segunda-feira, 13 de junho de 2011

Número 6 / Página 8

OPINIÃO

Espiritismo e juventude
André Luiz Peixinho


A participação do jovem no movimento espírita praticamente se iniciou com a produção mediúnica de O Livro dos Espíritos, quando Allan Kardec teve a oportunidade de trabalhar com adolescentes dotadas dessa faculdade. Muito depois se estruturou um modelo organizado de preparação do jovem para as lides espíritas com foco no conhecimento dos princípios da Doutrina, conectado com a moral cristã, que é ainda hoje majoritário nos centros espíritas brasileiros.
A observação dessas atividades permite constatar o grande confronto entre esse projeto educacional espírita e a realidade cotidiana do jovem. A maioria dos participantes experimenta dificuldades em conciliar a aprendizagem laica centrada no materialismo e na sobrevivência com os ensinos voltados para a condição de ser espírito em busca de auto-realização, através da vivência do Evangelho. Acrescente-se ainda que o tempo de influência do modelo materialista é enormemente superior, pois as atividades juvenis espíritas se desenvolvem nas horas de lazer, com este concorrendo.
Repetimos em certa escala o reducionismo de colocar a educação espírita na condição de ensino exclusivamente religioso ou moral, deixando de explorar adequadamente o potencial transdisciplinar do saber espírita. Conquanto tudo que fizemos até o presente momento tenha sua validade, nada nos impede de verificar que a sociedade contemporânea modificou-se profundamente em termos de comunicação e gerou novos problemas e desafios sócio-espirituais que, por sua vez, nos instigam a procurar aprimorar o existente e criar outras modalidades de atuação.
Se quisermos enfrentar o materialismo dominante, precisamos ser mais consistentes naquilo que fazemos em termos de pesquisa sobre vida no mundo espiritual, reencarnação, evolução do ser, causa e efeito, apresentando resultados das nossas investigações e abrindo espaços de participação para a juventude. Também necessitaremos imitar o mestre lionês Allan Kardec em termos de comunicação, pois o mesmo utilizou-se de todos os meios disponíveis à sua época para divulgar as suas idéias, e na atualidade o movimento juvenil espírita ainda se mantém distante das possibilidades criadas com a era da informática.
Por outro lado, deveremos aproveitar os avanços científicos, principalmente no âmbito da pesquisa espiritual, que crescente-mente demonstram a validade do conhecimento espírita. Assim estaremos imitando (no bom sentido) os primórdios do Espiritismo, quando este e a Ciência intera-giam e até certo ponto se comple-mentavam. Essa necessidades educacionais só serão atendidas se os líderes e executores dos programas para a juventude espírita estiverem eles próprios em constante aprimoramento, tanto no saber espírita e sua vivência, como na sua prática pedagógica.
Também será fundamental solucionar a velha questão de disponibilidade de tempo para dedicar a tão importante tarefa. Isto nos leva ao problema prático de subsistência do espírita educador juvenil, que se por um lado não deve se constituir num novo profissional, por outro não disporá de seu tempo se as angústias econômicas dominarem seu horizonte diário. Uma alternativa criativa precisará ser construída para não ficarmos, enquanto movimento espírita, ao sabor da presença voluntária de difícil manutenção no longo prazo.
Resolvido tal problema, será possível constituir outras estruturas de ensino-aprendizagem que funcionem além do tradicional encontro no final de semana e se organize como um completo laboratório do desenvolvimento do potencial do espírito encarnado.
Em suas características de funcionamento, deverá incluir atividades que facilitem o sucesso segundo os parâmetros sociais, como algo incluso num projeto maior de progressivo avanço da manifestação do espírito sobre a matéria. E porque o desafio de responder às demandas evolutivas da juventude contemporânea é de grande relevância, a Federação Espírita do Estado da Bahia resolveu realizar o Fórum Baiano da Juventude, no âmbito do XIII Congresso Espírita da Bahia, a se realizar no Centro de Convenções da Bahia, de 7 a 9 de novembro do corrente.
As inscrições já estão abertas para ambos os eventos e as informações podem ser obtidas no site www.feeb.org. E pra facilitar a participação dos interessados, tanto jovens como educadores juvenis espíritas, será possível efetivar as inscrições em condições especiais de custo.
Esta é a grande oportunidade do calendário espírita de estarmos juntos, tanto para usufruirmos da experiência de mais de duas dezenas de palestrantes sobre o tema central do congresso – o Amor – como construirmos um projeto espírita para a educação juvenil no referido fórum.

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