inseguro, infeliz, doente mesmo, em agonia social. Nesse cenário observamos demandas crescentes de pessoas em desespero espiritual à procura de equilíbrio, atenção, cuidado, amor puro que conforte a alma. No ímpeto de cura rápida para problemas profundos, a superficialidade do fazer-de-conta-que-faz, resolve, acredita, encaminha, parece agravar ainda mais cada problema. Parece faltar coragem em desafiar a dor do sofrimento como fato, para a vida digna. Nesse contexto observamos pessoas aconselhando umas as outras para procurar ajuda, aqui ou ali, superlotando templos, salas, auditórios, igrejas, casas espirituais, numa convulsão social agonizante, crescente, incômoda.
Na busca do sublime, harmonioso, tranquilo, equilibrado, os caminhos percorridos por boa parte da humanidade revelam percalços, obstáculos, barreiras, criadas por ela própria, através da avareza, egoísmo, imediatismo, ódio, paixão, ciúme, revolta, vaidade, discórdia, orgulho, vício. Na origem disso está a família desestruturada em valores de solidariedade, respeito, limite, carinho, atenção. Definida como regra de conduta, de comportamento, para o equilíbrio nas relações entre as pessoas, a ética passa por séria crise em todo o mundo. Seja no ambiente de trabalho, nas relações pessoais, sociais ou até mesmo entre familiares, os interesses de cada um estão dando lugar aos interesses coletivos. Como o respeito ao outro é base para a aplicação da ética e as pessoas estão, cada dia mais, preocupadas consigo mesmas, em defender os seus interesses, os conflitos daí decorrentes têm gerado crises sociais inconsoláveis.


“Que eu não perca a vontade de doar este enorme amor que existe em meu coração, mesmo sabendo que muitas vezes ele será submetido a provas e até rejeitado.”  
Chico Xavier


Se a comunicação tem papel de agregar, unir, facilitar, difundir informações em nome da preservação da vida, por outro lado observamos efeitos contrários, com ruídos desagregadores do bem comum. Num dos meios mais massivos, a televisão, por exemplo, é alarmante a quantidade de filmes, programas, notícias que não têm compromisso com a formação da cidadania plena, direcionada à formação do ser humano como sujeito de direitos e deveres, em construção coletiva. Em setores corporativos, funcionários brigam entre si, competindo, desconsiderando valores que não sejam o capital. Na política, candidatos massacram-se uns aos outros, na guerra de interesses específicos, imediatos, descomprometidos com a construção coletiva. Ser político virou sinônimo de saber driblar, enganar, enrolar, protelar demandas legais. Entre amigos, colegas de escola, vizinhos, afeto e respeito são raros. Em tempos não muito distantes, brincava-se, conversava-se, contavam-se histórias ricas para o aprendizado da vida, construindo-se emoções, relações de harmonia. A realidade atual mostra discórdia, intolerância, discussões, brigas e defesa de interesses próprios, por onde uns e outros se perdem. A crise doméstica, com pais separados de forma desarmoniosa, faz surgir pessoas com problemas emocionais/psicológicos descompensados, graves, dissolvendo, ainda mais, laços afetivos importantes.


“Quando a violência cortar o seu coração com lembranças amargas, recorda o Mestre. Jesus foi a mais sublime das criaturas, o mais querido dos filhos e o mais perseguido pelos próprios favorecidos de seu amor. E quando achar que para a violência não existe solução, recorda o remédio, ainda não tomado, que o Cristo nos deixou para que esta triste vertigem fosse apagada do seio da Terra, nos prometendo vida com mais alegria: “Amai-vos como eu vos amei”.
Médium Celso de Almeida Afonso 
Espírito Caminheiro de Agostinho. Livro: Frutos do Caminho, p. 120


O que fazer? Como recomeçar o resgate do equilíbrio, do respeito ao outro? O desafio está em pauta junto às novas gerações, aos filhos de um mundo carregado de injustiça, sedento de solidariedade e carente de vontade em querer saber, pesquisar, querer entender e fazer, construir ambientes com histórias de dignidade, bravura e orgulho de sermos gente, que pensa, sente e vê o outro como aliado, e não como inimigo. No Livro dos Espíritos, base da Filosofia Espírita, publicado em 18 de abril de 1857, o leitor pode pesquisar sobre os princípios fundamentais do Espiritismo, tal como foram transmitidos pelos Espíritos Superiores a Allan Kardec. Seu conteúdo é apresentado em quatro partes: das causas primárias; do mundo espírita ou dos espíritos; das Leis Morais; e das esperanças e consolações. É um livro que abre novas perspectivas ao Homem, pela interpretação que dá aos diversos aspectos da vida, sob o prisma das Leis Divinas, da existência e sobrevivência do Espírito e sua evolução natural e permanente, através de reencarnações sucessivas. Seus ensinamentos conduzem o Homem atual à redescoberta de si mesmo, no campo do espírito, fornecendo-lhe recursos para que compreenda, sem mistério, o que é, de onde veio e para onde vai.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Número 11 - capa

