domingo, 25 de dezembro de 2011

Número 7 - página 8

OPINIÃO

Jesus: somente Tu tens as palavras da vida eterna
Adilton Pugliese
Narram os evangelistas Mateus (26:6-13) e Marcos (14:3-9) que, dias antes do episódio dramático do julgamento e da crucificação, estava Jesus em Betânia, cidade que ficava a uma hora de Jerusalém, e era cercada por imensos campos de cevada e pequenos bosques de olivedos e figueiras, que sombreavam a estrada de Jericó. Estava ele em casa de Simão, o leproso, quando se aproximou uma mulher, trazendo um frasco de alabastro de perfume precioso e pôs-se a derramá-lo sobre a cabeça de Jesus, enquanto Ele estava à mesa.
Ao verem isso, os discípulos ficaram indignados e diziam: qual o motivo deste desperdício? Pois isso poderia ser vendido caro e distribuído aos pobres. Mas Jesus, ao perceber essas palavras, disse-lhes: por que aborreceis a mulher? Ela, de fato, praticou uma boa ação para comigo. Na verdade, sempre tereis os pobres convosco, mas a mim, nem sempre tereis. Derramando esse perfume sobre meu corpo, ela o fez para me sepultar. Em verdade vos digo que, onde quer que venha a ser proclamado o evangelho, em todo o mundo, este momento jamais será esquecido. Fazendo-se uma analogia com essas lembranças da vida do nazareno, podemos declarar, dois mil e oito anos depois do Seu nascimento, que Sua vida continua sendo proclamada em todo o mundo, como dias gloriosos que jamais serão esquecidos.
O escritor Paul Johnson, em reportagem publicada na revista Seleções do Reader's Digest, em dezembro de 1999, considera e reflete que se Jesus voltasse às vésperas do terceiro milênio "encontraria vários fenômenos estranhos, uma Terra totalmente modificada, comparando-se com a época que Ele aqui esteve. Entretanto, Ele encontraria em várias partes do mundo fenômenos familiares: os ecos precisos de Suas próprias palavras. Ele observaria que Suas apalavras não perderam a importância, e que em diversos templos religiosos do mundo continuam sendo pregadas": perdoa setenta vezes sete cada dia; esquece todo mal; serve sem recompensa; onde estiver o teu tesouro, aí esteja o teu coração; procura a verdade para que a verdade te encontre; se teu irmão exige caminhada de mil passos, avança dois mil; a quem te pedir a capa, cede igualmente a túnica; ora pelos que te perseguem; bem-aventurados os que choram, porque serão consolados; Eu sou o caminho, a verdade e a vida; não se turbe o vosso coração, crede em Deus, crede em Mim; vinde a Mim todos vós que sofreis.
O historiador confirma, assim, que as palavras de Jesus constituem o Seu sucesso póstumo e é o único pensamento mundial que tem permanecido inabalável por mais de dois mil anos, caminhando para se transformar no grande ideal transformador do atual terceiro milênio.
Em singular diálogo com mo Cristo, em momento decisivo de Sua missão, Pedro identificou a importância dos ditos do Senhor. Alguns ouvintes do Mestre achavam rigoroso o Seu discurso. Os discípulos murmuravam a respeito. Alguns voltaram atrás e O abandonaram. Jesus indaga aso doze: Não quereis vós também retirar-vos? E Pedro responde: "A quem iremos nós? Somente Tu tens as palavras de vida eterna" (João, 6:60-68).
Os discursos do Cristo permanecem em caminho de perenidade e emergenciais porque, segundo o Espírito Amélia Rodrigues, no livro Dias Venturosos, psicografado pelo médium Divaldo Franco, "rasgam as carnes da alma, como lâminas aguçadas, que cicatrizam logo com o bálsamo da esperança", afirmando que "o que Jesus pregava era uma revolução, não de morte, mas de vida; não para a espada, mas para a paz".
Allan Kardec (1804-1869), o inesquecível Codificador da Doutrina Espírita, teve a exata percepção da importância dos ensinos de Jesus, ao destacar, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, que eles representam um código divino, que "constitui uma regra de proceder que abrange todas as circunstâncias da vida privada e da vida pública, o princípio básico de todas as relações sociais que se fundam na mais rigorosa justiça".
Que neste Natal possamos, portanto, meditar em torno das palavras eternas do Cristo e refletir, com a Venerável Educadora baiana, que hoje, tanto quanto ontem, todos necessitamos de Jesus descrucificado, do homem incomparável que arrostou todas as consequências pela coragem de amar, a ponto de dar a própria vida, para que todos tivéssemos vida em abundância.

Nenhum comentário:

Postar um comentário