quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Número 21 - Capa


Ano VI - N. 21 - JUL. - AGO. - SET. 2012

EDITORIAL

Opção pela fraternidade
Angélica Santos

Aos poucos, mais um ano deste século vai-se esvaindo, sem que no Planeta, nossa morada, seja percebida, pela grande maioria, a necessidade de buscar e vivenciar os ensinamentos éticos e morais preconizados por Jesus e de que tanto carece a humanidade no momento caótico em que vivemos.
As calamidades provocadas pelo homem - quer contra a Natureza ou acontecimentos vividos no dia-a-dia da vida social - nos distanciam cada vez mais da convivência fraterna de que tanto necessitamos, para encontrar a paz, da qual tanto falamos e discutimos em encontros e movimentos, sem contudo alcançá-la, por não termos notado que ela se encontra em nós.
O ideal seria que nós, os espíritas, tentássemos, no ano que se aproxima, uma convivência maior entre as nossas Casas, fazendo com que o nosso movimento se tornasse mais fraterno, mais humanizado, levando em consideração o que preceitua o Pacto Áureo, vigorando entre nós desde 1949 se, no entanto, conseguir seu intento.
Por que não buscarmos, em 2009, instaurar uma campanha visando a um novo tempo de vivência amorosa e laboriosa entre nós, de modo que juntos possamos entender melhor a Nova Era que vive nossa Doutrina, seguindo os passos de Jesus através dos ensinamentos salutares de Allan Kardec?
Que tal se instituir nas células menores do movimento - as sociedades e centros espíritas - a educação como meta, junto às demais atividades, levando seus frequentadores a melhor entenderem o verdadeiro significado da Doutrina, provando que ela não é uma seita mirabolante capaz de realizar milagres?
Que possamos, no Ano Novo, confraternizar com nossa comunidade, com outros núcleos religiosos e com a sociedade como um todo, permutando conhecimentos sadios em busca da prática real do Evangelho.
O que acabamos de expor é a visão da equipe que faz a Tribuna Espírita de Salvador, levando nestas linhas o convite para que o próximo ano seja realmente de paz, compreensão e amor, sentimentos que são capazes de unir a todos em um melhor processo de interação social.

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LEIA NESTA EDIÇÃO

O Grupo Espiritual Raio de Luz, no bairro do Uruguai, é um dos mais jovens centros espíritas de Salvador e sua presidente e fundadora, Rita de Cássia Freitas Melo, é nossa entrevistada. Página 4

O escritor e expositor baiano Adilton Pugliese lançou uma nova obra que vem enriquecer em muito a bibliografia espírita, tratando das “nobres verdades”... Página 2

“Impermanência” é o tema do artigo de Olvanir Marques Oliveira, que comparece pela primeira vez em nosso jornal. Página 8

O Encontro Estadual de Espiritismo congrega os espíritas baianos no Centro de Convenções em novembro. Página 5

Você sabia que o famoso escritor francês Victor Hugo participava de sessões espíritas? Página 7

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Homenagem:

Carlos Bernardo Loureiro: o grande pesquisador espírita brasileiro.
(16.04.1942 - 10.08.2006)

Número 21 - página 2

MOVIMENTO

Adilton Pugliese lança as nobres verdades

O escritor e expositor espírita baiano Adilton Pugliese está com um livro novo na praça. Trata-se de “Nobres verdades espíritas”, que reúne crônicas publicadas anteriormente nas revistas Reformador, da Federação Espírita Brasileira, e Revista Internacional de Espiritismo. O lançamento, no dia 18 de outubro, acontece no Centro Espírita Deus, Luz e Verdade, repetido posteriormente, 6 de novembro, no C. E. Caminho da Redenção, ocasiões em que Adilton realizou palestra em torno de sua obra, que sai pelo selo da Livraria Espírita Alvorada Editora (LEAL).
Ex-presidente da Federação Espírita do Estado da Bahia, Pugliese coordena, atualmente, as atividades do Departamento Doutrinário do Centro Espírita Caminho da Redenção, na Mansão do Caminho. Palestrante e articulista, é autor/organizador do livros “Obsessão: instalação e cura”, “Os anjos guardiães segundo o Espiritismo”, “Allan Kardec e o centro espírita”, “Reuniões doutrinárias e mediúnicas no centro espírita” – planejado e organizado em conjunto com a equipe do Projeto Manoel Philomeno de Miranda.
“Nobres verdades espíritas” é, em síntese, uma louvação a Allan Kardec e à Terceira Revelação de Deus aos homens, o Espiritismo. “Os valiosos fundamentos da Doutrina Espírita, de aspecto científico, filosófico e ético, permitem amplas possibilidades de conexão com qualquer tema do pensamento humano, enriquecendo episódios históricos, quando examinados à luz da reencarnação, da imortalidade da alma, da influência dos Espíritos na vida humana”, salienta Adilton na apresentação de seu livro.
Nas crônicas, espalhadas em 33 capítulos, “grandes missionários de ontem e de hoje comparecem neste trabalho evocados pelo autor, contando episódios interessantes de suas trajetórias e expondo o ideário de suas reflexões os quais, reunidos em síntese admirável, compõem a saga de implantação, na Terra, do Consolador prometido por Jesus Cristo, que teve na figura de Allan Kardec seu mais expressivo representante encarnado”, conforme ressalta o prefácio de João Neves da Rocha, membro da equipe do Projeto Manoel Philomeno de Miranda.

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CURTAS

A Casa de Oração Bezerra de Menezes (Cobem) realizou no dia 27 de outubro um sarau com apresentações de música, poesia e teatro para marcar o encerramento e a premiação dos vencedores de seu primeiro concurso de contos, artigos e poemas, com o tema “A bênção da amizade”.

“Depressão e obsessão: as duas faces do problema” foi o tema de seminário que Cláudio Emanuel Abdala ministrou no dia 21 de outubro no Centro Espírita Deus, Luz e Verdade, com renda revertida para a Sociedade Espírita Campo da Paz, que Cláudio dirige no bairro de Jardim Nova Esperança.

Toda quinta-feira, às 20h30, vai ao ar o programa de rádio Conexão Jovem Espírita, produzido pela Coordenação de Infância e Juventude da Federação Espírita do Estado da Bahia (CIJ-FEEB) e realizado por integrantes de várias juventudes de centros espíritas de Salvador. Já foram ao ar nove edições do programa, disponíveis no blog http://www.cij-feeb.blogspot.com.br/.

O Centro Espírita Irmã Marília (Fazenda Grande IV - Boca da Mata – Setor 6, Caminho 57, n.° 3) realiza trabalho de pintura mediúnica no dia 14 de janeiro de 2013 – data de aniversário da instituição. Parte dos recursos angariados com a venda dos quadros será aplicada nas obras de reforma da Casa. Mais informações: (71) 3219-6955/3307-2206, com Cristina ou Jacilene.

Número 21 - página 3

MEMÓRIA

Carlos Bernardo Loureiro: a pesquisa do Espiritismo na Bahia

Filho de Antônio Loureiro de Souza e Elza Cajazeira Loureiro de Souza, Carlos Bernardo Loureiro de Souza era figura das mais conhecidas no meio espírita baiano e brasileiro, principalmente por sua dedicação à pesquisa da fenomenologia espírita. Aprofundou ainda mais seus estudos no campo a partir de 1986, no Círculo de Pesquisas Ambroise Parré, em Salvador, cidade onde nasceu em 16 de abril de 1942. Publicou, por diferentes editoras, mais de 15 obras, dentre as quais, "Das profecias à premonição", "Dos raps à comunicação instrumental", "Espiritismo & magnetismo - de Paracelso à psicotrônica", "Obsessão e seus mistérios", "Perispírito - natureza, funções e propriedades", "As mulheres médiuns" e "Visão espírita do sono e dos sonhos".
Teve artigos publicados em jornais espíritas do Brasil e do exterior, mas uma de suas mais conhecidas contribuições à divulgação do Espiritismo está materializada no Teatro Espírita Leopoldo Machado, o primeiro centro/teatro espírita do Brasil, sediado na capital baiana e com capacidade para 700 pessoas, onde, além de peças teatrais, são realizadas palestras doutrinárias. Possuía um currículo profissional extenso. Formado em Direito pela Universidade Federal da Bahia, em 1973 participou da elaboração, em Brasília, do Código de Direito do Trabalho, sob a responsabilidade da Comissão de Justiça da Câmara dos Deputados.
Exerceu por longo tempo a advocacia e ocupou o cargo de assessor jurídico da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), onde trabalhou por 32 anos. Também lecionou Ética na Escola Superior de Advocacia da OAB/BA. Na década de 70 passou a se dedicar ao jornalismo espírita, onde fundou periódicos como Impacto, O Samaritano, Gazeta Espírita e Dimensões. 
Foi articulista, também, de diversos jornais espíritas do Brasil e Exterior. Intelectual dos mais notáveis e representativos no meio espírita, dedicou mais de 40 anos às pesquisas, ao estudo incessante e a divulgação, preocupando-se em manter a Pureza Doutrinária do Espiritismo, tendo muitas vezes travado memoráveis polêmicas com detratores da Doutrina; sempre com veracidade e argumentações claras.
Procurou combater as interpretações e traduções deturpadas das obras de Kardec, inclusive aquelas que surgiram no seio do Movimento Espírita Brasileiro, sempre enfatizando a importância de estudar também as obras complementares de acurado conteúdo científico e filosófico do Espiritismo; especialmente as de Ernesto Bozzano, Gustavo Geley, Gabriel Delanne, Alexander Aksakof, Camille Flammarion e outros eminentes pesquisadores. Idealizou e apresentou programas como Conversando Sobre Espiritismo (veiculado na Rádio Clube AM, na década de 80) e Encontro com a Cultura Espírita (sendo este programa sua última tribuna), exibido aos sábados pela TV Aratu (canal 4), alcançando sempre altos índices de audiência.
Dedicou 40 anos às pesquisas sobre a Obsessão e os trâmites do tratamento moral da desobsessão, tendo buscado ensinamentos com grandes espíritas como Aurelino Mota de Carvalho, Abel Mendonça e Josué Arapiraca, desenvolvendo a partir daí um método diferenciado no tratamento. Incansável pesquisador da fenomenologia espírita, aprofundando seus estudos de campo a partir de 1986, no Círculo de Pesquisas Ambroise Parré (Espírito que coordenou os seus trabalhos de pesquisa), quando conseguiu obter a materialização plena de espíritos e tantos outros fenômenos. Trabalhou com vários médiuns, entre os quais José Alberto Medrado, com o qual obteve a materialização do Espírito “Noiva”, na década de 80.
Carlos Bernardo Loureiro desencarnou no dia 10 de agosto de 2006, vítima de hepatite.

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Programação de Atividades do C. E. Lar João Batista


Doutrinárias – Domingo, 10 horas; segunda-feira, 20 horas; quinta-feira, 16 horas.

Passes - Segunda-feira, 16 às 18 horas; terça, 16h30 às 18h; quarta, 10 às 11 e 16 às 18h; quinta, 17 às 18 e 19 às 20h; sexta, 16 às 18h; sábado, 15h30 às 16h30.

Entrevistas - Quarta-feira, 10 às 11 horas; sexta-feira, 15h30 às 17h30.