Ano III - Out. - Nov. - Dez.2009

EDITORIAL

Começar novamente
Angélica Santos

A Tribuna Espírita de Salvador entra em 2010 em seus quatro anos de circulação, obtendo de certa forma algum êxito em todas as suas edições.
Partimos, nesta nova etapa de sua trajetória, com todo o empeno de que necessitamos para superar as dificuldades financeiras, que não nos permitiram ainda passar para uma periodicidade bimestral e aumentar o número de páginas.
Buscar solução em 2010 para efetivar essas propostas é o desafio que terão de enfrentar seus editores.
Temos a grata satisfação de constatar o melhoramento, de edição para edição, sempre contando com a colaboração de pessoas dedicadas e amigas que, conforme percebemos, têm prazer em colaborar com o jornal, cuja pretensão é unir o movimento espírita pelos laços da fraternidade e esforço intelectual ("Espíritas: amai-vos e instruí-vos"!).
Aos nosso dedicados colaboradores, nossos agradecimentos, na esperança de podermos continuar contando com todos.
Por outro lado, o Lar João Batista, como responsável pela Tribuna, alcançou grande êxito movimentando-se em todos seus setores de atividade, encerrando seu ano de ação e trabalho com dinâmicas confraternizações entre evangelizadores e evangelizandos, entre os idosos assistidos e o setor de Assistência e Promoção Social, que conseguiu com que todos os grupos de trabalho se fizessem presentes e encerra essas festividades no dia 21 de dezembro, com uma confraternização entre os frequentadores da doutrinária desse dia e todos os trabalhadores da Casa, fatos registrados pela Tribuna.
Aos nossos sócios mantenedores, aos diretores e frequentadores de modo geral, desejamos que 2010 seja um ano e paz, trabalho no campo do bem e muita harmonia.

***

LEIA NESTA EDIÇÃO:

Apresentação de crianças dá brilho à comemoração natalina da Evangelização Infantil do Lar João Batista. Página 5

O entrevistado deste trimestre é Hélio Pio, presidente da Sociedade Espírita André Luiz, uma das instituições mais frequentadas de Salvador. Página 4

Espírito entende de mecânica? Esse é o mote do "causo" humorístico contado na Página 7.

As relações entre ciência e Espiritismo são esboçadas em comentário na Página 6.

Kardec se levantava às 4h30 da manhã, fizesse frio ou calor, para poder dar conta de seus muitos e variados trabalhos diários. Página 7

Vianna de Carvalho, do mesmo modo como procedia na Terra, continua no Plano Espiritual atuando em prol do Espiritismo. Página 3



Número 11 - página 2

MOVIMENTO

FEEB promove circuito cultural

A Federação Espírita do Estado da Bahia (FEEB) realizará, nos dias 12 e 13 de dezembro, o Circuito Cultural Espírita 2009, o primeiro evento do gênero em Salvador. Seu principal objetivo é identificar e promover encontros entre pessoas e grupos culturais espíritas de diversas áreas que atualmente estão realizando trabalhos importantes de forma isolada e, a partir daí, construir pontes para a formação de redes interrelacionais que facilitem o trabalho de todos, através do apoio que poderá ser construído em áreas específicas.
Alguns exemplos: grupos de teatro que não possuem local adequado para ensaios poderão ter acesso a espaços disponíveis em outros ambientes, integrantes dessa rede; escritores com obra a publicar, mas sem recursos, poderão contatar editores presentes ao evento; editores que não conseguem colocar sus obras no circuito de livrarias e distribuidoras terão possibilidade de agilizar esse processo.
O convite à participação abrange indivíduos e/ou grupos de pessoas que realizam ou estejam tentando realizar atividades como teatro, música, pintura (mediúnica ou não), poesia, livros (publicados ou não), palestras, livrarias, esperantistas, pesquisas mediúnicas e outras manifestações artístico-culturais.

