segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Número 11 - página 8

OPINIÃO

Atualidade de Jesus
Messias Canuto - pesquisador da AME-Bahia

Qualquer tentativa de abordagem sobre a natureza de Jesus mostra-se incompleta. Não só por sua inquestionável estatura espiritual, mas sobretudo pela nossa timidez psicológica e intelectual para compreendê-lo na sua essência.
Ala de comprovadas qualidades evolutivas, é descrito pelo Espírito Emmanuel na obra A Caminho da Luz, através da psicografia de Francisco Cândido Xavier, como um dos Arquitetos que planejaram a Terra na sua formação - o que, diga-se, remete-nos a pelo menos 4,5 bilhões de anos atrás, quando a Terra iniciou sua formação no sistema solar.
Ora, se este ente divino já detinha tal domínio àquela época, certamente pode desfrutar de muitos outros bilhões de anos desde a formação do universo identificável pela astrofísica (cerca de 13,5 bilhões de anos atualmente) até chegar àquele momento em que demonstrava domínio das ciências da criação.
A partir destas revelações, fica mais fácil compreender porque este homem provocou a divisão das águas do tempo, o divisor da História, quando a mesma passa a ser narrada ANTES (A.C.) e DEPOIS (D.C.) de Jesus, o Cristo. Para Djalma Argollo, na sua obra Quando o Amor veio à Terra, Jesus "...precipitou o processo que fez desaparecer o Mundo Antigo, levando à derrocada o Império Romano, e com ele todo o ciclo da antiguidade, tanto Oriental como Clássica".
Grandes estudiosos da antiguidade, como Clemente de Alexandria, Flávio Josepho ou mais recentes como Charles Dodd, Ernesto Renan e Daniel Rops, dedicaram muitas décadas a avaliar quem foi realmente esta ímpar figura no contexto da História. Quanto mais adentravam a intimidade das suas atitudes, mas descortinavam suas virtudes objetivas exercidas numa práxis cotidiana, sem rodeios ou paramentos verbais que normalmente mascaram fragilidades psicológicas reais.
Para o psiquiatra Augusto Cury, autor de vários livros destacando a Inteligência Emocional de Jesus, o mesmo praticava muitas virtudes, destacando-se: a interiorização reflexiva, a sabedoria diante das dores, a capacidade de enfrentar as perdas e frustrações com dignidade, a agregação de ideias, o pensar com liberdade e consciência crítica, o rompimento com as ditaduras intelectuais, o bom gerenciamento d pensamentos e emoções nos focos de tensão, a sensibilidade artística, a doação sem contrapartida e finalmente a capacidade de se colocar no lugar do outro considerando suas dores e necessidades psicossociais.
Haveremos de convir que muitos de nós temos algumas destas características até bem desenvolvidas. Entretanto, o Cristo demonstra habilidade em todas elas, o que certamente o faria lídimo representante do tipo ideal na proposta do psicanalista Carl G. Jung em sua obra Tipos Psicológicos: o ser individuado - aquele que conquistou, dentre outros, o pleno desenvolvimento das quatro funções na sua estrutura psicológica: o Sentimento, a Sensação, o Pensamento e a Intuição com total harmonia.
Sobre sua característica de severidade na educação dos julgadores da conduta alheia, o Espírito Joanna de Ângelis, que com ele encontrou-se na busca de aconselhamento para sua relação marital com  Cusa, um alto funcionário de Herodes, brinda-nos com singela passagem na sua obra Jesus e Atualidade, recordando que o "...Mestre estabeleceu a formosa imagem do homem que tem uma trave dificultando-lhe a visão, e no entanto vê o cisco no olho do seu próximo". Tal alerta é de atualíssima necessidade numa sociedade competitiva e cruel onde o valor do SER está em franca desproporção com o valor do TER, trazendo doenças da alma para o panorama do corpo, produzindo homens e mulheres apartados de si mesmos, da síntese Divina que há em todos nós!
A ação psicoterapêutica e amorável, flexível e determinada de Jesus é enaltecida em obras como Jesus, o Maior Psicoterapeuta que já Existiu, de Mark W. Baker, e Jesus Psicoterapeuta, de Hanna Wolf, nas quais os autores - psicólogos - fazem abordagem original da relação entre ciência e religião, ligando os principais ensinamento de Jesus às descobertas recentes da psicologia.
Para o Mahatma Gandhi, grande líder da libertação da Índia em relação ao jugo inglês, divulgador e praticante da não violência, a obra de Jesus encerra sínteses de sabedoria e amor, e afirma que se perdêssemos todo o acervo de livros publicados sobre a natureza humana, mas só tivesse restado o Sermão do Monte, em verdade nada nos faria falta. Evidência de que Jesus não é patrimônio de religiões, mas sim de corações sensíveis e conscientes.
Para nós, espíritas, fica a certeza de que Kardec, no exercício de seu enorme bom senso e sensibilidade humanista, foi muito feliz em escolher com cuidadosa didática algumas máximas do Cristo para compor O Evangelho Segundo o Espiritismo, legando-nos uma fantástica compilação de ideias e pensamentos de centenas de autores desencarnados, além das suas próprias, mantendo-nos em sintonia com os ideais daquele que, na Terra, foi o Espírito de maior evolução que jamais aqui esteve.
Vivas a Jesus!

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