Escola mediúnica - Quinta-feira, 20 às 21 horas; sábado, 15 às 16h30.

Curso básico - Quinta-feira, 20 às 21h30; sábado, 15 às 16h30; domingo, 9h30 às 11 horas.

Grupos de estudo - Terça-feira, 20 às 21h30; quarta-feira, 9 às 10h; quinta-feira, 20 às 21h30; sexta-feira, 15 às 16h.

Evangelização – sábado, 8h30 às 10 horas.

Pré-requisito para acesso a grupos de estudo: ter o curso básico.

“O amor que compreende o erro é êmulo do amor que educa, da mesma forma que o amor que perdoa promove o amor que salva.”

(Joanna de Angelis)

Número 21 - página 4

ENTREVISTA

Trabalho levado a sério

Rita de Cássia Freitas de Melo, presidente do Grupo Espírita Raio de Luz, localizado na Rua da Palestina – Uruguai, em Salvador –, conheceu o Espiritismo nos idos de 1982, no C. E. Cavaleiros da Luz, quando esta instituição ainda funcionava naquele bairro, antes de se transferir para a Cidade da Luz, em Pituaçu.

Rita sempre foi, conforme declarou à Tribuna Espírita de Salvador, uma pessoa muito mística, curiosa quanto às questões espirituais. Uma vizinha a levou ao Cavaleiros e o resultado foi que ela se apaixonou pela Doutrina Espírita, dedicando-se então a fazer cursos; primeiro, o básico e, depois, o de passes, passando a trabalhar na reunião mediúnica.
ORIGEM O Raio de Luz (foto) nasceu quando o Cavaleiros da Luz se mudou para Pituaçu, em 1996, graças ao esforço de alguns remanescentes que não puderam ou não quiseram se deslocar àquela parte da Cidade Alta. Assim, alguns desses antigos trabalhadores um núcleo de atividades chamado Caminho de Paz, em 1998; antes disso, porém, estava em atividade um grupo dedicado à distribuição e sopa aos necessitados, o qual foi convidado pelos dirigentes do Caminho de Paz a integrar essa instituição. E Rita ficou aí até janeiro de 2001, quando o fundador se afastou e seu substituto não aceitou muito bem a colaboração dela.
CONSTRUÇÃO Rita viu-se sem espaço ali e decidiu ocupar, junto com outros companheiros, o prédio abandonado que seu marido possuía na Rua da Palestina. No início, era só o estudo do Evangelho, feito na laje, sob as estrelas, mas em pouco tempo começaram a construção das instalações. Ainda assim, eles ficaram um ano inteiro trabalhando sem eletricidade. Quando tudo ficou pronto, iniciou-se o grupo de estudo e então foram chegando as pessoas, futuras colaboradoras dos serviços dispensados à comunidade.
SERVIÇOS A Casa oferece atendimento fraterno na quarta-feira; na segunda-feira há o curso básico de Espiritismo; na quinta é realizado o curso de introdução à Doutrina Espírita, com duração de seis meses; os serviços de desobsessão e cirurgia espiritual acontecem às sextas-feiras; sábado é o dia da evangelização infantil, à tarde, e do atendimento aos trabalhadores do Raio de Luz, que conta, aos domingos, uma vez por mês, com o trabalho de vibração pela Casa e confraternização com os trabalhadores.
JUVENTUDE Em média, entre 40 e 50 pessoas frequentam os trabalhos regulares na instituição, graças à divulgação “boca a boca”, na comunidade. Foi tudo tão intenso e repentino que faz Rita perguntar-se: “O que a Espiritualidade viu em mim?”. A resposta veio indiretamente: o trabalho só cresce e hoje a Casa conta com aproximadamente 30 trabalhadores ativos. O Raio de Luz, diz ela, é um centro jovem, de pessoas jovens, com o propósito de introduzir os jovens nas atividades da Casa. “Se você dá responsabilidade, o jovem corresponde”, salienta, apontando o próprio exemplo: “Tenho espírito jovem, sonho muito. Quero lutar; se não der certo, pelo menos tentei”.
ALEGRIAS Para ela, o Espiritismo é o tripé filosofia – religião – ciência. Nesse âmbito, diz Rita que sua vida é pautada no amor ao próximo: “Erro pra caramba, mas todo dia peço a Jesus que me dê força. Se há algo que levo a sério é o trabalho espiritual”, explicando que um de seus filhos se evangelizou no Cavaleiros da Luz e hoje é doutrinador no raio de Luz. Rita conta suas maiores alegrias ela tem experimentado na ação caritativa junto aos amigos espirituais, a exemplo do que houve com seus filhos, dois rapazes: “Eles nunca brigaram por uma namorada, o que aconteceu aqui dentro [no Centro], mas a Espiritualidade chamou a ambos para a pacificação e os dois se abraçaram, perdoando-se”. Outra alegria é observar os assistidos que melhoram oferecerem-se para trabalhar na Casa, confessa Rita.

Número 21 - página 5

NOTÍCIAS

FEEB prepara o Encontro Estadual de Espiritismo

“Um pouco mais de dezenove séculos depois (que o Cristo delineou os rumos do progresso espiritual na Terra, através dos ensino do Evangelho), o insigne mestre Allan Kardec, utilizando-se desses preciosos conteúdos morais definiu as características do homem de bem, nas páginas lúcidas e de beleza cristalina de O Evangelho Segundo o Espiritismo, demonstrando que esse modelo de ser é, em síntese, um verdadeiro cristão.
Na atualidade conturbada, na qual a ciência e a tecnologia alçam a inteligência às galáxias, deslumbrando-a com a sua grandeza, assim como às micropartículas, falando a respeito da grandiosidade da energia, incontáveis sentimentos humanos ainda permanecem nos atavismos enfermiços das sensações básicas, entre estertores e aflições que poderiam estar ultrapassados, caso se permitissem a vivência dos ensinamentos dignificadores de Jesus.
Por isso que, transcorridos vinte séculos, após aqueles tumultuados e a seguir incomparáveis dias em que Ele transitou pelos caminhos da humanidade, a Sua presença torna-se uma necessidade impostergável para as vidas que marcham na direção da felicidade sem saber realmente o de que a mesma se constitui.
Temos a certeza de que no próximo Encontro Estadual de Espiritismo, promovido pela Federação Espírita do Estado da Bahia, que se realizará em Salvador (BA), sob a inspiração do Evangelho de Jesus penetrado pela sublime claridade da revelação espírita, serão traçados os programas hábeis para a inadiável construção do homem de bem.”
Essas palavras são parte da mensagem ditada pelo Espírito Amélia Rodrigues à pena do médium Divaldo Franco, na manhã de 16 de outubro de 2012, na Mansão do Caminho, em atenção à iniciativa da FEEB, que nos dias 2, 3 e 4 de novembro reunirá o movimento espírita baiano em torno do tema “O Evangelho na construção do homem de Bem”.
O objetivo deste encontro é reunir no Centro de Convenções, em um final de semana no mês de novembro, exceto no ano do Congresso, os presidentes de todos os Centros Espíritas do Estado e os trabalhadores de todas as áreas específicas de cada Conselho Distrital e Regional, para, junto com a Diretoria Executiva e os coordenadores federativos, avaliarem os projetos implementados durante os Encontros Macrorregionais, traçando e corrigindo rumos para alcançarem as ações projetadas.
Além do tribuno baiano Divaldo Franco, diversos expositores convidados estarão presentes ao evento, a exemplo de Jason de Camargo (RS), Clodoaldo Leite (SP), Georgina Valente (RS), Sandra Borba (RN) e Janete Oliveira (MG), dentre outros.
Mas não só os integrantes do movimento espírita constituem o público alvo desse encontro, posto que também as pessoas interessadas em conhecer as propostas de realização do homem de bem são estimuladas a participar, a fim de que os ganhos sociais se amplifiquem ao máximo.

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Seminário do Lar João Batista aborda transtornos psíquicos

O C. E. Lar João Batista realiza em novembro, nos dias 23 e 24, o Seminário sobre Ciência Espírita, discutindo este ano o tema “Psicologia e Espiritismo: transtornos psíquicos”. Em sua 12a. edição, o seminário será aberto, na noite do dia 23 (sexta-feira), pela psicóloga Solange Meinking, que abordará o tema central.
As demais atividades acontecerão no sábado, dia 24, quando os expositores Francisco Rosário, Salete Matos, Paulo Sacerdote, Jurandir Sena e Nadja Oliveira se ocuparão dos temas correlatos, pela manhã e à tarde. No final de cada turno está programado um painel com os expositores participantes.

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POESIA

Amor e humildade
Raul de Leoni

Nós viveremos, universo em fora,
Trazendo dentro d’alma a vida acesa
No ritmo da luz da Natureza,
Que é a eterna vibração da eterna aurora.

A dor, somente a dor nos aprimora,
Nos caminhos da prova e da aspereza,
Elevando a nossa alma na grandeza
Da grande claridade redentora.

Somos os lutadores peregrinos,
Sonhando pela estrada dos destinos,
Um castelo de paz, ventura e glórias.

Sabemos do passado envolto em ruínas
Que a luz do amor e as rudes disciplinas,
São as chaves das últimas vitórias.

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Aniversariantes do trimestre

Julho
10 - Nilben
27 - Alzira

Setembro
7 - Maria Helena
11 - Érico
12 - Francisco
13 - Izabel Costa
23 - Lindaura Pereira
29 - Valmira

Vão-se passando os anos
e nós, diante do espelho,
vemo-nos assim como o vinho,
que melhora quanto mais velho.