***

Descentralização leva inovação ao Encontro de Dirigentes

A descentralização das atividades promovidas no âmbito do Encontro Estadual de Dirigentes Espíritas garantiu o êxito o evento realizado pela Federação Espírita do Estado da Bahia (FEEB). O encontro, entre os dias 27 e 29 de novembro, foi dividido entre a sede da FEEB e os centros espíritas Deus, Luz e Verdade (CEDLV), Paulo e Estêvão (CEPE) e Casa de Oração Bezerra de Menezes (Cobem). Neles, representantes de casas espíritas de Salvador e de várias cidades baianas discutiram assuntos das áreas de administração dos centros (na FEEB), ação doutrinária (CEDLV), atendimento fraterno (Cobem) e mediunidade (CEPE). Os resultados vão compor propostas para a política federativa no ano de 2010.

***

CURTAS

Localizado no Barbalho, o C. E. Luz e Caridade faz, no dia 19 de dezembro, a partir das 18h, o encontro de trabalhadores e frequentadores pra o encerramento das atividades doutrinárias de 2009.

Seminário sobre os discípulos de Jesus, ministrado pelo expositor Cláudio Emanuel Abdala, reúne os trabalhadores e frequentadores do C. E. Deus, Luz e Verdade (Vila Laura) na manhã do dia 13 de dezembro.

A Casa de Oração Bezerra de Menezes (Brotas) completou em novembro 41 anos de atividades ininterruptas. O seminário "A arte de bem viver", aberto por Adenauer Novaes no dia 21 daquele mês, marcou a efeméride. A Cobem, a propósito, mantém o site www.cobem.org.br.

Baseado no livro "Conhecendo o Espiritismo", de Adenauer Novaes, o C. E. Harmonia (Piatã) oferece um curso de Espiritismo a distância, com a plataforma moodle, no endereço www.larharmonia.org.br/ead/.

Número 11 - página 3

MEMÓRIA

Vianna de Carvalho, um bandeirante do Espiritismo
Susan/Débora

“O Espiritismo é claro como o Sol e benfazejo como fonte cristalina. Programado por Jesus desde as horas messiânicas, chega hoje ao homem como a resposta viva dos Céus ao clamor da Terra.” (1)

