segunda-feira, 20 de junho de 2011

Número 16 / Página 3

MEMÓRIA


Maria Dolores e a consolação pelo Espiritismo


Nascida Maria de Carvalho Leite, na cidade sertaneja de Bonfim de Feira (BA), no dia 10 de setembro de 1900, Maria Dolores era filha de Hermenegildo Leite, escrivão da prefeitura, e da doméstica Balmina de Carvalho Leite. Em Bonfim passou a infância junto com três irmãos e duas irmãs. Em 1916, diplomou-se professora pelo Educandário dos Perdões, sendo considerada pelas colegas e professores como adolescente prodígio, graças à rara inteligência.
“A poesia começou a senti-la na cidade natal, ainda quase criança, a transformar-se, mais tarde na poetisa de bons versos que todos conhecemos”.
Reuniu alguns de seus poemas no livro “Ciranda da Vida”, sendo reconhecida na Capital do estado por sua arte, passando a escrever nos jornais “Diário de Notícias” e “O Imparcial”. Neste último, ocupou o cargo de Redatora-Chefe da “Página Feminina”. Durante 13 anos, escrevera nos jornais citados, mostrando um mundo de ternura que trazia dentro de si, adaptando o pseudônimo de “Maria Dolores”. Dolores lecionou no Educandário dos Perdões e no Ginásio Carneiro Ribeiro, em Salvador. Daí entendermos seu modo todo especial de ensinar, através dos versos, às almas aflitas. Mas sua vida não poderia ser somente flores: estava-lhe reservada uma prova de sofrimentos morais.
Casara-se com o médico Odilon Machado. Suportando infeliz consórcio durante alguns anos, finalmente deu-se a solução pelo desquite. Não houve filhos desta união, como nunca os teria Maria Dolores. Em sua peregrinação, morou em várias cidades da Bahia, e foi em Itabuna que conheceu Carlos Carmine Larocca, italiano radicado no Brasil; tornou-se sua companheira ajudando-o, ombro a ombro, em suas atividades.
Notamos nos seus versos o quanto sofrera, buscando algo que não encontrava: a complemen-tação afetiva, tal como fora planejado pela providência, para que buscasse o Amor Maior, que ela soube encontrar um dia - Jesus!
Tanto sofrimento não foi capaz de torná-la indiferente ao sofrimento humano. Na imprensa, falava dos direitos humanos e do sofrimento dos menos felizes. Não foi compreendida: tacharam-na de “comunista”, tendo de responder sobre as acusações que lhe faziam, pois fora intimada.
Em menina, fora católica; em adulta, o sofrimento fizera-lhe conhecer a Doutrina de Allan Kardec e veio a consolação, a aceitação do sofrimento. Tornou-se membro integrante da Legião da Boa Vontade, com o seu espírito aberto e cheio de ideais. Fazia campanhas, prendas para os bazares realizados em sua própria casa. Fundara um grupo que se reunia em sua residência todas as semanas, quando saíam para distribuir, nos bairros carentes escolhidos, farnéis, roupas, remédios... Chamavam-se “As mensageiras do Bem”. No Natal, faziam campanhas e distribuíam donativos, assim como no Dia das Mães. Dolores costurava enxovais, vendia o que era seu ou empres-tava; às vezes, fazia dívidas para si, a fim de ajudar alguém.
Trazia em si um grande sentido maternal e, como não lhe foi dado o direito da maternidade, adotou seis meninas. Carlos (o esposo) estava na Itália quando Dolores adoecera, a pneumonia manifestara-se de uma forma violenta. No dia 27 de agosto de 1959 ela partia de volta à Pátria Espiritual, de lá enviando seus versos à Terra, em mensagens consoladoras através da psico-grafia de Francisco (Chico) Cândido Xavier e Divaldo Franco.

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