Número 21 - página 6

DOUTRINA

No banquete espiritual
Francisco Muniz

Ainda nos dias de hoje é possível ver muitas pessoas preferindo cuidar de seus interesses pessoais – ganhar dinheiro, alcançar posições de relevo social, conquistar o poder, “curtir” a vida... – em vez de zelarem pelo bem mais precioso, a própria alma, entregando-se de bom grado à participação no banquete espiritual a que o Cristo se reporta ao tratar da parábola do festim das bodas. Essa necessidade diz respeito à transitoriedade da vida física, que todo mundo observa mas bem poucos levam em consideração, por não se lembrarem de que a vida é contínua e, portanto, haverá um depois. Reparamos, portanto que, a exemplo do Espírito André Luiz, conforme seu relato no livro “Nosso Lar”, pela psicografia do médium Francisco (Chico) Cândido Xavier, a experiência religiosa aparece como atitude de fachada, como mera formalidade social...
É nesse ponto que a mediunidade, trazendo-nos com intensidade, pela riqueza de detalhes informativos, a notícia dos que partiram para o “outro lado”, ganha importância, fazendo-nos refletir quanto à necessidade de vivermos a vida atual com a responsabilidade que ela exige de cada um, compreendendo-se a condição de espírito imortal. Se, como canta Gilberto Gil, “viver é simplesmente um grande balão”, quer dizer que estamos em processo de elevação, mas desde que saibamos ajudar o vento, através da criação e aproveitamento das circunstâncias favoráveis, a começar da aceitação do convite à renovação interior.
A mediunidade é uma das muitas ferramentas para esse processo, verdadeiro instrumento para a conquista da paz interior que simboliza o domínio sobre si mesmo, condicionando o ser a posições bem mais relevantes na hierarquia espiritual, graças ao intercâmbio com os orientadores invisíveis. Os exemplos são muitos a esse respeito, mas basta que citemos três dos mais conhecidos, os médiuns Francisco Cândido Xavier, lembrado anteriormente, Yvonne do Amaral Pereira e Divaldo Franco – este último ainda encarnado entre nós.
Todos eles tiveram desde cedo que aprender a lidar com a faculdade mediúnica, chamados que foram, na condição de missionários do bem, ao testemunho da Verdade acerca da imortalidade, razão mesma da vinda do Cristo à Terra: “Eu vim para que todos tenham vida, e vida em abundância”, disse Jesus, chamando-nos ao banquete que propicia a construção do Reino dos Céus, primeiro no ambiente de nossa intimidade e depois espraiando-se por todo o planeta. Essa mesa ainda está posta e só espera que os convidados tomem seus lugares.
No entanto, para essa participação no banquete, o Cristo observa-nos alguns requisitos, quais os de renunciarmos a nós mesmos, abraçarmos nossa cruz e fazermos toda caridade possível aos “pequeninos de meu Pai”. Sobretudo, importa aprendermos a amar a Deus sobre todas as coisas, para termos a capacidade de amar ao próximo como a nós mesmos. Tudo isto quer dizer, em suma, que é imprescindível viver as lições do Evangelho, para que, impregnados pelas suaves vibrações da proximidade dos amigos espirituais, sintamo-nos realmente trajando a túnica nupcial, experimentando na alma as alegrias advindas da certeza do dever retamente cumprido...
Ser médium, assim, é ser remédio para si mesmo, enquanto se trabalha junto ao próximo para que este encontre, por parte do auxílio da Espiritualidade, o lenitivo para as próprias dores. A satisfação íntima que nasce da abnegação é o prêmio da dedicação a atividade tão nobre, pela observância da recomendação evangélica: “Quando derdes um banquete não convideis aqueles que vos podem retribuir, mas convideis os pobres e os estropiados”.
Eis, então, a essência da mensagem evangélica, ela mesma o banquete para o qual somos convidados desde há muito e de há muito desprezado pelo orgulho humano. No entanto, seguidamente os emissários do Cristo, quais os servos do Senhor da parábola, vêm chamar os que se encontram nos caminhos, porquanto “são muitos os chamados e poucos os escolhidos”, embora devamos estar atentos para a importância de trajarmos a “veste nupcial”, na forma da pureza das intenções no trato com as coisas da alma, a fim de concretizarmos em nós mesmos e em torno de nós a excelsitude do Reino dos Céus...

Número 21 - página 7

HUMOR

Dois pesos e duas medidas

Um velhinho está no hospital, quase fazendo a passagem...
Um padre está ao seu lado para dar-lhe a extrema-unção.
Ele lhe diz ao ouvido:
- Antes de morrer, reafirme a sua fé e renegue o Demônio.
Mas o velhinho fica quieto..
Ao que o padre insiste:
- Antes de morrer, reafirme a sua fé em nosso Senhor Jesus Cristo e renegue o Demônio.
E o velhinho... nada.
Então o padre pergunta:
- Por que é que o senhor não quer renegar o Demônio?
O velhinho responde:
- Enquanto eu não souber pra onde vou, não quero ficar de mal com ninguém!

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CURIOSIDADES

O filme Nosso Lar é a produção mais cara do cinema brasileiro, com orçamento de R$ 20 milhões. Só na primeira semana de exibição, Nosso Lar foi visto por mais de um milhão de pessoas.

Convertido ao Espiritismo, o escritor Arthur Conan Doyle dedicou os últimos anos de sua vida à religião. Além de escrever em defesa da doutrina espírita, Conan Doyle dava palestras sobre o assunto. A conversão do criador de Sherlock Holmes foi motivada pela perda traumática de um parente querido.

Victor Hugo conheceu o Espiritismo na década de 1850. O escritor e poeta francês participou de sessões espíritas em que eram recebidas mensagens de pessoas famosas e personalidades da cultura, como Moliére e Shakespeare. Mais tarde, Hugo escreveria o livro Conversando com a Eternidade, em que relata seu conhecimento e suas experiências no Espiritismo.

Ao perder a filha e a neta ainda muito jovens, Tarsila do Amaral, um ícone do modernismo brasileiro, foi buscar amparo no Espiritismo. A dor e a depressão causadas pela morte de ambas só foram vencidas graças ao apoio e as palavras de conforto do médium Chico Xavier.

A cantora Edith Piaf, eterno mito da música francesa, também se tornou adepta do Espiritismo pelo mesmo motivo: a perda de uma pessoa querida.

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CHARGE


Número 21 - página 8

OPINIÃO

Impermanência
Olvanir Marques Oliveira

A transitoriedade do viver vem constituindo para todos nós uma grande angústia existencial. Nem sempre enxergamos o mundo como uma estação propícia e acolhedora, nesta viagem do auto-encontro. Ancorados no porto das apreensões corriqueiras, desviamos da meta e nos deixamos levar pela maré dos acontecimentos.
O apego à família, aos bens materiais, ao status social e tantas outras quinquilharias que pensamos levar na bagagem de retorno, nos cumula com destroços da nossa insensatez sob a forma aparente de “previdência”.
Os cuidados do mundo demonstram, ao nosso ver, uma cautelosa atitude - o que nos facultará futuras dificuldades quando o inverno chegar. É a velha história da cigarra e da formiga.
Assim é o raciocínio do homem atrelado ao “ego”. Não bastam as lições diárias que nos advertem do perigo e que se constituem verdadeiros sinais de alarme, como a insônia, a irritação constante, as insatisfações de toda ordem, gerindo o gosto amargo das nossas atribulações e emoções inúteis.
Alguns ponderam: eu não mereço!; é demais para a minha “cachola”! Outros intentam, desprovidos de caráter, o jogo fácil da esperteza que lhes proporcione mais e mais vantagens. Há, ainda, os que insistem em preconizar a lei do mais forte, afinal, dizem, “o mundo é dos que sabem curtir e gozar. Assim, vou aproveitar enquanto eu posso”.
Quase certos de tamanha incoerência, mal nos apercebemos que o tempo urge e continuamos sem tempo suficiente para aproveitar o tempo que nos resta. O lucro real somente nos aprimora o desejo de superar os acontecimentos e deixar para depois o que poderíamos, agora, realizar. É então que o momento da sobrecarga das energias gastas nos convoca a compromissos inadiáveis.
Enquanto aqui permanecemos, somente enxergamos com as lentes escuras do egoísmo. Talvez um dia, quem sabe, nos encontremos preparados para tais cometimentos. E a voz da consciência atenderá os apelos do Eu Superior: “Não recalcitres, avança o mar das tuas idealizações, lança as redes e navega. Amanhã, por certo, não terás a mesma oportunidade”.
Reconsideremos e retomemos o caminho de volta. Viver é preciso. Administrar o instante presente com a sabedoria perene dos que sabem “passar pelo mundo”, sem ao mundo pertencer”. (Jesus)
Confúcio, referendando o mestre de Nazaré, denomina a sintomatologia dos que choram a perda do que não possuem como o “sofrimento da impermanência”.
È apenas uma questão de inteligência emocional. Se procurarmos entender a natureza das nossas relações, o objetivo dessa passagem e o mergulho no invólucro carnal, assim como a necessária submissão às leis biológicas, nos libertaremos do sofrimento, pois o real é impermanente e somente permanece o irreal, invisível aos nossos olhos. Este é essencial.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Número 20 - Capa


Ano VI - N. 20 - ABR. - MAI. - JUN. 2012


EDITORIAL

Preconceito
Angélica Santos


Preconceito é uma opinião adotada sem o devido exame ou conhecimento prévio que pode causar danos morais ou materiais às pessoas, grupos ou mesmo denegrir sistemas, religiosos ou não. O preconceito ainda nos leva à vivência da superstição ou a adotar determinadas crendices quanto às coisas ou pessoas que prejulgamos sem os conhecimentos necessários.
O Movimento Espírita não está isento desse sentimento e muitas vezes perde trabalhadores entre pessoas que teriam oportunidade de servir à causa e às nossas casas, se isso não lhes fosse negado.
Preconceito de cor, de opção sexual, de religião... julgamentos preconcebidos a respeito do outro sem conhecer-lhes as possibilidades ou mesmo seus conhecimentos doutrinários. Aliás, o preconceito não nos deixa julgar com isenção de ânimo a verdade a respeito do ser em julgamento.
A Doutrina Espírita, através das páginas do Evangelho, preconiza lições como: “não julgueis para não serdes julgados”, “amar ao próximo como a si mesmo” e outros sublimes ensinamentos que nos levam a meditar por que em nosso meio esse sentimento ainda prevalece.
As casas que verdadeiramente seguem as orientações dadas pelo mestre lionês deveriam abominar esse sentimento mesquinho e injusto, sobretudo para com aqueles que buscam as nossas instituições para serem ajudados e terminam sendo repudiados.
Naturalmente, não é esse sentimento vivenciado em todos os ambientes espíritas, mas em muitos ele existe, às vezes de maneira camuflada. Depois de ter vivenciado nesse meio ao longo de 40 anos, sei o que digo, embora na atualidade possamos afirmar que as coisas melhoraram.
Em minha opinião, calcada nos conhecimentos doutrinários, todos os seres são nossos irmãos, cada um vivenciando o patamar em que precisa estar. Na casa espírita em que me encontro, todos são iguais, tendo os mesmos direitos e oportunidades.
Espero não estar em contradição com a Doutrina que amo e que pratico, mas é assim que vejo, ainda que, no presente, as ideias tenham melhorado.

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Leia nesta edição:


O ator Paulo Figueiredo dirige a mais recente produção espírita do país, o filme “E a vida continua...”, sobre a obra do Espírito André Luiz. Entrevista com ele na Página 4.

Quando os espíritos querem fazer chegar suas mensagens a alguém, eles sempre dão um jeitinho, afinal, o telefone só toca de lá para cá, diz José Medrado em seu artigo. Página 8

Diretor da FEB, Antonio César Perri de Carvalho esteve em Salvador no mês de março para o seminário de encerramento da Caminhada da Fraternidade 2012. Página 2

A partir de agora, as edições da Revista Espírita, poduzida atualmente pelo Conselho Espírita Internacional, vão circular unicamente na versão eletrônica. Página 7

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Luiz Olímpio Teles de Menezes - patrono da imprensa espírita brasileira.
Bahia, 1828 - Rio de Janeiro, 1893


Número 20 - Página 2

MOVIMENTO

Caravana da Fraternidade e o Evangelho na Bahia

A Federação Espírita do Estado da Bahia (FEEB) promoveu a Caravana Baiana da Fraternidade 2012, que percorreu a capital e a região metropolitana entre os meses de fevereiro e março. O tema adotado foi “Vivendo o Evangelho na construção do homem de bem”. O encerramento ocorreu no dia 1.º de abril, nas dependências do Centro Espírita Deus, Luz e Verdade, em Salvador, com evento coordenado pelo presidente da FEEB, André Luiz Peixinho, e contando com atuação do secretário geral do Conselho Federativo Nacional (CFN) da Federação Espírita Brasileira (FEB), Antonio Cesar Perri de Carvalho (foto), que abordou o tema “Os trabalhadores cristãos e espíritas, com base no livro Paulo e Estêvão”.

