segunda-feira, 9 de julho de 2012

Número 20 - Página 4

ENTREVISTA - Paulo Figueiredo

“E a vida continua...” chega às telas


Em agosto deste ano estreia nos cinemas brasileiros o filme “E a vida continua...”, produção que focaliza mais um livro do Espírito André Luiz por Chico Xavier. A direção é de Paulo Figueiredo (foto), conhecido ator e diretor de novelas e peças teatrais, que nesta entrevista (excerto), concedida originalmente à revista Reformador, da FEB, comenta sua atuação como roteirista e diretor da obra cinematográfica.


Qual foi sua motivação para introduzir temas espíritas em teatro, televisão e cinema?
Um dos principais motivos é a conhecida influência que essas mídias exercem sobre o grande público. Televisão, cinema, teatro, acredito que nessa ordem, são poderosos modificadores sociais. A moda, o falar, o gestual, a discussão sobre temas do momento sofrem alterações em ritmo impressionante, mais ainda na população jovem. Utilizado, em sua maior parte, para expor publicamente o que o ser humano carrega de vergonhoso na bagagem de vícios, em sua peregrinação pelo Planeta, esse imenso poder de comunicação e sedução parece estar, quase que inteiramente, a serviço de lideranças espirituais suspeitas. Mostram na tela ou no palco a face espúria dos personagens, a maldade, a violência vingada sem a contrapartida do perdão, do resgate, dos mais nobres sentimentos humanos, da evolução espiritual, enfim. Isso é trabalho inútil, improdutivo. Entendo que, se levarmos para a tela ou para o palco histórias de superação, de vitória sobre o erro, podemos até não atingir multidões, mas boa parte dela terá o que pensar minutos antes de dormir. E A Vida Continua... foi transposto da literatura para o cinema e a TV com o fim de usar tais meios de comunicação para veicular ideias e conceitos exemplares.

E como surgiu a ideia de produzir o filme E A Vida Continua...?
Recentemente, por volta de 2004, tive o prazer de conhecer e privar da amizade de um homem chamado Oceano Vieira de Melo, historiador, documentarista, muito dedicado a estudos profundos do Espiritismo e de seus mais célebres expoentes. Afinidades e objetivos comuns vieram à tona levando-nos a unir experiências profissionais e vivências do cotidiano com a velha vontade de ajudar, através do cinema, na divulgação de histórias sempre tão atuais, dessas que impressionam e ao mesmo tempo levam à reflexão, sobre questões em geral muito próximas do dia a dia de todos nós, humanos, aprendendo a viver. A parceria surgiu sem esforço, e o sonho engavetado voltou decidido a virar realidade. Fizemos, enfim, E A Vida Continua...!

Quais suas percepções ao trabalhar o livro e elaborar o roteiro do filme?
Há trinta e tantos anos, escrevi uma peça teatral (inacabada) e dei-lhe o mesmo nome do livro no qual me inspirei: E A Vida Continua... Essa obra literária era minha conhecida, um dos romances espíritas mais expressivos que já havia lido. Eu sentia como uma espécie de dever a ser cumprido, contar aquela história para o grande público, através de algum meio artístico. Busquei estimular parceiros no ambiente artístico e fora dele, para que embarcassem comigo no projeto. Logo descobri a inviabilidade da minha pretensão, e o script incompleto mergulhou na gaveta e lá ficou. Nosso sempre querido Chico Xavier me deu conselhos a respeito. Por algum motivo, eu sabia que o futuro me reservaria a sonhada oportunidade. Num processo que considero intuitivo, percebi que as ideias têm seu tempo de nascer e amadurecer. A opção pelo cinema surgiu em 2002, e, mesmo sem nenhuma perspectiva concreta, comecei a trabalhar no roteiro, depurando-o continuamente através de 11 tratamentos, até que se mostrou satisfatório. Dois anos foi o tempo dedicado a esse trabalho. Uma tarefa que me trouxe paz e aprendizado. Cansaço, nunca. Testemunha muda e paciente foi o exemplar do livro que usei como base. De suas páginas esfaceladas, rabiscadas com canetas de todas as cores, foi-me permitido extrair meu roteiro.

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