Ao ler estas frases marcadas pela clareza doutrinária talvez nos perguntássemos quem seria o autor. Este é Manuel Vianna de Carvalho, um espírita muito atuante que viveu no final do século XIX, início do século XX. Orador de grande eloquência esclareceu os neófitos da Doutrina Espírita e orientou a formação de novos Grupos Espíritas, exortando sempre a fidelidade doutrinária através do estudo sério e consciente.
Filho de Tomaz Antonio de Carvalho, professor da Escola Normal do Ceará, e da Sra. Josefa Vianna de Carvalho, nasceu em 10 de dezembro de 1874, na cidade de Icó, no Ceará. Fez os primeiros estudos de Humanidades no Liceu de Fortaleza. Em 1891, matriculou-se na Escola Militar do Ceará, hoje extinta, e, ao fim desse ano, foi classificado em primeiro lugar na ordem de comportamento e de merecimentos intelectuais. Nesse período, tomou conhecimento das obras de Allan Kardec e, por apresentar uma alma de nobres ideais, iniciou-se na divulgação do Espiritismo. Dotado de certa sensibilidade apresentava singular aptidão musical sendo um exímio violinista.
Em 1895, já tendo galgado o posto de alferes, transferiu-se para o Rio de Janeiro, a fim de matricular-se no curso Superior da antiga Escola Militar da Praia Vermelha. A esse tempo, no Rio, funcionava o “Centro da União Espírita de Propaganda no Brasil”, fundado pelo Sr. Angeli Torteroli, Dr. Ernesto dos Santos Silva, Carlos de Lima e Cirne além de alguns outros pioneiros da Doutrina, no Brasil. Vianna ligou-se a esse grupo e passou a proferir palestras, nas quais reuniam-se cerca de 500 pessoas.
Em 1896 foi transferido para Porto Alegre, como aluno da Escola Militar que ali funcionava. Naquele local fez algo muito inusitado. Com o auxílio de Joaquim Xavier Carneiro, conseguiu uma lista com nome e endereço de simpatizantes do Espiritismo, os quais foram reunidos para formar, numa casa abandonada, um núcleo de estudos da Doutrina. Sem cadeiras, sem mesa, os novos estudiosos espíritas ouviam as palavras entusiasmadas e o convite caloroso de Vianna no sentido da maior difusão do
Espiritismo na cidade.
Entretanto não permaneceu na localidade por muito tempo, uma vez que os militares são requisitados em várias partes do país. De volta ao Rio de Janeiro, recomeçou as preleções no Centro da União Espírita assim como em outros grupos, realizando viagens para difusão do Espiritismo no interior do Estado do Rio de Janeiro. Em 1907 formou-se engenheiro militar pela Escola do Realengo e se tornou mais tarde reconhecido Major do Exército Brasileiro. As transferências, muito frequentes devido à vida militar, possibilitaram a Vianna intervir em diversos estados brasileiros. Deste modo foi o responsável pela fundação do Centro Espírita Cuiabano e do Centro Espírita Cearense, em Fortaleza. Além disso, promoveu diversas oratórias em muitas cidades como: Curitiba, Maceió, Recife, Santa Maria Boca do Monte (RS), São Paulo, Sergipe e Rio de Janeiro.
Além de eloquente orador, “Vianinha”, como também era carinhosamente chamado, atuou como articulista de alguns jornais espíritas e escreveu para muitos jornais não-espíritas de todo o país. Escreveu assiduamente para o periódico Reformador e criou os jornais Combate – inicialmente destinado a contestar os argumentos do clero católico, que nessa época desencadeava uma campanha difamatória contra o Espiritismo, através do jornal Cruzeiro do Sul –, e Lábaro, destinado a difundir o Espiritismo.
O Major Vianna publicava artigos de esclarecimento ou de defesa ao Espiritismo nos jornais locais, das cidades em que era designado a trabalhar. Publicou artigos em periódicos como O Unitário, A República, Jornal do Ceará, Diário da Manhã, Diário do Interior e muitos outros. Nestes locais também se envolvia em atividades espíritas promovendo palestras, reorganizando Centros Espíritas, combatendo as acusações que eram feitas à Doutrina e lutando para extinguir os grupos que executavam trapaças e charlatanismo em nome do Espiritismo.
Apesar de muito querido nos meios espíritas, foi extremamente atacado e perseguido, em todas as localidades por onde passou. Em 1919, por exemplo, quando estava novamente em Maceió, detratores do Espiritismo tentaram proibir-lhe as palestras e até mesmo expulsá-lo. Depois de acirradas polêmicas e debates na tribuna foi removido para o estado do Paraná. Entretanto jamais esmoreceu ou negociou, sempre pautou suas atitudes pelo “sim, sim; não, não”. Seu trabalho se assemelha à de um bandeirante que desbrava locais desconhecidos ou até mesmo inóspitos.
Desencarnou em 1926, a bordo navio “ÍRIS” que o levaria para o Hospital de São Sebastião, em Salvador, uma vez que estava sofrendo de grave patologia. Desencarnado, Vianna de Carvalho se mostra um espírito muito comprometido com o movimento Espírita Cristão Brasileiro e continua seu trabalho de orientação, como demonstra o trecho da mensagem a seguir: “Mesmo no Movimento Espírita, não faltam os que demoram receitando fórmulas salvadoras, em processo de simplificação, sem qualquer esforço nobre com a responsabilidade. Conquanto qualquer esforço nobre represente operação elogiável, é necessário que se recorde o inclinável dever da responsabilidade ante os postulados que fixam convicções capazes de operar vigorosas modificações no panorama da existência humana.”

(1) Agora fica mais compreensível que estas palavras foram proferidas por alguém que apresenta conhecimento de causa a respeito das dificuldades na divulgação doutrinária, e, mais do que isso, na responsabilidade individual na Seara do Senhor.

(1) Enfoques Espíritas - psic. Divaldo P. Franco - lição Ante os Tempos Novos
Fontes consultadas: Grandes Espíritas do Brasil; Grandes Vultos do Espiritismo

Número 11 - página 4

ENTREVISTA

Hélio Pio: 
"Rodas pequenas movimentam as grandes"
Hélio Pio (E), com o cearense Jacob Melo (C) e Adelson, vice-presidente da SEAL.
Em seu terceiro mandato à frente da Sociedade Espírita André Luiz (SEAL - Rua Marujos do Brasil, 5 - Nazaré), Hélio Pio já ostenta uma vasta folha de serviços prestados á instituição, por onde passam três mil pessoas semanalmente. Espírita há 30 anos, o dirigente da SEAL concedeu esta entrevista à Tribuna Espírita de Salvador:

Como conheceu e há quanto tempo convive com o Espiritismo?
Como tantos, vim pela dor, há aproximadamente 30 anos. Até então não tinha qualquer contato com o Espiritismo, a não ser por uma vez que fui levar uma pessoas à Casa de Oração Bezerra de Menezes (Cobem), para ser atendida por Noélia Duarte. Mas apenas fui acompanhante, porque logo saí, sem qualquer interesse em conhecer coisa alguma.

