OPINIÃO
Visão espiritual da mente
André Luiz Peixinho - médico e psicólogo transpessoal, diretor da Sociedade Hólon e atual (2010...) presidente da Federação Espírita do Estado da Bahia
As informações espíritas sobre a mente assinalam sua ascendência sobre a organização celular, relacionando-se especialmente com o cérebro, seu veículo prioritário em termos de manifestação no mundo físico.
O corpo físico é considerado uma rede biológica dirigida pela atuação da mente em interação que transcende as pesquisas orgânicas tradicionais. Em decorrência dessa conexão, é natural que as lesões físicas impossibilitem a manifestação da mente, mas não a impedem de funcionar em outros domínios não sensoriais.
Podemos caracterizá-la como o campo da consciência desperta na faixa evolutiva que o ser opera. Nos seres primitivos, ela se limita a sensações e instintos. Avançando da animalidade para a humanidade, eleva-se à condição de inteligência e assimila valores que a vida oferece no incessante labor evolutivo. Aos poucos, emerge de um passado obscuro para agir em zonas de sublimação, onde experimenta novas modalidades de percepção, como a intuição e a integração mística conforme afirmam as criaturas que mais se aproximaram de Deus.
Nossa mente se conduz na prática cotidiana como um espelho dinâmico, com competência para realizar absorções e exteriorizações. Nela se processam os fenômenos de criação e desenvolvimento, nutrição e transformação. Assim, criamos num “campo de pensamento” em que vivemos imersos e configura nosso hálito mental, ou ambiente psíquico que nos é próprio. Este campo independe dos centros nervosos, e na verdade condiciona seu funcionamento, pois os fenômenos da vida orgânica lhe são subordinados.
Em função de nosso hálito mental, estabelecemos nosso sistema de comunicação com base no princípio de comunicação ou da sintonia. Assim, influenciamos e somos influenciados pelas ondas de pensamento, naturalmente perme-adas pelo sentimento que lhe peculiar, que emitimos ou recebemos. E expressamos tal fenômeno em palavras e atitudes, exemplos e atos.
É da lei de sintonia que sintamos mais alegria no contato daqueles que permutam valores mentais de qualidades idênticas e sintamos maiores dificuldades de conviver com pessoas e grupos que se distanciam do nosso círculo de pensamento. É que esses convívios propiciam às criaturas afins um alimento sutil que é chamado de vibrações compensadas.
Nossa vida invisível decorrente dos fenômenos mentais é intensa e significativa. Do estágio evolutivo de nossos produtos mentais decorrem fenômenos de qualidade variada. Como somos egressos de um passado de grandes lutas de destruição, de ignorância e de indiferença, registrados nos recantos inconscientes da mente, podemos mais facilmente nos conectar com campos mentais similares e verificarmos no painel da nossa imaginação quadros vivos com esse teor, ou ouvirmos vozes inarticuladas nos concitando a agir dessa forma com sugestões degradantes.
Nosso esforço mental, entretanto, pode ser dirigido para zonas superiores de idealismo, expressos em atividades renovadoras do clima psíquico humano. Assim procedendo, produziremos, por ideoplastia em nossas telas psíquicas, motivos de felicidade, de bem-estar e de confiança, e a harmonia se estabelecerá na intimidade do nosso mundo subjetivo.
Se não desenvolvemos uma vontade firme e adequada como gerentes da nossa vida mental, somos conduzidos ao sabor das circunstâncias psíquicas nos grupos com que nos relacionamos.
É por isso que percebemos nas relações sociais a existência de pessoas que oscilam freqüentemen-te, com naturalidade, entre o bem e o mal, a fé e a descrença, a alegria e a tristeza. Atuam como absorventes do ambiente psíquico, teleguiados pela tendência predominante, como se fossem executores escravos da vontade alheia.
A comunicação mental é também a base das influências mediúni-cas, ostensivas ou não.
Quando choramos a memória de alguém, nele projetamos nossos medos e angústias ou inversamente nosso amor e harmonia. O mesmo ocorre com os desencarnados, que arremessarão para o mundo físico os raios mentais decorrentes do cultivo de suas lembranças sobre nós.
Assim também acontece nas atividades mediúnicas. A sintonia mental determina a presença dos espíritos participantes. Inútil aguardar instrutores sábios se permanecemos com a mente impregnada dos valores mais primários.
Cada alma, portanto, vive na atmosfera mental que estabelece para si mesma. Ainda assim, submetida às leis de afinidade que presidem o destino, porque já adquiriu a liberdade de escolha, pode recriar seu campo psíquico e crescer nos valores universais da beleza, da bondade, da verdade e da justiça.
Do modo como pensamos, construímos nosso futuro e determinamos nossas companhias.
A atividade mental faz a diferença.
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Publicado em 1868, o livro A GÊNESE, de Allan Kardec, completa em 2008 seu 140.o aniversário, demonstrando de forma racional e lógica a pureza da Doutrina Espírita.
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