segunda-feira, 13 de junho de 2011

Número 5 / Página 8

OPINIÃO

Espiritismo e psicoterapia: união para ajudar o próximo
Cláudia Pedral - psicoterapeuta

Os distúrbios mentais, ao longo da história, foram interpretados das mais diversas formas, como castigos ou episódios de possessão demoníaca. Mesmo no século XIX, quando a ciência se afasta dos dogmas e da Igreja Católica, a loucura ainda é vista com boa dose de superstição. Muitos autores que estudam o assunto trazem um painel de fundo acerca do sobrenatural que sempre fundamentou a doença mental (Pedroza, 1996, apud Melo).
Observando a história da mediunidade, descortinamos fenômenos mediúnicos tratados como dádivas dos deuses ou até bruxarias, tendo sido execrados pelas religiões, com episódios de torturas ou condenações à morte. Mesmo hoje, comportamentos tidos como atípicos ou “bizarros” são instituídos pela ciência como doença mental. Considerados fora do padrão da normalidade, atos como ver pessoas mortas, falar com o “além”, intuições ou sentimentos persecutórios seriam visões ou alucinações. Estranhos comportamentos que se con-fundem com características de doença mental e que compro-metem a relação dos indivíduos com seu meio relacional.
Artigos sobre Espiritismo ocupam páginas das mais variadas revistas importantes, confron-tando doutrina e ciência. Como na edição 237 da revista Superin-teressante (2007), que traz na capa reportagem sobre o assunto e afirma que “para a ciência, ver e ouvir fantasmas não tem nada de sobrenatural: tudo é criado pelo cérebro”. A matéria diz também que, apesar de todas as pesquisas, não há explicações palpáveis para fenômenos como previsão do futuro ou noticiar de forma precoce a morte de pessoas.
Na literatura espírita, encon-tramos aspectos relacionados a doença mental, e os diversos desenlaces da situação à sociedade, que levam a históricos de internações irresponsáveis, uso de medicação arbitrária, causando dependências e comprome-timentos a uma existência.
Nos consultórios de tratamentos psicoterapêuticos, não raro evidenciar históricos de indivíduos em profunda sintonia com energias espirituais negativas que trazem em seus relatos, mudanças bruscas de comportamento ou relacio-namentos desfeitos, num claro comportamento de subjugação, demonstrado em “surtos” afetivos. Sem muitas explicações palpáveis, e muitas vezes vivendo um processo psicoterápico que não causa efeito ou influencia efetivamente na queixa apre-sentada, demonstrando fragilidade de personalidade pela subjugação irracional da situação, sem julgamentos apropriados. São levados então a medicamentos que sustentem suas crises ou mesmo depressão, quadro comum nesses casos.
Com uma experiência vivida de 20 anos, é possível relatar que para a orientação afetiva nos diversos consultórios de psicoterapia é relevante a compreensão dos indivíduos quanto a suas diver-sidades e relacionamentos, minimizando ansiedade e criando nova forma de convivência através da compreensão de suas próprias histórias. Como também a orientação e a participação em tratamentos espirituais foram dignificantes e marcantes para uma mudança radical e benéfica no convívio com o meio social.
Mediunidades afloradas, obsessões, fragilidade pessoal, sentimentos de fobia ou rejeição são observados e não confundidos com doença mental quando Espiritismo e ciência são colocados no mesmo patamar e trabalham em prol do indivíduo com objetivos dignificantes para o desenvol-vimento do espírito, elemento esse primordial para o entendimento da essência humana, de acordo com a Doutrina.
É óbvio pensar que o indivíduo esclarecido e conhecedor do processo de reencarnação deverá galgar uma posição mais privilegiada no entendimento de sua existência. O médico psiquiatra Dr. Brian Weiss (terapeuta) é um exemplo dessa união em prol da realização de ações humanas responsáveis pelo desenvolvimento do espírito encarnado. Sem explicações científicas, o autor de “Muitas vidas, muitos mestres” (2000) traz respaldo à Terapia de Vidas Passadas (TVP) e afirma que “(...) utilizei métodos convencionais, para ajudar a ultrapassar os seus sintomas. Numa série de estados de transe, Catherine recordou memórias de ‘vidas passadas’, que provaram ser os fatores causais dos seus sintomas. Em meia dúzia de meses os seus sintomas desapareceram...”
Reprocessar histórias e levar indivíduos à felicidade em si mesmo não é nosso objetivo profissional na Terra? Sendo que fora da caridade não há salvação, princípio primordial do Evangelho, segundo o Cristo.
Então, de fato, o esclare-cimento dos homens e a união do Espiritismo e da ciência no confronto com os transtornos emocionais tendem a solucionar ou aliviar a existência de cada um de nós a cada dia de nossas vidas e a um desenvolvimento espiritual.

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