O que é a Sociedade Espírita André Luiz?
É uma instituição de socorro e orientação espiritual criada em 1975, que oferece variados serviços ao público que a procura, desde a informação doutrinária até os tratamentos de cura, passando pelo atendimento fraterno, os cursos de Espiritismo, distribuição de 100 pratos de sopa aos necessitados nas ruas e de 500 enxovais para gestantes no mês de maio, todos os anos. A SEAL também mantém grupos de auxílio a quem deseja se libertar de vícios como o alcoolismo e a compulsão por comida.

Qual tem sido a receptividade do público a esses serviços?
No setor de triagem para o encaminhamento dos consulentes aos setores específicos de tratamento são atendidas 30 pessoas por dia. Mas a frequência semanal atinge a marca de 3.000 pessoas. Os 17 grupos de estudo sistematizado (ESDE) são bem frequentados, com uma média de 30 participantes. Um outro grupo, intitulado Conversando com a Doutrina, existe há 12 anos (dados de 2009) para aprofundar o conhecimento da obra de Allan Kardec e tem uma assiduidade e frequência impressionantes entre seus integrantes - média de 50.

O que representa dirigir uma instituição do porte da SEAL?
É uma missão que eu tenho. Cheguei aqui pela dor e recebi essa missão, que ainda não terminou - já fui avisado quanto a isso. A dificuldade está em administrar a atuação dos voluntários, uma vez que temos de lidar com suscetibilidades. Mas as rodas pequenas é que movimentam as grandes e temos que observar o bom funcionamento do conjunto.

O que as pessoas ainda não descobriram na Doutrina Espírita?
Não posso falar quanto às outras pessoas, mas foi o que eu encontrei de melhor, porque o Espiritismo nos leva ao conhecimento da verdade. A Doutrina mostra que a pessoa tem que ser consciente de si mesma para viver melhor, fazendo o que o Cristo ensina: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Número 11 - página 5

NOTÍCIAS

Então é Natal...
Jéssica Néri - diretora do Departamento de Comunicação Social do C. E. Lar João Batista

A continuação dessa frase é conhecida de todos nós: "...e o que você fez?". E foi mais ou menos essa a indagação que consumiu os evangelizadores do Lar João Batista por boa parte do ano de 2009: o que faremos de especial neste Natal? Todos os anos temos a entrega de presentes (doação de nossos colaboradores), a presença de Papai Noel e os comes e bebes. Este ano, porém, queríamos fazer algo a mais, algo que demandasse construção e empenho por parte de nossas crianças.
Decidimos, então, fazer uma apresentação musical, na qual os evangelizandos fariam coreografias de músicas natalinas. Foram necessários esforço, comprometimento, paciência e adequação por parte dos evangelizandos e evangelizadores. Conviver é sempre um grande desafio, e construir algo em grupo é ainda mais complexo.
No dia da apresentação, estavam todos agitados, num intenso sobe e desce pelas escadas do Lar João Batista. E haja trabalho! Quando as crianças estavam devidamente arrumadas, faltava ainda o principal: a apresentação! Todos estavam tensos, ansiosos. Como seria essa nova experiência? Mas, no final, correu tudo bem. O grupo deu o seu máximo, e todos saíram felizes e satisfeitos.
Foi lindo! Mas não porque tenha sido perfeito, ou a melhor das apresentações já feitas por crianças. Foi lindo porque foi feito em conjunto, com empenho de todos, com o suor coletivo. Foi lindo porque os evangelizandos se envolveram, se esforçaram ao máximo para se apresentar bem diante de seus pais, familiares e trabalhadores do Lar João Batista. Foi lindo!
Talvez para quem tenha assistido de fora, ou para quem ouça/leia esta narrativa agora, eu esteja falando apenas sobre uma apresentação infantil, como tantas outras. Mas quem realmente conseguiu captar o espírito da coisa deve ter notado que eu não estou falando da apresentação: estou falando de construção, progresso, daquela fagulha que nos atinge de vez em quando e nos faz querer sermos pessoas melhores. Estou falando do verdadeiro espírito natalino.
Agradecemos a todos que colaboraram conosco e fizeram parte de nossa celebração!
Boas festas!