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CURTAS


O C. E. Deus, Luz e Verdade, localizado na Vila Laura, realiza no dia 15 de julho, pela manhã (das 8h30 às 12h), o seminário Estigmas Segundo a Psicologia do Espírito, baseado no mais recente livro do escritor, expositor e dirigente espírita baiano Adenáuer Novaes, condutor das atividades. Cada ingresso, à venda na Livraria Renovar ao custo de R$20,00, dá direito a um exemplar do livro.

O escritor e palestrante baiano Cláudio Emanuel Abdala, dirigente da Sociedade Espírita Campo da Paz, acaba de lançar mais um livro: Mubzi – Mistério Negro na Bahia. Trata-se de uma obra sem vinculação com o Espiritismo a não ser pelo fato de ter sido recebida por inspiração, conforme o autor.

O C. E. Luz e Caridade, localizado no Barbalho, comemorou no mês de junho seus 57 anos de atividades em prol do esclarecimento e da assistência social e espiritual à comunidade soteropolitana. Seu dirigente, Leovigildo Santana, foi o entrevistado em nossa edição n.° 18.

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EXPEDIENTE


Centro Espírita Lar João Batista
Rua Prediliano Pita, 58 - Fazenda Garcia - Salvador (BA) - Tel.: 3332-3733

Diretoria
Presidente – Angélica Souza Santos; Vice-Presidente – Erotildes de Jesus Silva; 1º. Secretário – Vera Myrtes de Oliveira Vargas; 2º. Secretário – Carolina Edith Santos Monteiro Lopes; 1ª. Tesoureira – Lindinalva Socorro de Souza; 2ª. Tesoureira – Jorsé Hermínio Araújo Pereira; Conselho Fiscal – Celina Pires Gomes, Auri Magalhães do Nascimento e Izabel Maria Teles Tavares; Departamento Assistencial e Promoção Social – Jane Selma Néri dos Reis; Departamento Comunicação Social – Jéssica Néri dos Reis Neves; Departamento Doutrinário – Ivan Cezar Pimentel do Nascimento; Departamento Infanto-Juvenil – Nadja Apóstolo; Departamento Mediúnico – Clélia Catay Medrado;
Departamento Patrimonial – Jurandir Sena.

Tribuna Espírita de Salvador
Jornalista responsável - Angélica S. Santos - MTb 1013; Editores - Angélica Santos e Francisco Muniz;
Revisão - Euclésia Costa e Lindinalva Souza; Tiragem - 1.000 exemplares; Periodicidade - trimestral;
Contatos - tesalvador@gmail.com ou angel.santos29@yahoo.com.br / telefax: 3332-3733.

Número 20 - Página 3

MEMÓRIA


Luiz OlímpioTeles de Menezes: pioneiro do Espiritismo no Brasil 


O berço mundial do Espiritismo foi a França, mas podemos considerar que, no Brasil, a nascente dos fenômenos provocados pelos espíritos foi a cidade de Salvador, na Bahia, desde os idos de 1853, antes mesmo da iniciação de Allan Kardec.
Desde 1853, portanto, já aconte-ciam noticiários sobre os fenônemos das “tables mouvan-tes” ou “tables parlantes”, que agitavam, desde 1850, a Europa e os Estados Unidos.
Há registros de ocorrências de “intercâmbio com os mortos”, porém, desde 1845, no antigo Distrito de Mata de São João, hoje município distante 62 km de Salvador, conforme queixa assinada por um juiz municipal, datada de 24 de maio daquele ano, apresentada ao tenente-general presidente da Província, contra pessoas “que faziam reuniões noturnas a pretexto de se ouvirem revelações de almas de mortos que se fingem aparecer”.
Oito anos após o lançamento de ”O Livro dos Espíritos”, o Espiritismo da Bahia era citado na ”Revista Espírita”, em 1865, devido a um episódio ocorrido em Salvador envolvendo o taquígrafo da Assembléia Legislativa, Luiz Olímpio Teles de Menezes, que escreveu no “Diário da Bahia” um artigo-réplica refutando crônica que depreciava “O Livro dos Espíritos”, publicada no jornal francês ”Gazeta Médialle”, de Paris.
Luiz Olímpio Teles de Menezes tornou-se o espírita de maior expressão da Bahia. Nascido soteropolitano, em 26 de julho de 1825, foi, sem dúvida, um extraordinário precursor e divulgador do Espiritismo. A ele devemos a fundação, a 17 de setembro de 1865, em Salvador, do primeiro Centro Espírita do Brasil, o Grupo Familiar do Espiritismo, do qual foi seu fiel dirigente.
A preocupação, porém, de Luiz Olímpio Teles de Menezes era a divulgação da Doutrina, em face do valor e da excelência dos postulados, e em julho de 1869 lança o primeiro periódico espírita em território brasileiro, o “Eco d’Além Túmulo”, por ele denominado “Monitor do Espiritismo no Brasil”, sendo citado na “Revue Spirit”  de outubro de 1869.
Teles de Me-nezes trabalhou durante 30 anos como taquígrafo da Assembleia Legislativa da Bahia, acumu-lando muitos e variados conhe-cimentos, que lhe granjearam o res-peito e a consi-deração de inúmeras pes-soas altamente colocadas na sociedade de Salvador.
Dedicou-se ao magistério particular e às letras, fundou o jornal “A Época Literária”, foi diretor do Instituto Histórico da Bahia, colaborou com vários jornais, escreveu livros e, na presidência do “Grupo Familiar do Espiritismo”, distinguiu-se pelo seu ânimo forte, pela sua cultura e elevação de sentimentos, suportando com destemor e firmeza d’alma o espírito zombeteiro dos incrédulos e materialistas.
Grande orador, possuidor de vasto cabedal de conhecimentos doutri-nários, fez inúmeras conferências em Salvador e cidades do Estado da Bahia, sempre levando o entusiasmo e o bom ânimo.
Cumprida sua tarefa na Bahia, rumou para o Rio de Janeiro, onde fixou residência, trabalhando, a partir de 1879, na distinta e culta corporação taquigráfica do Senado e do Império.
Sob longos e dolorosos padeci-mentos causados pela nefrite, no dia 16 de março de 1893, com 68 anos, desencarnou, em pobreza extrema, sendo seu enterro feito às expensas de dois colegas taquígrafos. Jornais do Rio e da Bahia lhe prestaram homenagens e seu nome foi incluído em três grandes enciclopédias, inclusive na Delta-Larousse e nos Dicionários Biblio-gráficos Brasileiro e Português.
O nome e os feitos de Luiz Olímpio Teles de Menezes, exemplo de tenacidade e fortaleza, conservar-se-ão nos Anais da História do Espiritismo no Brasil.

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Programação de Atividades do C. E. Lar João Batista



Doutrinárias – Domingo, 10 horas; segunda-feira, 20 horas; quinta-feira, 16 horas.

Passes - Segunda-feira, 16 às 18 horas; terça, 16h30 às 18h; quarta, 10 às 11 e 16 às 18h; quinta, 17 às 18 e 19 às 20h; sexta, 16 às 18h; sábado, 15h30 às 16h30.

Entrevistas - Quarta-feira, 10 às 11 horas; sexta-feira, 15h30 às 17h30.

Escola mediúnica - Quinta-feira, 20 às 21 horas; sábado, 15 às 16h30.

Curso básico - Quinta-feira, 20 às 21h30; sábado, 15 às 16h30; domingo, 9h30 às 11 horas.

Grupos de estudo - Terça-feira, 20 às 21h30; quarta-feira, 9 às 10h; quinta-feira, 20 às 21h30; sexta-feira, 15 às 16h.

Evangelização – sábado, 8h30 às 10 horas.

Pré-requisito para acesso a grupos de estudo: ter o curso básico.

“O amor que compreende o erro é êmulo do amor que educa, da mesma forma que o amor que perdoa promove o amor que salva.”
(Joanna de Angelis)



Número 20 - Página 4

ENTREVISTA - Paulo Figueiredo

“E a vida continua...” chega às telas


Em agosto deste ano estreia nos cinemas brasileiros o filme “E a vida continua...”, produção que focaliza mais um livro do Espírito André Luiz por Chico Xavier. A direção é de Paulo Figueiredo (foto), conhecido ator e diretor de novelas e peças teatrais, que nesta entrevista (excerto), concedida originalmente à revista Reformador, da FEB, comenta sua atuação como roteirista e diretor da obra cinematográfica.


Qual foi sua motivação para introduzir temas espíritas em teatro, televisão e cinema?
Um dos principais motivos é a conhecida influência que essas mídias exercem sobre o grande público. Televisão, cinema, teatro, acredito que nessa ordem, são poderosos modificadores sociais. A moda, o falar, o gestual, a discussão sobre temas do momento sofrem alterações em ritmo impressionante, mais ainda na população jovem. Utilizado, em sua maior parte, para expor publicamente o que o ser humano carrega de vergonhoso na bagagem de vícios, em sua peregrinação pelo Planeta, esse imenso poder de comunicação e sedução parece estar, quase que inteiramente, a serviço de lideranças espirituais suspeitas. Mostram na tela ou no palco a face espúria dos personagens, a maldade, a violência vingada sem a contrapartida do perdão, do resgate, dos mais nobres sentimentos humanos, da evolução espiritual, enfim. Isso é trabalho inútil, improdutivo. Entendo que, se levarmos para a tela ou para o palco histórias de superação, de vitória sobre o erro, podemos até não atingir multidões, mas boa parte dela terá o que pensar minutos antes de dormir. E A Vida Continua... foi transposto da literatura para o cinema e a TV com o fim de usar tais meios de comunicação para veicular ideias e conceitos exemplares.

E como surgiu a ideia de produzir o filme E A Vida Continua...?
Recentemente, por volta de 2004, tive o prazer de conhecer e privar da amizade de um homem chamado Oceano Vieira de Melo, historiador, documentarista, muito dedicado a estudos profundos do Espiritismo e de seus mais célebres expoentes. Afinidades e objetivos comuns vieram à tona levando-nos a unir experiências profissionais e vivências do cotidiano com a velha vontade de ajudar, através do cinema, na divulgação de histórias sempre tão atuais, dessas que impressionam e ao mesmo tempo levam à reflexão, sobre questões em geral muito próximas do dia a dia de todos nós, humanos, aprendendo a viver. A parceria surgiu sem esforço, e o sonho engavetado voltou decidido a virar realidade. Fizemos, enfim, E A Vida Continua...!