***

POESIA

Espiritismo
Casimiro Cunha

Espiritismo é uma luz
Gloriosa, divina e forte
Que clareia toda a vida
E ilumina além da morte.

É uma fonte generosa
De compreensão compassiva,
Derramando em toda parte
O conforto d'Água Viva.

É o templo da Caridade
Em que a Virtude oficia,
E onde a bênção da Bondade
É flor de eterna alegria.

É árvore verde e farta
Nos caminhos da esperança,
Toda aberta em flor e fruto
De verdade e de bonança.

É a claridade bendita
Do bem que aniquila o mal,
O chamamento sublime
da Vida Espiritual.

Se buscas o Espiritismo,
Norteia-te em sua luz:
Espiritismo é uma escola,
E o Mestre Amado é Jesus.

Número 11 - página 6

DOUTRINA

O Espiritismo e a Ciência
Francisco Muniz - jornalista

Mais que a Biologia, o Espiritismo é a ciência da Vida. Mais que a Química, é a ciência da Transformação; mais que a Física, é a ciência da Energia; mais que a Meteorologia, é a ciência do Tempo; mais que a Astronomia, é a ciência do Espaço, mais que a Psicologia, é a ciência das Relações; mais que a Matemática, é a ciência da Razão; mais que o Direito, é a ciência da Justiça; mais que a Religião, é a ciência do Divino. Faz algum tempo escrevemos essas palavras. Agora, que se nos é pedido um comentário sobre a Doutrina dos Espíritos em sua relação com a Ciência, elas nos vêm à lembrança, já definindo nosso posicionamento como espírita e perante a ortodoxia da Ciência terrena, bem mais afeita à condição material da natureza.
Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, ressalta que o materialismo é o grande inimigo do Espiritismo e com tais palavras o Codificador quer dizer - assim o compreendemos - que o culto à realidade material, tão somente, é o mal que precisamos combater em nós mesmos. Tendo sucesso nesse tentame, conseguiremos alertar outros companheiros de jornada para semelhante equívoco, consoante as palavras do Cristo: "Estais no mundo, mas não pertenceis a ele" (João 17:11,14). Isto é, nossa natureza mesma é espiritual e é desta ciência (conhecimento) que devemos nos ocupar.
Que não se veja neste nosso pensamento, contudo, nenhuma base de fundamentalismo, uma vez que, conforme condicionou Allan Kardec, o Espiritismo caminhará passo a passo com a Ciência e se modificará naquilo em que a Ciência aponte como erro. Isso significa que, do mesmo modo como a Ciência colabora com a Doutrina, ampliando-lhes os campos de pesquisa, o Espiritismo também é um precioso auxiliar dos desbravadores da natureza material, oferecendo meios de compreensão dos muitos fenômenos que se dão na matéria, tanto quanto no tocante à presença do homem no mundo e suas consequências.
Entre os leigos - e mesmo em alguns setores do movimento espírita - carece de sentido o afirmarmos o caráter científico do Espiritismo (além de ciência, é a Doutrina dos Espíritos também filosofia e religião), por desconhecerem a metodologia das pesquisas efetuadas por Kardec e outros expoentes da ciência espírita. Pura negação a priori, portanto. Entretanto, a par da indiferença dos homens, os espíritos se aproveitam de algumas distrações para se revelarem no mundo, como é o caso da transcomunicação instrumental (TCI), que começou aparentemente por acaso, com as experiêncais do sueco Friedrich Jurgenson. Após constatar que em suas gravações de cantos de pássaros se misturavam palavras humanas, vindas do mundo dos espíritos, lançou o livro Telefone para o Além, tornando a possibilidade de captação de vozes dos "mortos" conhecida do grande público.
Pensadores e cientistas, no mundo todo, caminham pra o encontro com a realidade do espírito, a exemplo dos físicos Amit Goswami e Fritjof Capra, embora certos setores da pesquisa acadêmica pareçam levar a uma estrada contrária, a julgar pelas manifestações ateístas do biólogo inglês Richard Dawkins, autor de Deus, um delírio. Mas Kardec já havia reparado, desde o século XIX, que a recusa na admissão do mundo dos espíritos se deve unicamente ao orgulho humano e que é só uma questão de tempo até que as evidências ganhem foro de verdade comprovada.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Número 11 - página 7

HUMOR

O amigo do mentor
(Autor desconhecido)