Quais suas percepções ao trabalhar o livro e elaborar o roteiro do filme?
Há trinta e tantos anos, escrevi uma peça teatral (inacabada) e dei-lhe o mesmo nome do livro no qual me inspirei: E A Vida Continua... Essa obra literária era minha conhecida, um dos romances espíritas mais expressivos que já havia lido. Eu sentia como uma espécie de dever a ser cumprido, contar aquela história para o grande público, através de algum meio artístico. Busquei estimular parceiros no ambiente artístico e fora dele, para que embarcassem comigo no projeto. Logo descobri a inviabilidade da minha pretensão, e o script incompleto mergulhou na gaveta e lá ficou. Nosso sempre querido Chico Xavier me deu conselhos a respeito. Por algum motivo, eu sabia que o futuro me reservaria a sonhada oportunidade. Num processo que considero intuitivo, percebi que as ideias têm seu tempo de nascer e amadurecer. A opção pelo cinema surgiu em 2002, e, mesmo sem nenhuma perspectiva concreta, comecei a trabalhar no roteiro, depurando-o continuamente através de 11 tratamentos, até que se mostrou satisfatório. Dois anos foi o tempo dedicado a esse trabalho. Uma tarefa que me trouxe paz e aprendizado. Cansaço, nunca. Testemunha muda e paciente foi o exemplar do livro que usei como base. De suas páginas esfaceladas, rabiscadas com canetas de todas as cores, foi-me permitido extrair meu roteiro.

Número 20 - Página 5

NOTÍCIAS

TVCEI expande seu sinal


Criada em 2006 pelo Conselho Espírita Internacional (CEI), a TVCEI vem expandindo seu sinal que hoje se estende, além da internet, à transmissão via satélite e operadoras de TV a cabo. “Já estamos com nosso sinal presente em mais de 30 operadoras de TV por assinatura e queremos continuar com este processo de expansão” – explicam os diretores do CEI, ressaltando que para isso é fundamental a colaboração de um maior número possível de pessoas.
Uma das formas de colaborar é associando-se ao Clube Amigos da TVCEI.
O valor da contribuição é de R$300,00, que pode ser feita em pagamento à vista ou dividida em até quatro parcelas de R$75,00 nos cartões de crédito Mastercard, Visa e Diners Club International.
Os integrantes do Clube receberão todo mês um brinde, com dois DVD, totalizando ao final de 12 meses 24 DVD.
Os interessados devem acessar www.tvcei.com. Informações também pelo telefone (61) 3038-8411, correio eletrônico clube@tvcei.com ou diretamente com o CEI: SGAN 909 – Conjunto F – Asa Norte – CEP 70790-090 Brasília, DF.

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Seminário sobre mediunidade discute esperanças e consolações



O C. E. Lar João Batista realiza nos dias 13 e 14 de julho o Seminário sobre Mediunidade, que em 2012 alcança a marca de sua 22.ª edição. Desta vez, o tema central é “Mediunidade: das esperanças e consolações”, perseguindo as orientações de Allan Kardec: “Mediunidade é uma faculdade dada para o bem e os bons Espíritos se afastam de quem quer que pretenda transformá-la em trampolim para alcançar seja o que for que não corresponda aos desígnios da Providência”.
A abertura do encontro acontece às 19h30 do sai 13 – uma sexta-feira –, com uma apresentação artística seguida da conferência sobre o tema. As atividades prosseguem no sábado (dia 14), quando às 9h Jurandir Sena fala sobre “Compromisso e redenção” e, após o intervalo, a dupla André Nery e Hilvan Santos tratará do tema “Conquistando a autoeducação”, após o que haverá uma rodada de perguntas e respostas.
À tarde, Salete Matos abordará a “Sintonia mediúnica – a cada um segundo suas obras”, seguida por Solange Meinking (foto), que analisará o “Mercantilismo mediúnico”, antes de outra rodada de perguntas e respostas. O seminário será encerrado pelo médium José Medrado, que explorará o tema “Os desafios de ontem e de hoje”.

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POESIA


Livro espírita
Alfredo Nora

Livro espírita - alegria
Da verdade clara e boa,
Escola que aperfeiçoa,
Instrui, consola, auxilia...

Socorro - beneficia,
Refúgio - guarda e abençoa,
Ampara toda pessoa
Que à luz dele se confia.

Livro espírita - colmeia
De apelos à nova ideia,
Templo, lâmpada, charrua...

Onde serve de atalaia,
A morte recebe vaia
E a vida se perpetua.

(Soneto recebido pelo médium Francisco Cândido Xavier na noite de 26.2.1969, em reunião da Comunhão Espírita Cristã - Uberaba - MG.)

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Aniversariantes do Trimestre


Abril
11 – Carol
19 – Euclésia
23 – Norma
25 – José Hermínio
27 – Vera Myrtes


Maio
01 – Gisella
12 – Joana
14 – Márcia
20 – Cícero José
25 – Maria da Glória


Junho
01 – Marcos
03 – Izabel Tavares
08 – Jane Selma
09 – Linda Socorro
11 – Aline Ramos
19 – Ana Cláudia
20 – Elisa
29 – Angélica Santos


Quanto mais o tempo passa
Mais aprendo a agradecer
Percebendo em tudo a graça
Do eterno alvorecer...





Número 20 - Página 6

DOUTRINA

A cura pela fé

Francisco Muniz - Jornalista e avô



O Espiritismo vem ao Homem, como revelação de Deus, com duas propostas distintas e complementares. A primeira surge como auxílio às criaturas que padecem as dores do corpo e da alma, proporcionando alívio e cursa de muitas enfermidades, que nascem na alma doente e se manifestam na estrutura orgânica, ou somática. Assim é que, compadecido da dor de seus filhos, Deus  envia seus mensageiros, os “Espíritos do Senhor” de que nos fala o prefácio de O Evangelho Segundo o Espiritismo, a fim de socorrerem os infortunados, através da ação benfazeja, voluntária e gratuita  dos médiuns que, alistados nas hostes do Espírito de Verdade, que é o próprio Cristo, realizam a doação espontânea de fluidos salutares aos enfermos de toda sorte, confiando em que, pela ação misericordiosa da Providência, todos experimentem o bem estar desejado, o que algumas vezes se configura como cura.
Para tanto, isto é, para que a cura se faça efetiva, é preciso que se atente para a segunda proposta que a Doutrina Espírita estabelece na Terra junto a seus profitentes: o esclarecimento das criaturas acerca das causas de seus males, sejam espirituais ou físicos. Cabe ao Espiritismo, como continuador da obra do Cristo no mundo, disseminar as informações sobre a real condição ou natureza do ser humano, de forma a torná-lo consciente da realidade espiritual - que é a sua - e assim capacitar-se para o convívio o mais constantemente possível com a dimensão divina, que vibra no íntimo de cada um de nós. Tudo isto quer dizer que o grande dever do Homem é reconhecer sua essência espiritual e, instruindo-se nessa verdade, exercer todos os esforços que resultarão na cura efetiva de seus males. Não é por outra razão que as casas espíritas falam em reforma íntima, correspondendo a Kardec e a Jesus, o que só é possível pelo conhecimento que cada um tenha de si mesmo, identificando as mazelas que o prendem à inferioridade e despertando o potencial renovador que o elevará às esferas das realizações superiores.
É certo que a fé, ou seja, a confiança e a certeza de que Deus age sempre em benefício de seus filhos bem amados, tem papel preponderante nos processos de cura. O próprio Jesus, que realizou, conforme observamos no Evangelho, vários fenômenos de cura, referiu-se à fé como o mecanismo indis-pensável para se alcançar esse melho-ramento relativo à saúde. No entanto, Ele deixou claro que nenhuma daquelas curas foi feita por ato único de Sua vontade, mas todas corresponderam á manifestação do potencial de fé das criaturas beneficiadas. “A tua fé te curou”, dizia ele, alertando, contudo, para o fato de que cabe a nós mesmos curarmos nossas enfermidades, ao explicar que, ajudando-nos, o Céu nos ajudará, sendo imperioso, portanto, buscar o Reino de Deus para que tudo o mais nos seja dado por acréscimo de misericórdia.
Tudo isto, entretanto, exige um aprendizado e até lá é justo e válido que se recorra a terceiros com o propósito de se alcançar os benefícios que proporcionem a desejada cura. Não se deve esquecer, porém, que é a própria vontade que deve ser mobilizada em todos os sentidos no tocante à obtenção do estado mais saudável, sendo necessário, nesse âmbito, adotar uma postura diferenciada perante a vida e perante a própria consciência. Isto significa a realização da propalada reforma interior, que deve acontecer pela seriedade dos fatos e pela responsabilidade por parte de quem deseja efetivamente libertar-se dos males afligentes, sob pena de se prolongarem essas mazelas. “Vai e não peques mais, para que te não suceda coisa pior”, avisou o Mestre.

Número 20 - Página 7

HUMOR

Charge
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Síndrome do arco íris

- Quando iniciei a “carreira” de expositor da Doutrina Espírita, sofri a “síndrome do arco íris”, que costuma acometer os neófitos nessa atividade. Nesses momentos, costumamos tremer que nem vara verde, a boca resseca e o estômago se contorce. E o microfone, então, se não der choque, parece que pesa uma tonelada!
- Como é essa “síndrome”, Sr. Francisco?
- É assim: no começo, dá aquele branco na mente; seu rosto fica vermelho; o sorriso se torna amarelo e você corre o risco de receber o “bilhete azul”...


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CURIOSIDADES

Mantida pela “Confederación Espírita Colombiana” (Confecol), de Bogotá, a Rádio Colômbia Espírita transmite 24 horas de programação pela internet. “Pelo direito à vida”, “Espiritismo para todos” e “Noticiário espírita” são alguns dos programas na grade da emissora. Endereço: radiocolombiaespirita.com.

A nova edição de “The Spiritist Magazine” (A Revista Espírita), que traz matéria especial sobre a “Transição planetária”, marca também uma nova fase para a publicação lançada por Allan Kardec e hoje continuada pelo Conselho Espírita Internacional. A revista passa a circular agora somente no formato digital, priorizando a questão ambiental e facilitando o acesso a um maior número de leitores. A distribuição é trimestral e a assinatura pode ser feita pelo correio eletrônico info@thespiritistmagazine.com. Outras informações em thespiritistmagazine.com.

Segundo a definição de Allan Kardec, “fatos espíritas” são todos os fenômenos causados pela intervenção de inteligências desencarnadas, ou seja, por espíritos. Kardec já havia esclarecido que os fatos espíritas são de todos os tempos, uma vez que a mediunidade é uma condição natural da espécie humana. Somente com o Espiritismo a mediunidade se define como uma condição natural da espécie humana, recebe a designação precisa de mediunidade e passa a ser tratada de maneira racional e científica.