Certo dia, um amigo meu, o Zé, espírita convicto e atuante, resolveu dar um passeio a testar seu novo carrão (ué... espírita não pode ter dinheiro?)...
Pegou uma estrada vicinal para testar a aderência dos pneus próprios para todo terreno e lá se foi cantarolando.
A noite caía e ele já voltava quando o carro pifa. Muito contrariado, mas resignado, ele se concentra e chama seu mentor...
Recebe então a visita de um espírito que se intitula amigo e lhe explica que o mentor estava em trabalho muito importante no estrangeiro e que o mandara para resolver o problema - e logo pergunta:
- Pois não, meu amigo, como lhe posso ajudar?
Zé, todo feliz, explica com detalhes o acontecimento que fizera pifar o veículo e do espírito recebe a resposta:
- Limpe o carburador.
Zé limpa e nada.
- Tenta a bobina.
Novamente nada.
Já de madrugada, Zé, cansado, senta-se e quando está quase a dormir aparece-lhe o bom mentor, preocupado e lhe pergunta: 
- Mas Zé, porque ainda estás ai? 
O Zé, chateado, responde entre os dentes:
- É, meu amigo, o espírito que designastes para me ajudar até que tentou, mas... 
Nesse momento, o bom mentor interrompe o Zé e lhe pergunta:
- Eu? Designei o quê? 
- Um outro espírito amigo, que me veio ajudar...
- Ah, responde o mentor, então apareceu um outro espírito? 
- Sim, meu amigo; não foste tu quem mo enviou?
- Eu? Eu não, Zé, nem sabia disso, mas como era esse espírito?
Zé, já desconfiado, dá a descrição do espírito, médium vidente que era, e lembra ao mentor o nome do ajudante enviado:
- O nome dele era Hermínius (já notaram como todo espírito da literatura acessória tem o nome terminado em "us"?).
O bom mentor, segurando-se para não rir, explica:
- Ah, meu bom amigo, foste outra vítima deste Herminius...
Zé, incomodado, pergunta, já impaciente:
- Vítima? Por quê? Sou médium vidente, ninguém me engana.
E o bom mentor, voltando a explicar, desvenda o mistério:
- É, amigo Zé, realmente és um bom médium vidente, o problema é que o Herminius não entende nada de mecânica!!!

***

CURIOSIDADES

Henri Sausse, contemporâneo do Codificador, afirma que "Allan Kardec gostava de rir com seu belo riso franco, largo e comunicativo, e possuía um talento todo particular em fazer os outros partilharem do seu bom-humor".

Para Kardec, a ação magnética produzida pelo agente encarnado (magnetizador), tanto pode produzir uma modificação nas propriedades da água, quanto no tocante aos fluidos orgânicos (ex.: bile, linfa, líquido cefalorraquidiano, saliva, suco gástrico, sangue total etc.).

Neste ano que termina (2009) comemora-se o centenário da morte do cientista e médico Cesare Lombroso, fundador da Antropologia Criminal. Lombroso foi, ao lado de Garófalo e Ferri, um dos epígonos da Escola Penal Positiva italiana, cujas ideias foram fruto do desenvolvimento das ciências naturais e da confiança nos métodos empírico-explicativos.

Allan Kardec se levantava às 4h30 da manhã, fizesse calor ou frio, para poder dar conta dos seus muitos e variados trabalhos diários.

Chico Xavier, narram seus biógrafos, embora estivesse sempre ocupado com suas atividades mediúnicas nobres, sabia conservar a gentileza, esbanjar simpatia e manter o bom humor com todas as pessoas que o procuravam ou o cercavam. Assim, melhorava a confiança, a esperança e a alegria na alma das pessoas que se achegavam ao seu amor e carinho.

Número 11 - página 8

OPINIÃO

Atualidade de Jesus
Messias Canuto - pesquisador da AME-Bahia

Qualquer tentativa de abordagem sobre a natureza de Jesus mostra-se incompleta. Não só por sua inquestionável estatura espiritual, mas sobretudo pela nossa timidez psicológica e intelectual para compreendê-lo na sua essência.
Ala de comprovadas qualidades evolutivas, é descrito pelo Espírito Emmanuel na obra A Caminho da Luz, através da psicografia de Francisco Cândido Xavier, como um dos Arquitetos que planejaram a Terra na sua formação - o que, diga-se, remete-nos a pelo menos 4,5 bilhões de anos atrás, quando a Terra iniciou sua formação no sistema solar.
Ora, se este ente divino já detinha tal domínio àquela época, certamente pode desfrutar de muitos outros bilhões de anos desde a formação do universo identificável pela astrofísica (cerca de 13,5 bilhões de anos atualmente) até chegar àquele momento em que demonstrava domínio das ciências da criação.
A partir destas revelações, fica mais fácil compreender porque este homem provocou a divisão das águas do tempo, o divisor da História, quando a mesma passa a ser narrada ANTES (A.C.) e DEPOIS (D.C.) de Jesus, o Cristo. Para Djalma Argollo, na sua obra Quando o Amor veio à Terra, Jesus "...precipitou o processo que fez desaparecer o Mundo Antigo, levando à derrocada o Império Romano, e com ele todo o ciclo da antiguidade, tanto Oriental como Clássica".
Grandes estudiosos da antiguidade, como Clemente de Alexandria, Flávio Josepho ou mais recentes como Charles Dodd, Ernesto Renan e Daniel Rops, dedicaram muitas décadas a avaliar quem foi realmente esta ímpar figura no contexto da História. Quanto mais adentravam a intimidade das suas atitudes, mas descortinavam suas virtudes objetivas exercidas numa práxis cotidiana, sem rodeios ou paramentos verbais que normalmente mascaram fragilidades psicológicas reais.
Para o psiquiatra Augusto Cury, autor de vários livros destacando a Inteligência Emocional de Jesus, o mesmo praticava muitas virtudes, destacando-se: a interiorização reflexiva, a sabedoria diante das dores, a capacidade de enfrentar as perdas e frustrações com dignidade, a agregação de ideias, o pensar com liberdade e consciência crítica, o rompimento com as ditaduras intelectuais, o bom gerenciamento d pensamentos e emoções nos focos de tensão, a sensibilidade artística, a doação sem contrapartida e finalmente a capacidade de se colocar no lugar do outro considerando suas dores e necessidades psicossociais.
Haveremos de convir que muitos de nós temos algumas destas características até bem desenvolvidas. Entretanto, o Cristo demonstra habilidade em todas elas, o que certamente o faria lídimo representante do tipo ideal na proposta do psicanalista Carl G. Jung em sua obra Tipos Psicológicos: o ser individuado - aquele que conquistou, dentre outros, o pleno desenvolvimento das quatro funções na sua estrutura psicológica: o Sentimento, a Sensação, o Pensamento e a Intuição com total harmonia.
Sobre sua característica de severidade na educação dos julgadores da conduta alheia, o Espírito Joanna de Ângelis, que com ele encontrou-se na busca de aconselhamento para sua relação marital com  Cusa, um alto funcionário de Herodes, brinda-nos com singela passagem na sua obra Jesus e Atualidade, recordando que o "...Mestre estabeleceu a formosa imagem do homem que tem uma trave dificultando-lhe a visão, e no entanto vê o cisco no olho do seu próximo". Tal alerta é de atualíssima necessidade numa sociedade competitiva e cruel onde o valor do SER está em franca desproporção com o valor do TER, trazendo doenças da alma para o panorama do corpo, produzindo homens e mulheres apartados de si mesmos, da síntese Divina que há em todos nós!
A ação psicoterapêutica e amorável, flexível e determinada de Jesus é enaltecida em obras como Jesus, o Maior Psicoterapeuta que já Existiu, de Mark W. Baker, e Jesus Psicoterapeuta, de Hanna Wolf, nas quais os autores - psicólogos - fazem abordagem original da relação entre ciência e religião, ligando os principais ensinamento de Jesus às descobertas recentes da psicologia.
Para o Mahatma Gandhi, grande líder da libertação da Índia em relação ao jugo inglês, divulgador e praticante da não violência, a obra de Jesus encerra sínteses de sabedoria e amor, e afirma que se perdêssemos todo o acervo de livros publicados sobre a natureza humana, mas só tivesse restado o Sermão do Monte, em verdade nada nos faria falta. Evidência de que Jesus não é patrimônio de religiões, mas sim de corações sensíveis e conscientes.
Para nós, espíritas, fica a certeza de que Kardec, no exercício de seu enorme bom senso e sensibilidade humanista, foi muito feliz em escolher com cuidadosa didática algumas máximas do Cristo para compor O Evangelho Segundo o Espiritismo, legando-nos uma fantástica compilação de ideias e pensamentos de centenas de autores desencarnados, além das suas próprias, mantendo-nos em sintonia com os ideais daquele que, na Terra, foi o Espírito de maior evolução que jamais aqui esteve.
Vivas a Jesus!