Número 20 - Página 8

OPINIÃO


O espírito quis - ou o impacto de uma imagem

José Medrado
Médium, expositor, fundador e dirigente da Cidade da Luz


Sempre passo aos que me ouvem o entendimento do inesquecível mestre Chico Xavier de que, em termos de comunicação espiritual, principalmente de entes queridos, o telefone só toca de lá – do mundo espiritual – para cá. Aduzia, ainda, que não deveremos jamais nos preocupar, pois quando o espírito quiser e puder, dará sempre um jeito para fazer chegar a sua mensagem aos seus familiares.
Foi assim que aconteceu quando, neste novo trabalho mediúnico que agrego aos outros, o da escultura, Aleijadinho fez sua segunda obra e eu a apresentei no Centro e no Facebook; a partir daí, o inesperado aconteceu: no e-mail da Cidade da Luz, recebemos a seguinte mensagem – aqui transcrita com autorização dos seus autores, ipsis litteris: “Bom dia, gostaria de poder conversar com Medrado em relação a uma pintura mediúnica publicada no dia de Corpus Christi, feita por Aleijadinho. A imagem é de minha mãe. Eu, minha família e amigos que viram a imagem pelo facebook estamos sem entender... Gostaria de conversar com ele, ver essa pintura de perto e tentar entender. Mainha desencarnou, há 03 meses, por vários motivos de doenças, aos 59 anos. Preciso dessa conversa com Medrado, estamos querendo entender. Porque a imagem à semelhança dela? Ela está sofrendo? Precisamos de ajuda também. Agradecemos eu e meus irmãos. Aguardo contato.”
Verônica comentou que, quando viu a escultura no Face, de imediato, disse para si mesma: “É minha mãe!”. E acrescentou: “Essa expressão de sofrimento lembrou mainha quando entrou em coma". Chamou o filho de 8 anos para mostrar o que era uma escultura mediúnica e, para sua surpresa, ele exclamou: “Quem desenhou minha avó?”
No Face, Verônica compartilhou a escultura com familiares, sem qualquer comentário. Recebeu telefonema de uma cunhada que lhe perguntou porque ia colocar, na sepultura da sua mãe, uma imagem dela com expressão de sofrimento. Imaginou que Verônica havia encomendado a imagem para colocação no Jardim da Saudade, na campa da Sra. Isaura de Santana Reis, sua mãe, falecida a 2 de março de 2012.
Após ver a escultura, pessoalmente, na Cidade da Luz, na doutrinária de 12.06.12, Verônica e sua irmã firmaram a certeza de que era, realmente, a mãe delas, D. Isaura, falecida há três meses e poucos dias. Familiares outros que as acompanhavam também concordaram.
O detalhe do processo é que, quando menina, Verônica chegou a ir com a mãe à Cidade da Luz, mas nunca mais elas voltaram. Muitos poderão elucubrar o que quiserem; a verdade, no entanto, é que a família se sentiu consolada, confortada, e é isso que importa e D. Isaura mandou a sua mensagem, talvez ainda de muita tristeza e saudade, ou talvez de um pouco de dor remanescente dos seus últimos dias, fazendo com que todos se envolvam no processo de oração e certeza de que a mãe ainda os tem na lembrança e no coração.
Assim, aos que creem continua a ratificação do natural processo da vida, no pós-morte; já aos que não, persistirão as dúvidas até a morte.


segunda-feira, 14 de maio de 2012

Número 19 - Capa


Ano VI - N. 19 / JAN. - FEV. - MAR. 2012

EDITORIAL

Vivência fraterna
Angélica Santos


Quando tomamos conhecimento do vocábulo fraternidade, a idéia que nos ocorre é de irmandade, vínculo de solidariedade, fraternização, camaradagem.
Essas concepções levam-nos a pensar na condição de vivência entre a maioria de nós, os espiritistas, em que essa palavra é muito decantada e pouco compreendida em sua real acepção, existindo, naturalmente, exceções. A verdade é que nos falta conviver mais de perto com o sentido literal da palavra, que por motivos ainda não maturados não sabemos explicar o porquê da fragilidade do sentimento que ainda não aprendemos a colocar em nosso relacionamento, com convicção, na vivência do movimento que abraçamos. Isto é, o Movimento Espírita.
É bem verdade que nos meios culturais, sociais, políticos, religiosos e mesmo no familiar existe esse problema. No entanto, sabemos que entre nós o viver fraternalmente seria mais do que normal, se nos conscientizássemos que permeia em nosso meio o teor do Evangelho de Jesus, além de inúmeras mensagens, advindas do mundo espiritual ou não, incentivando-nos a abraçar essa convivência no nosso dia-a-dia.
A maneira esporádica de viver esse sentimento não faz muito sentido, quando realmente queremos, pelo menos entre nós, colocar o amar a seu próximo como a si mesmo.
O Espiritismo nos leva à busca do amor, da fraternidade, da sinceridade em nossas vidas, de maneira clara, diariamente, e não ocasionalmente, em encontros periódicos. Muitos de nós, acredito, deseja esse conviver, essa aproximação pelo trabalho em conjunto, e tenta, sem sucesso.
Tentemos, pois, fortalecer os vínculos da ternura, do afeto, da compreensão, para humanizarmos juntos nossos sentimentos, passando a compreender melhor as nossas diferenças, podendo assim colaborar com o crescimento material e, sobretudo, moral da casa em que exercemos nossas atividades.

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Leia nesta edição:


O Espiritismo emplaca 155 anos esclarecendo e consolando os homens, a partir do lançamento de O Livro dos Espíritos, a 18 de abril de 1957, pelo esforço de Allan Kardec. Página 3

Um planeta sustentável para uma vida mais harmonizada é o que propõe Ivan Cézar em seu artigo na Página 8.

A Assembleia Geral da Federação Espírita do Estado da Bahia reelege André Luiz Peixinho para um novo mandato, até 2014. Página 2

Winston Churchill, primeiro ministro da Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial, acreditava em fantasmas... Página 7

A doutrina Espírita nos informa que jamais estamos sozinhos e por isso é importante aprender ao menos a dizer “bom dia”... Página 6

Cláudio Emanuel Abdala, nosso entrevistado, fala como nasceu a Sociedade Espírita Campo da Paz. Página 4


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“O bom senso encarnado.” (Camille Flammarion)
ALLAN KARDEC 
(Hippolyte Léon Denizard Rivail)
3.outubro.1804 - 31.março.1869








quinta-feira, 26 de abril de 2012

Número 19 - página 2

MOVIMENTO


Diretores da FEEB são reeleitos


A eleição realizado no domingo, dia 22 de abril de 2012, ratificou, por aclamação, o nome de André Luiz Peixinho na presidência da Federação Espírita do Estado da Bahia para o período 2012-2015. Além de Peixinho foram eleitos, por adesão voluntária e por aclamação, os conselheiros citados abaixo para ocuparem cargos na Secretaria do Conselho Deliberativo e Diretoria Executiva.
Conselho Deliberativo - membros efetivos: André Luiz Peixinho -diretor presidente da Diretoria Executiva; Antônio Alberto Pina dos Santos - presidente do Conselho Deliberativo; Creuza Santos Lage - secretária do Conselho Deliberativo; Edinólia Pinto Peixinho - diretora de Integração Federativa; Elzenira Almeida Carneiro Klippel; Isaura Lopes Maciel; Jorge dos Santos Fróes Costa; José Ataíde Barbosa - diretor da Sede Central; Kátia Regina Cavalcanti Farias; Luciano Crispim de Jesus - diretor de Finanças; Marco Antônio Silva Pinto; Marcus Vinícius Rios Vieira - diretor de Orientação e Qualificação Doutrinária; Marcus Machado Ramos Souza e Souza; Marcus Welby Borges Oliveira; Miriam Farias da Paixão Quariguazi - diretora de Arrecadação; Nélia Georgina Salles; Nilzete Clarinda das Virgens; Ruth Brasil Mesquita; Suzana Bernardes Dias - diretora da Sede Histórica; e Therezinha Bueno Baraúna.
Os membros suplentes são: André Marcílio Carvalho de Azevedo, Eleonora Lima Peixinho Guimarães, Emanoel Bacellar, Julinda Braga da Silva, Lindinalva Sá Santos Oliveira,
Maria da Conceição de Campos Vieira, Raimundo Santana Menezes, Ricardo Carvalho de Azevedo Santana, Simone Maria Figueiredo Rocha e Tereza Cristina da Silva Lima.
O Conselho Fiscal tem agora esta composição: membros efetivos - Milton Francisco da Cunha, Laércio Klippel e Fernando Eduardo Andrade Maia, tendo como suplentes Edna Perpétua Suzart Falcão, Washington Nascimento Gramacho e Pedro Jorge Gomes.
E a Assembléia Geral da FEEB, por sua vez, tem como presidente Zenith de Carvalho Mariano, além de José Carlos Rocha Lima e Eliana Oliveira Menezes, respectivamente o primeiro e a segunda secretários.

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CURTAS


Promovido pelo Conselho Distrital 11, acontece no período de 1 a 31 de maio deste ano a 3.ª Jornada Espírita de Cajazeiras, discutindo a tríade que Allan Kardec adotou como lema: trabalho, solidariedade e tolerância. Dentre os palestrantes estão os expositores Pedro Camilo e Isaurinha Maciel.

“A família é base fundamental sobre a qual se ergue o imenso edifício da sociedade. É no pequeno grupo doméstico que se dão os pródromos da educação dos sentimentos, entre outros desafios que substanciam a vida.” Tomando por base essa legenda do Espírito Joanna de Angelis, o Centro Espírita Semente de Luz, localizado no bairro do Saboeiro, realiza no dia 6 de maio o seminário “Família - entendimento, desafios, equilíbrio e convivência”, focalizando principalmente a obsessão no seio familiar. As atividades, das 8h30 às 12h30, na sede da Federação Espírita do Estado da Bahia (FEEB – Iguatemi), serão conduzidas pelos expositores Roberto Fonseca e Glória Pitta, deixando o momento musical a cargo de Glauco (CEDLV). O investimento de R$10,00 mais 25 notas ou cupons fiscais.

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EXPEDIENTE


Centro Espírita Lar João Batista
Rua Prediliano Pita, 58 - Fazenda Garcia - Salvador (BA) - Tel.: 3332-3733

Diretoria
Presidente – Angélica Souza Santos; Vice-Presidente – Erotildes de Jesus Silva; 1º. Secretário – Vera Myrtes de Oliveira Vargas; 2º. Secretário – Carolina Edith Santos Monteiro Lopes; 1ª. Tesoureira – Lindinalva Socorro de Souza; 2ª. Tesoureira – Jorsé Hermínio Araújo Pereira; Conselho Fiscal – Celina Pires Gomes, Auri Magalhães do Nascimento e Izabel Maria Teles Tavares; Departamento Assistencial e Promoção Social – Jane Selma Néri dos Reis; Departamento Comunicação Social – Jéssica Néri dos Reis Neves; Departamento Doutrinário – Ivan Cezar Pimentel do Nascimento; Departamento Infanto-Juvenil – Nadja Apóstolo; Departamento Mediúnico – Clélia Catay Medrado;
Departamento Patrimonial – Jurandir Sena.

Tribuna Espírita de Salvador
Jornalista responsável - Angélica S. Santos - MTb 1013;
Editores - Angélica Santos e Francisco Muniz;
Revisão - Euclésia Costa e Lindinalva Souza;
Tiragem - 1.000 exemplares;
Periodicidade - trimestral;
Contatos - tesalvador@gmail.com ou angel.santos29@yahoo.com.br / telefax: 3332-3733.



Número 19 - página 3

MEMÓRIA

Allan Kardec – o bom senso encarnado


Há 155 anos, compltados no dia 18 de abril deste 2012, o Espiritismo prossegue espargindo luz nova sobre os homens, consolando enquanto esclarece sobre a realidade da vida espiritual, dizendo que ninguém morre: aqueles nossos entes queridos que julgávamos ter “perdido” simplesmente partiram antes e nos recepcionarão à nossa chegada ao Mundo da Verdade; e esclarece consolando, ao informar que já vivemos antes e continuaremos vindo à Terra (mundo material) quantas vezes sejam necessárias até que corrijamos todo um passado de erros e condicionemo-nos à felicidade plena, sendo os únicos autores de nossas desditas e alegrias, dando total correspondência às palavras do Cristo, cuja doutrina o Espiritismo revive, quanto a ser dado a cada um, a qualquer tempo, de acordo com as próprias obras.
Salve, Allan Kardec, que no dia 18 de abril de 1857 presenteou o mundo com a portentosa obra que é O Livro dos Espíritos, contendo o ensinamento luminoso dos Invisíveis que, em nome e sob as ordens de Jesus, inauguraram no planeta a Era do Espírito! Mais tarde, essa obra se desdobraria nos quatro livros que compõem o chamado pentateuco da Doutrina Espírita: O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese, coleção imprescindível na biblioteca de todo aquele que realmente esteja interessado em conhecer a Verdade, sem prevenções de qualquer jaez.
Segundo o Codificador, “a verdadeira Doutrina Espírita está no ensino que os Espíritos deram, e os conhecimentos que esse ensino comporta são por demais profundos e extensos para serem adquiridos de qualquer modo, que não por um estudo perseverante, feito no silêncio e no recolhimento. Porque, só dentro desta condição se pode observar um número infinito de fatos e particularidades que passam despercebidos ao observador superficial, e firmar opinião.
Não produzisse este livro outro resultado além do de mostrar o lado sério da questão e de provocar estudos neste sentido e rejubilaríamos por haver sido eleito para executar uma obra em que, aliás, nenhum mérito pessoal pretendemos ter, pois que os princípios nela exarados não são de criação nossa. O mérito que apresenta cabe todo aos Espíritos que a ditaram. Esperamos que dará outro resultado, o de guiar os homens que desejem esclarecer-se, mostrando-lhes, nestes estudos, um fim grande e sublime: o do progresso individual e social e o de lhes indicar o caminho que conduz a esse fim”.

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Programação de Atividades do C. E. Lar João Batista


Doutrinárias – Domingo, 10 horas; segunda-feira, 20 horas; quinta-feira, 16 horas.

Passes - Segunda-feira, 16 às 18 horas; terça, 16h30 às 18h; quarta, 10 às 11 e 16 às 18h; quinta, 17 às 18 e 19 às 20h; sexta, 16 às 18h; sábado, 15h30 às 16h30.

Entrevistas - Quarta-feira, 10 às 11 horas; sexta-feira, 15h30 às 17h30.

Escola mediúnica - Quinta-feira, 20 às 21 horas; sábado, 15 às 16h30.

Curso básico - Quinta-feira, 20 às 21h30; sábado, 15 às 16h30; domingo, 9h30 às 11 horas.

Grupos de estudo - Terça-feira, 20 às 21h30; quarta-feira, 9 às 10h; quinta-feira, 20 às 21h30; sexta-feira, 15 às 16h.

Evangelização – sábado, 8h30 às 10 horas.

Pré-requisito para acesso a grupos de estudo: ter o curso básico.

“O amor que compreende o erro é êmulo do amor que educa, da mesma forma que o amor que perdoa promove o amor que salva.”
(Joanna de Angelis)


Número 19 - página 4

ENTREVISTA

Cláudio Emanuel Abdala:
“Renovação interior é urgência”



Como você conheceu o Espiritismo e que importância tem ele em sua vida?
Conheci a Doutrina aos 16 anos, a convite de um irmão. Nessa idade, iniciou-se também meu interesse pela literatura. O Espiritismo representa o que o sangue e o ar são para meu corpo físico. É meu norte. Foi a Doutrina Espírita que me apresentou Jesus com todo seu esplendor.

Você é médium? Como a mediunidade auxilia em seu livros e em seu cotidiano?
Sim. Nos livros, é inequívoca a inspiração dos amigos da Espiritualidade. Sinto-lhes a presença, toda vez que me dedico a escrever. Em meu cotidiano, a mediunidade, facilitando meu contato com a Espiritualidade, desde que sintonizado com o bem, deixa-me sereno diante das adversidades. Só não sou mais auxiliado por causa das inúmeras imperfeições que me caracterizam.

Como surgiu a ideia do Projeto Campo da Paz? Quais são os objetivos e quais atividades funcionam atualmente?
O sonho teve início há mais de 25 anos, quando participava da Juventude Espírita Maria Dolores. Temos o objetivo de acolher em tempo integral crianças órfãs com deficiência e, futuramente, idosos socialmente desamparados. Estamos hoje aguardando a chegada das crianças via Vara da Infância e Juventude. Atualmente, em nosso núcleo, realizados estudos sobre as obras de André Luiz e mediunidade, promovendo ainda o estudo sistematizado da Doutrina Espírita. Realizamos também reunião mediúnica. Estamos nos preparando para dar início à construção do salão doutrinário.

Você aborda no livro “Contos da vida” uma série de temas atuais. É difícil aplicar o conhecimento espírita em assuntos do dia a dia?
Foi para isso que nos foram ministrados. Toda a dificuldade está em nós. A renovação interior é urgência em nossas vidas, a dificuldade faz parte da jornada, estamos na viagem "do átomo ao arcanjo, que um dia fora átomo".

As drogas têm realmente "adotado" nossas crianças e jovens, sejam pobres ou ricos?
Estamos num momento de transição planetária, e toda transição é dolorosa. Muitas doutrinas comentam sobre a "besta do apocalipse", e a droga pode ser essa besta. Às vezes, a busca desenfreada pelas coisas materiais faz com que surjam os chamados "órfãos de pais vivos", e muitas vezes as drogas ocupam esse espaço. O vazio existencial também conduz a criatura a penetrar esse doloroso caminho.

O Espiritismo tem contribuído para um fortalecimento da espiritualidade em nossa sociedade?
Essa é a grande missão do Espiritismo: provar de forma racional que somos espíritos imortais, filhos de Deus, e que Jesus é o "caminho por onde devem trilhar nossos pés".

Você acredita que, nos dias atuais, é mais presente a solidariedade ou ainda o egoísmo?
O sofrimento é grande na Terra, entretanto, o amor também. Diante das catástrofes, o ser humano consegue exteriorizar o amor que jaz latente nas fibras mais íntimas da alma. O egoísmo ainda é a maior chaga da Humanidade, mas irá desaparecer envergonhado, quando o amor ganhar terreno no coração das criaturas, e se materializar na mais pura solidariedade.

(Matéria reproduzida do blog Alma Espírita [almaespirita.blogspot.com], que por sua vez a retirou do Boletim EME [http://www.editoraeme.com.br/].)


Número 19 - página 5

NOTÍCIAS

Decisão do STF sobre aborto de anencéfalos


A Federação Espírita Brasileira (FEB), juntamente com a Associação Médico Espírita do Brasil e a Associação dos Juristas Espíritas do Brasil, divulgou nota no dia 13 de abril informando a posição dessas entidades em relação à aprovação da interrupção da gravidez em caso de fetos anencéfalos.
Eis a íntegra da nota da FEB:

O Supremo Tribunal Federal (STF), em sessão concluída no dia 12 de abril, aprovou a liberação do aborto para casos de fetos anencefálicos. Uma comissão integrada por dirigentes da Federação Espírita Brasileira, Associação Médico Espírita do Brasil e Associação dos Juristas Espíritas do Brasil visitou o gabinete de todos os ministros do STF nos dias 9 e 10 de abril, levando um Memorial contendo argumentações jurídicas, médicas e espíritas em defesa da vida, e acompanhou a citada Sessão Plenária. 
Independentemente da decisão do STF, informamos que prossegue o trabalho educativo, no sentido de se valorizar a vida em todas suas etapas, e de esclarecimento a respeito das leis que emanam do Criador e regem a nossa vida, procurando contribuir com o aperfeiçoamento moral e espiritual da população.
Brasília, 13 de abril de 2012.

A propósito dessa questão, que mobilizou boa parte do país através da imprensa e das redes sociais na Internet, a benfeitora espiritual Joanna de Ângelis manifestou a preocupação da Espiritualidade quanto à decisão do STF antes mesmo que esta fosse tomada. Segundo Joanna, a medida abre um precedente perigoso, posto que “se exercitares o aborto do anencéfalo hoje, amanhã pedirás também a eliminação legal do filhinho limitado, poupando-te o sofri-mento como se alega no caso da anencefalia”. E a Mentora aconselha: “Aprende a viver dignamente agora, para que o teu seja um amanhã de bênçãos e de felicidade”.

***

De volta ao Plano Espiritual

Desencarnou no dia 24 de fevereiro o médium baiano Newton Lima Simões Filho, vítima de um infarto fulminante. Fundador e coordenador mediúnico do Instituto Espírita Boa Nova, localizado no bairro de São Cristóvão, em Salvador, Newton Simões sempre teve a preocupação de levar esclarecimento sobre a Doutrina Espírita e auxiliar, incansavelmente, todos aqueles que buscavam ajuda espiritual na Casa. Sua passagem para o Mundo Espiritual aconteceu aos 53 anos de idade e seu corpo foi sepultado no cemitério Jardim da Saudade, após homenagem da família, amigos e assistidos. O Instituto Espírita Boa Nova retomou suas atividades no dia 3 de março, após o recesso.

***

POESIA

Doze
Francisco Muniz


Da praia, Ele chamou Pedro,
que fez companhia a André,
chamou João, chamou Tiago,
Bartolomeu, Tadeu e Tomé.

Convocado, o publicano Mateus
deu-Lhe uma festa em sua casa
Judas foi chamado ao Reino de Deus
com a alma ardente, o peito em brasa.

Veio Filipe e outro Tiago, o Maior,
somou-se ao grupo, feliz,
e mais um Simão, o Zelote.

E assim o colégio apostolar
de Jesus recebeu a diretriz
e à Humanidade deu o norte...

***

Aniversariantes do trimestre


Janeiro
3 - Jéssica
11 - Jonilda
29 - Anselmo

Fevereiro
2 - Hiolanda
19 - Tânia
28 - Antonio Osvaldo

Março
3 - Cristiane
7 - Jurandir


Pedi ao tempo seu benefício
De me fazer crescer sem dor
Ele disse-me que seu ofício
É só o de me apontar o amor...




Número 19 - página 6

DOUTRINA

A importância de dizer bom dia


Francisco Muniz
Jornalista e avô


Quando Jesus disse, certa vez, que seja nosso falar “sim, sim; não, não”, certamente ele estava nos informando da imperiosa necessidade de sermos sempre positivos, propositivos e otimistas quanto coerentes e mesmo justos em nossas palavras, só dizendo coisas boas a qualquer pessoa que nos cruze o caminho, a começar daqueles com quem convivemos. Assim, desde o despertar devemos estar ocupados nessa construção de um ser melhor, dando de nós mesmos, aos outros, exatamente o que nós merecemos. Pois não foi o Cristo quem ensinou a amar o próximo como a si mesmo? Uma vez, uma pessoa que nos foi pedir auxílio contou algo a respeito de si mesma, deixando-nos uma preciosa lição de boa convivência. Todos os dias, aos sair de casa, segundo nos disse, ela costumava desejar um bom dia ao gari que toda manhã varria a rua onde ela morava. Mas nossa amiga reparava que ele jamais respondia. Um dia, ela acordou tarde e, atrasada para o trabalho, arrumou-se e alimentou-se com pressa e saiu, preocupada em não perder o dia de serviço. Com isso, esqueceu-se de dizer bom dia ao varredor de rua, que estava ali, como de hábito, em sua função de limpeza. No entanto, antes que ela se afastasse muito, ele a chamou, dizendo que não recebera seu bom-dia. Nossa amiga teve de parar e fazer a saudação, ouvindo estas palavras do gari: “Saiba que todos os dias você me diz ‘bom dia’ e eu não respondo, mas eu estou pedindo a Deus por você!”
Esse depoimento nos leva a refletir acerca do quanto nossas palavras, muitas vezes despretensiosas, têm um alcance inimaginável. Essa história é semelhante a um dos muitos relatos feitos a propósito da vida do médium Chico Xavier, quando este ainda estava encarnado, em Pedro Leopoldo (MG), e cumpria sua rotina de trabalho na Fazenda Modelo. Um dia, Chico também saíra de casa com pressa para chegar ao local de suas tarefas ordinárias quando uma vizinha o chamou para uma consulta qualquer. “Não tenho tempo”, disse-lhe o médium, afastando-se, mas logo em seguida aparece-lhe seu mentor espiritual, Emmanuel, e este pede a Chico que vá ouvir o que a vizinha quer lhe dizer. Obediente, Chico acede e conversa cerca de dez minutos com a mulher e por fim vai embora. Ele não se afasta cem metros quando Emmanuel retorna e lhe pede que olhe para trás, na direção da casa da vizinha. Chico volta-se e vê jatos de energia luminosa vindo na direção dele, que recebe de seu mentor esta observação: “Agora ima-gine o que viria se você tivesse se negado a atendê-la!”
Pois é, se julgarmos que, como disse o apóstolo Paulo, estamos rodeados por uma nuvem de testemunhas invisíveis, certamente pensaremos melhor ao tomar qualquer atitude, especialmente vigiando pensamentos e palavras direcionados aos outros. As palavras, como é sabido, podem elevar quanto ofender muito uma pessoa, de modo que é nosso dever vigiarmos constantemente pensamentos e ações verbais para não sermos surpreendidos por consequências desagradáveis que poderíamos evitar. Do mesmo modo, somos convidados a não só vigiar, mas também a orar incessantemente a fim que que nossas companhias invisíveis sejam mais as que ajudam que as que atrapalham, para termos sucesso tanto nas pequenas quanto nas conversações de vulto.
A esse respeito, recordamos um episódio narrado pelo motorista de um táxi que utilizamos certa vez, o qual vem a ser um amigo nosso. Contava ele, na ocasião, que, ao conversar com uma outra pessoa de suas relações, esta, “de repente”, ofendeu-se e o destratou, coisa que ele não conseguiu compreender porque, segundo afirmou, nada disse que pudesse gerar aquela situação. “É que você não falava sozinho nem ela ouvia sozinha”, eu disse a ele, sem refletir, naquele momento, acerca da profundidade de minhas palavras.
Mas essa é a verdade, não estamos jamais a sós e teremos sucesso em nossos relacionamentos se mais ouvirmos do que falarmos e, se chamados a dar algum parecer, proferirmos palavras que venham embaladas pela suavidade de uma prece, a fim de atrairmos sempre boas companhias que nos auxiliarão no sentido de superarmos obstáculos que se exteriorizam nas dissensões e se prolongam nos ressentimentos. “O preço da liberdade é a eterna vigilância”, como reza antigo “slogan” do Exército Brasileiro...

Número 19 - página 7

HUMOR

Chico Xavier e o concurso


Desde que Fábio Braga (blogdofabiobes.blogspot.com.br/2011/04/mais-um-causo-de-chico-xavier.html) chegou a Uberaba para se submeter a um concurso público, pediu em preces para que os bons espíritos o acompanhassem e protegessem, antes e durante a prova. Obviamente, pediu pelo espírito de Chico Xavier. Orou por luz e boa intuição, e que Chico lhe desse sua bênção durante a prova.
Chegado o dia, lá foi ele para o local da prova. Mas não encontrava a escola onde o concurso seria realizado. Pediu informações a várias pessoas e nenhuma conhecia o local. Quando, enfim, conseguiu encontrar a escola, os portões já haviam sido fechados. Adeus, prova. Fábio não pode entrar. Ficou com cara de quem não sabia o que dizer. Todo mundo que estava na mesma situação ficava olhando para um ponto perdido, sem dizer nada.
Voltou para o hotel, fechou a conta e foi embora. No dia seguinte, uma segunda-feira, sua esposa, Josiane, contou o seguinte: naquele noite de domingo, durante o desdobramento pelo sono, Chico lhe apareceu e disse com sua voz doce: “Ainda bem que ele perdeu a prova, porque eu é que não ia ficar quatro horas fazendo prova pra ele!!! E sorriu aquele sorriso que encantava até as formigas.

Os verdadeiros fantasmas


Falava-se diante de Winston Churchill, de casas assombradas.
—  O Senhor crê em fantasmas?
—  Sim — respondeu Churchill.
—  Mas o senhor viu algum?
—  Não, porque os verdadeiros fantasmas são aqueles que não se veem.


***


CURIOSIDADES


Quase um mês após o lançamento de “O Livro dos Espíritos”, Kardec enviou carta, datada de 20 de maio de 1857, à escritora George Sand presenteando-a com a primeira obra da Codificação e cumprimentando-a pelo trabalho artístico em referência ao homem e sua comunicação com a Espiritualidade.

É lançada em Paris, a 15 de abril de 1864, a primeira edição do livro “Imitação do Evangelho”, de Allan Kardec. A partir da segunda edição a obra tomou o nome definitivo de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.

Por iniciativa de Kardec, em 1858 surgiram a Revista Espírita e a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. À época, o funcionamento da SPEE dependia de autorização, o que não era fácil. Devido ao atentado sofrido por Napoleão III (sobrinho de Napoleão Bonaparte), em 14 de janeiro de 1858, foi sancionada a Lei de Segurança Geral. O Ministro do Interior da França era o General Espinasse, que proibira o funcionamento de atividades que reunissem mais de 20 pessoas. Pelo Centro o Sr. Dufaux cuidou do caso, porque se dava com o Prefeito da Polícia de Paris, e através deste chegou-se ao general, que era simpatizante da Causa Espírita, mas Kardec não sabia, e em menos de 15 dias foi dada a autorização, em 13 de abril de 1858. Kardec só ficou sabendo da simpatia do general pelo Espiritismo seis dias após a morte deste, em entrevista mediúnica.

Tirinha

Número 19 - página 8

OPINIÃO


Sustentabilidade espiritual 

Ivan Cézar
Expositor e articulista 
www.espacoholistico.blogspot.com


Por conta da nossa forma equivocada de exploração daquilo que a natureza nos proporciona, temos discutido intensamente, com muita necessidade, acerca da utilização sustentável dos recursos naturais, a chamada sustentabilidade que, segundo o dicionário, refere-se à qualidade ou condição daquilo que tem condições de se sustentar, se conservar ou se manter (1).
Descuidamos dos nossos recursos hídricos, desmatamos as nossas florestas, consumimos mais alimentos do que precisamos, enquanto outros não têm sequer o que comer. Por todos esses motivos, faz-se necessária essa preocupação atual com o futuro do nosso planeta. O Livro dos Espíritos, na sua terceira parte, toca no assunto quando fala nas leis de conservação e de destruição.
Concordando com a temática e, aproveitando a utilização do termo,  acredito que há recursos - talvez os mais importantes deles – aos quais precisamos dar maior atenção a sua sustentação e conservação. São estes os chamados recursos espirituais. Assim, que tal falarmos sobre a sustentabilidade espiritual?
Sustentabilidade Espiritual significa a sua forma de manter, de conservar, depois de adquirida essa consciência, a sua interação espiritual com as forças universais onde estamos todos inseridos. Significa a sua interação inteligente com os potenciais divinos dos quais somos portadores, a percepção de que somos espíritos imortais que prosseguem e não um ser material que um dia deixará de existir.
Com a sustentabilidade espiritual vamos tratar dos recursos éticos e morais que forçosamente formarão os recursos espirituais. Recursos esses inesgotáveis, mas que precisam ser vivenciados com sabedoria, discernimento e muito trabalho para que possam ser aproveitados em toda a sua plenitude.
Estamos prontos para a espiritualidade? Claro que sim, afinal somos espíritos! Alguém pode responder: mas será que nos lembramos disso em todas as nossas atitudes diárias conosco, com o próximo e com Deus? Será que aproveitando essa compreensão espiritual da vida estamos buscando ser os homens de bem?
Neste momento de sérias modificações planetárias, precisamos estar despertos para a importância da educação moral, e não só da intelectual.
Precisamos nos empenhar nos valores éticos de cada  sociedade, mas, sobretudo, na ética cristã, termos que, apesar de bastante falados e debatidos desde sempre, necessariamente não são vivenciados como deveriam, diante de todos os exemplos dos grandes avatares que temos conhecimento nas mais diversas religiões.
Desde sempre se discute a melhor forma de nos melhorarmos e a resposta, forçosamente, remete-nos à lembrança da velha instrução do Delfos (2). O que fizemos até o momento? Muita coisa mudou, é bem verdade, mas acredito que podemos fazer muito mais do que foi feito até agora.
Ética e moral não são valores objetivos; variam de acordo com cada agrupamento social e momento histórico, mas quando  se fala em espiritualidade, a coisa muda de figura, sendo imutável com o passar dos séculos. Sustentamos aquilo que acreditamos? Você acredita em Deus ou tem certeza de Deus? Acreditamos na frase do Mestre Nazareno: “Vós sois deuses” (3)?  O que falta para colocar toda essa potencialidade divina pra fora, ajudando a nós e aos que nos circundam, encarnados ou não?
Não devemos esquecer de que tudo o que discutimos deve ser embasado em requisitos inabaláveis, assim como a fé que deve deixar de ser cega para ser raciocinada, pelo simples fato que só o que é raciocinado sobrevive ao tempo e as intempéries.
Pensemos com carinho e esforcemo-nos para colocar em prática tudo o que falamos, a fim de não nos tornamos profetas das palavras mortas, esvaziadas no sentido e na significância.
Na sua passagem pela Terra, Jesus conduziu-nos por um caminho seguro de encontro à Divindade, sustentando a nossa espiritualidade nos valores integrais do ser, herdeiros de Deus. Acreditemos nisso hoje e sempre.
Sustentar o espírito é estar fortalecido em valores inquestionáveis em qualquer tempo e qualquer sociedade, encarando todos os problemas da matéria com a certeza do amanhã diferente e da regeneração que nos espera.
Uma proposta: trabalhemos a sustentabilidade espiritual em nós, e naqueles que estão ao nosso redor, de forma tranquila, segura e verdadeira e vamos ver, com o passar do tempo, que todas as outras formas de aproveitamento sustentável dos recursos naturais serão cumpridas por acréscimo. Aceitam o desafio?

(Revisão: Maíra Loiola)
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(1) Dicionário Priberam: www.priberam.pt
(2) Oráculo onde os gregos colocavam questões aos deuses
(3) João 10:34 / Salmo 82:6